google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : setembro 2018

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O Arrebatamento será secreto?


Não há base bíblica para qualquer ideia de que quando Jesus vier haja dúvidas sobre quem ele é ou sobre se ele realmente veio. A Segunda Vinda de Cristo e o consequente arrebatamento da Igreja nunca são descritos como sendo secretos ou silenciosos, mas sempre se apresentam como:

Um evento retumbante:

  • “grande clangor de trombeta” (Mt 24.31; 1 Ts 4.16,17); 
  • “assim como o relâmpago” (Mt 24.27); 
  • "bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror... pois os poderes dos céus serão abalados" (Lc 22.25-28)
  • “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados” (2 Pe 3.10; ver também v.12); 

Um evento visível: 

  • “assim virá do modo como o vistes subir” (At 1.11); 
  • “aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem” (Mt 24.30); 
  • “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.” (Ap 1.7; ver também 19.11-21; Mt 26.64; Mc 14.62 e Dn 7.13) ; “pela manifestação de sua vinda” (2Ts 2.8); 
  • “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas... bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror... pois os poderes dos céus serão abalados. Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória. Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei as vossas cabeças; porque a vossa redenção se aproxima.” (Lc 22.25-28; ver também Mc 8.38); 
  • “aparecerá segunda vez” (Hb 9.28); 
  • “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados” (2 Pe 3.10; ver também v.12); 
  • Paulo diz que nós os cristãos não estamos aguardando um evento secreto não visto pelo mundo, pois o que nós aguardando é  “a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 2.12; ver também Cl 3.4 e 1 Pe 5.4; 1 Jo 3.2; Mt 16.27; 25.31; 1 Co 4.5; 1 Tm 4.1; Jd 14,15; 1 Co 1.7; 2Ts 1.7,8). 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

A Prisão de Satanás



Apocalipse 20 é o único lugar na Bíblia que fala do “milênio” – o reino de mil anos de Cristo triunfante na terra. Em nenhum outro lugar, a Sagrada Escritura menciona essa palavra, então é necessário observar ensinamentos relacionados em outros lugares da Escritura para entender o que isso significa em Apocalipse. Um bom princípio da interpretação bíblica (utilizado desde os tempos antigos por Agostinho, Ticônio e outros autores cristãos primitivos) é que se interprete as poucas menções de uma palavra ou conceito à luz do que há de muito, e o que é simbólico através do que há de manifesto. Seria contrário a um entendimento claro das Escrituras fazer o muito se encaixar no pouco, ou o manifesto, no simbólico. Portanto, devemos entender o que Apocalipse 20, um livro altamente simbólico, diz sobre o milênio à luz do enorme número de outras passagens bíblicas que nos contam mais claramente (e de forma menos simbólica) o que ocorre entre a ressurreição de Cristo, sua ascensão aos céus e seu retorno final à terra para completar a sua obra vitoriosa. Com isso em mente, busquemos auxílio bíblico para decifrar a primeira coisa que é dita que acontecerá nesse período de mil anos entre as duas vindas de Cristo: a prisão de Satanás.

Apocalipse 20.1–3 diz que um poderoso anjo de Deus prende o Diabo por mil anos. Especificamente, o versículo 3 relata que ele está impedido de enganar as nações durante esse período. Algo acontece com a habilidade de Satanás de manter as nações da terra cegas para ver quem Deus é e o que o evangelho significa para elas. Como resultado da obra consumada de Cristo ao morrer na cruz, ao ressuscitar dos mortos, ao ascender ao Pai e ao ser coroado no trono de glória, Satanás perdeu seu poder de enganar os incontáveis milhões de pagãos que ele antes mantinha cegos para a verdade salvífica de Deus.

A antiga história de Jó pode nos dar uma importante compreensão sobre essa grande redução de poder de Satanás sobre as nações idólatras. Jó 1.6–12 retrata Satanás como possuindo a habilidade de achegar-se à presença imediata de Deus, junto com outros anjos ou “filhos de Deus” (v. 6). Ele usou essa posição de poder para causar grande mal a Jó. Mas de acordo com o que Cristo diz nos evangelhos, Satanás perdeu esse acesso privilegiado às côrtes celestiais, como resultado da encarnação e da obra de Cristo. Em Lucas 10.18–19, os setenta discípulos retornam com grande alegria de sua missão bem sucedida de pregar o evangelho, curar os enfermos e expulsar demônios. Cristo, então, explica como eles foram capazes de realizar essas maravilhas: “Ele lhes disse: ‘Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago’” (v. 18). Jesus explica a queda de Satanás em termos do ministério cristão: “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano” (v. 19).

