google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : A Primeira Ressurreição

sábado, 29 de dezembro de 2018

A Primeira Ressurreição



“O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos.” (Ap 20.5-6). 

O apóstolo João ensina que aqueles que reinam com Cristo ao longo do milênio experimentaram uma “primeira ressurreição”. O resto dos mortos não viveria até o término do milênio. Os pré-milenistas interpretam essa passagem como que ensinando duas ressurreições corporais distintas separadas por mil anos. Já percebemos, no entanto, que as passagens claras nos evangelhos e nas epístolas que tratam da ressurreição do corpo e do julgamento final contradizem a visão pré-milenista. Apocalipse 20 em si contradiz a interpretação pré-milenista. O aprisionamento de Satanás (vv. 2-3) se deu durante o primeiro advento de Cristo, e a descida de fogo do céu (v. 9) ocorre durante a segunda vinda. Assim, devemos deixar as Escrituras definirem o significado da primeira ressurreição. Se uma ressurreição física contradiz o ensino claro de todo o Novo Testamento, então João está plausivelmente se referindo a uma ressurreição espiritual. Quando examinamos as Escrituras para ver se de fato falam de uma ressurreição espiritual encontramos evidência abundante de que João definitivamente tem em mente algo que é de ordem espiritual. “Se podemos determinar pela Escritura no que consiste a primeira ressurreição, teremos dado um grande passo no entendimento de todo o capítulo. É a chave que destrancará a porta.” 

As duas ressurreições às quais se referiu João em Apocalipse 20 são idênticas àquelas ressurreições referidas por Cristo e registradas no próprio evangelho de João. Jesus nos diz que há duas ressurreições. A primeira refere-se à alma e é condicionada pelo ouvir e crer. A segunda diz respeito ao corpo e se refere à ressurreição no último dia. “Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão” (Jo 5.24-25). “A primeira ressurreição não diz respeito ao corpo, se refere à alma. À medida que a palavra de Cristo é aceita por fé… a pessoa “tem a vida eterna” (sobre isso veja 1.4, 3.16) e passou da morte para a vida’; e o que seria isso senão a primeira ressurreição…” Jesus explica a segunda ressurreição nos versículos 28 e 29: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados.” “A segunda ressurreição é física por definição. Terá lugar no grande dia da consumação de todas as coisas.”

Deus advertiu Adão de que se ele comesse do fruto proibido certamente morreria. (Gn 2.17) Quando comeu do fruto, Adão morreu espiritualmente. Por Adão toda a raça humana padeceu e se tornou morta em “transgressões e pecados” (Ef 2.1). Paulo disse “Mas a que vive para os prazeres, ainda que esteja viva, está morta” (1Tm 5.6). Jesus se referiu aos descrentes como “os mortos”. “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos” (Mt 8.22; cf. Lc 9.60). “Uma vez que a primeira morte é primariamente a morte da alma humana, é a alma que precisa ser ressuscitada primeiro. Consequentemente devemos esperar encontrar no Novo Testamento referências à ressurreição da alma. Isso encontramos em abundância.” “Sabemos que passamos da morte para a vida se amarmos os nossos irmãos” (Jo 3.14). 

O apóstolo Paulo diz que os crentes são “ressuscitados” com Cristo: “quando estávamos mortos em transgressões, [Deus] nos tornou vivos com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6). A união dos crentes com Cristo em Sua morte e ressurreição é a base para a sua regeneração. Assim, quando Paulo discute o batismo (que é um sinal e selo da regeneração) estabelece relação entre a ressurreição da alma (regeneração) e a ressurreição de Jesus Cristo: “foram sepultados com Ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões…” (Cl 2.12-13). “Antes dessa ressurreição final há outra, uma Primeira Ressurreição: a ressurreição de ‘Cristo, as primícias’. Ele levantou dos mortos e ressuscitou todos os crentes com Ele. Note: São João não está dizendo que o crente por si é ressuscitado, mas que tem parte na Primeira Ressurreição. Ele está partilhando a ressurreição de Outro – a Ressurreição do Senhor Jesus Cristo.” Assim a primeira ressurreição ocorre definitivamente na ressurreição de Cristo e então progressivamente ao longo do milênio, à medida que as pessoas são regeneradas e creem em Cristo. “Dessa maneira, a Primeira Ressurreição é espiritual e moral, é a nossa regeneração em Cristo e união com Deus, a nossa restauração em Sua imagem, a nossa participação na Sua ressurreição. Essa interpretação é confirmada pela descrição de São João daqueles participantes da Primeira Ressurreição – que corresponde plenamente a tudo o que em outro lugar ele nos fala acerca dos eleitos: Eles são abençoados (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 22.7, 14) e consagrados, i.e., santos (5.8; 8.3- 4; 11.18; 13.7, 10; 14.12; 16.6; 17.6; 18.20, 24; 19.8; 20.9; 21.2, 10); como Cristo prometeu plena fidelidade, a Segunda Morte (v. 14) não tem poder sobre eles (2.11); e são sacerdotes (1.6; 5.10) que reinam com Cristo (2.26-27; 3.21; 4.4; 11.15-16; 12.10).  Realmente, São João iniciou a sua profecia dizendo aos seus leitores que todos os cristãos são sacerdotes reais (1.6); e a mensagem consistente do Novo Testamento, como temos visto repetidamente, é que o povo de Deus está agora sentado com Cristo, reinando em Seu reino (Ef 1.20-22; 2.6; Cl 1.13; 1Pe 2.9). O maior erro na análise do milênio de Ap 20 é o fracasso em reconhecer que ele fala de realidades presentes da vida cristã… A Primeira Ressurreição está tomando lugar agora. Jesus Cristo está reinando agora (At 2.29-36; Ap 1.5). E isso inevitavelmente significa que o milênio também está tomando lugar agora.

Como percebido acima, quando João usa a expressão “a primeira ressurreição”, está fazendo uso de uma linguagem que cristãos familiarizados com as Escrituras vão automaticamente associar ao renascimento da alma na regeneração (e.g., “sendo vivificados”, “sendo levantados” e “passando da morte para a vida”). Essa interpretação está em completa harmonia com o Novo Testamento e com o contexto de Ap 20. Quem são aqueles que segundo João não precisam temer a segunda morte? São aqueles que nasceram de novo (isto é, os cristãos). “Note a semelhança de linguagem com o que João diz em Ap 20.6 que aqueles que têm parte na primeira ressurreição vão escapar da segunda morte. Que a segunda morte é espiritual ao invés de física é evidente a partir do fato que aqueles lançados no lago de fogo – que é a segunda morte (Ap 20.24) – sofrem tormento eterno. É incoerente João ter dito que uma ressurreição física previne de uma punição espiritual. Ambos são espirituais, a primeira ressurreição e a segunda morte.” “Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles” (Ap 20.6). 


Brian Schwertley. A Ilusão PréMilenista/ O Quiliasmo analisado à luz da Escritura. pg:24-27
Tradução: Marcelo Herberts 

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