É significativo que os primeiros seres que reconheceram o Cristo encarnado, de acordo com o evangelho de Marcos, foram demônios. Marcos 1.24 e Lucas 4.34 estão entre as passagens que mostram os demônios clamando em terror que o Santo de Deus havia chegado para atormentá-los. Jesus explicou que quando ele expulsava demônios pelo Espírito de Deus (Mt 12.28–29), isso significava que o reino de Deus havia chegado. Em sua obra, ele estava amarrando o valente (isto é, o diabo), que antes estava mantendo pessoas na escura e dolorosa prisão da incredulidade, do pecado e do julgamento certo.

Após a crucificação e ressurreição do Senhor, e imediatamente após a sua ascensão de volta ao Pai, ele comissionou a igreja a ir e fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (28.19). Eles seriam capazes de fazer isso por causa da vitória de Cristo sobre Satanás, que há muito vinha cegando as nações, pois Jesus disse: “Todo poder me foi dado nos céus e na terra” (v. 18). O poder ilegítimo de Satanás sobre as nações foi arrancado dele e colocado nas mãos do legítimo Senhor e Salvador do mundo. Agora a igreja cristã pode fazer seu trabalho; pode engajar-se em uma missão bem sucedida por todo o mundo, trazendo as boas novas de liberdade do cativeiro àqueles que há muito estiveram em cadeias por causa do pecado e da incredulidade.

Colossenses 2.14–15 deixa claro o que aconteceu aos poderes do mal por causa do ministério de Cristo, especialmente o que ele conquistou na cruz: “[Ele] cance [lou] o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Isso indica que os poderes perversos foram derrotados, em princípio, na cruz de Cristo. Quando Jesus fez expiação de todos os nossos pecados no Calvário, alguma coisa aconteceu a Satanás. O maligno perdeu sua autoridade de manter as pessoas longe de Deus. Ele foi preso por aquilo que Jesus realizou.

As jornadas missionárias do apóstolo Paulo nos territórios pagãos da Ásia Menor, Grécia e Roma foram bem sucedidas em converter as nações antes em trevas à luz salvífica de Deus em Cristo com base na prisão de Satanás. Paulo diz em Atos 28.28: “Tomai, pois, conhecimento de que esta salvação de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão”. Esse tem sido o motor de todas as missões e evangelismos cristãos desde aquele dia até hoje.

Quanto tempo dura o milênio? Não deve haver dúvida de que ele começou com a obra consumada de Cristo na terra. Apocalipse 20 segue imediatamente após Apocalipse 19, que celebra o triunfo daquele que é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (v. 16), cujo manto foi tinto de sangue (v. 13), e que agora governa as nações com cetro de ferro (v. 15). Mas quando ele termina? Apocalipse 20 o apresenta como contínuo até o fim dos tempos, quando após uma breve insurreição de Satanás, o julgamento final acontece (20.7-11). Isso significa que o maligno está impedido de enganar as nações até um pouco antes da conclusão da história da salvação.

Por que, então, o Apocalipse usa a expressão mil anos? Em termos de números bíblicos, dez representa plenitude, e mil é dez vezes dez vezes dez, consequentemente, plenitude vezes plenitude vezes plenitude. Parece igualar a um vasto número de anos sem ser uma cronologia precisa da história humana. Em nenhum lugar, a Escritura limita a prisão de Satanás e o sucesso da missão da igreja a um período específico antes do fim dos tempos. Além disso, há outros lugares na Escritura onde a palavra mil é usada sem ser um número literal. No Salmo 50, o mesmo número é empregado em um diferente contexto, onde diz que a Deus pertence “o gado em mil colinas” (v. 10). Isso não pode querer dizer que a única coisa que pertence a Deus na sua criação são mil colinas, pois “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém” (24.1). Trata-se de uma expressão de plenitude. Acontece o mesmo no Salmo 68.17, onde é dito que as carruagens de Deus são “vinte mil”. É altamente improvável que Deus possua apenas vinte mil anjos ativos sob seu comando, pois Cristo na cruz poderia ter chamado vinte legiões de anjos (Mt 26.53), o que é muito mais do que vinte mil. A mensagem nos Salmos 50 e 68 é de plenitude, e é a mesma em Apocalipse 20. Um dia, a plenitude dos eleitos será trazida à igreja e então virá o fim. Não é uma questão de mil anos literários, mas do momento secreto de Deus quanto ao ajuntamento do seu povo em união com Cristo, por mais tempo que possa demorar sob a nossa perspectiva humana.

Embora o maligno ainda tenha poder limitado em um mundo caído, é muito menor do que ele tinha quando era capaz de prender e cegar todas as nações fora de Israel. E os crentes ainda podem vencer o poder limitado de Satanás, pois Tiago 4.7 nos ordena: “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós”. Apocalipse 12.11 testifica dos crentes em combate que eles “o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram”. Assim, na verdade fundamental de Satanás ter sido impedido de cegar as nações, a igreja pode diariamente orar: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade assim na terra como nos céus” (Mt 6.10), e encontrar conforto na garantia de Deus: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão” (Sl 2.8).

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Objeções ao Pré-Milenismo



As objeções levantadas neste ponto serão de natureza mais geral, e, mesmo assim, só poderemos dar atenção a algumas das mais importantes. 

a. A teoria se baseia numa interpretação literal dos delineamentos proféticos do futuro de Israel e do reino de Deus, o que é inteiramente insustentável. Isso tem sido repetidamente assinalado em obras sobre profecia, como as de Fairbairn, Riehm e Davidson, na esplêndida obra de David Brown sobre O Segundo Advento (The Second Advent), no importante livro de Waldegrave sobre o Milenismo Neotestamentário (New Testament Millennarianism), e nas obras do doutor Aalders, mais recentes, sobre Os Profetas da Velha Aliança, e A Restauração de Israel Segundo o Velho Testamento (De Profeten dês Ouden Verbonds, e Het Herstel van Israel Volgens het Oude Testament). O último citado é dedicado inteiramente a um minucioso estudo exegético de todas as passagens do Velho Testamento que, de algum modo, falam da futura restauração de Israel. É uma obra exaustiva, que merece estudo cuidadoso. Os premilenistas afirmam que nada menos que uma interpretação e um cumprimento literais satisfarão as exigências dessas previsões proféticas; mas os próprios livros dos profetas já contêm indicações que apontam para um cumprimento espiritual, Is 54.13; 61.6; Jr 3.16; 31.31-34; Os 14.2; Mq 6.6-8. A alegação de que os nomes “Sião” e “Jerusalém” nunca são empregados noutro sentido que no sentido literal de que o primeiro sempre denota uma montanha, e o segundo uma cidade, é claramente contrária aos fatos. Há passagens nas quais ambos os nomes são empregados para designar Israel, a igreja de Deus veterotestamentária, Is 49.14; 51.3; 52.1,2. E este emprego dos termos passa direto para o Novo testamento, Gl 4.26; Hb 12.22; Ap 3.12; 21.9. É notável que o Novo Testamento, que é cumprimento do Velho Testamento, não contém nenhum tipo de indicação do restabelecimento da teocracia do Velho Testamento por Jesus, nem tampouco uma única predição positiva e incontestável da sua restauração, ao passo que contém abundantes indicações do cumprimento espiritual das promessas feitas a Israel, Mt 21.43; At 2.29-36; 15.14-18; Rm 9.25, 26; Hb 8.8-13; 1 Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10. 

Para mais pormenores sobre a espiritualização que se vê na Escritura, pode-se consultar a obra de Wijngaarden sobre O Futuro do Reino (The Future of the Kingdom). O Novo Testamento certamente não favorece o literalismo dos premilenistas. Além disso, esse literalismo os larga em toda sorte de absurdidades, pois envolve a restauração futura de todas as antigas condições históricas da vida de Israel: os grandes poderes mundiais do Velho Testamento (egípcios, assírios e babilônicos) e as nações vizinhas de Israel (moabitas, amonistas, edomitas e filisteus) deverão reaparecer em cena, Is 11.14; Am 9.12; Jl 3.19; Mq 5.5, 6; Ap 18. O templo terá que ser reconstruído, Is 2.2; Mq 4.1,2; Zc 14.16-22; Ez 40-48, os filhos de Zadoque terão que servir de novo como sacerdotes, Ez 44.15-41; 48.11-14, e até as ofertas pelos pecados e delitos terão que ser levadas outra vez ao altar, não para comemoração, (como o querem alguns premilenistas), mas para expiação, Ez 42.13; 43.18-27. E em acréscimo a isso tudo, a situação modificada tornaria necessário a todas as nações visitarem Jerusalém anos após ano, para celebrar a festa dos tabernáculos, Zc 14.16, e mesmo após a semana, para prestar culto a Jeová, Is 66.23. 

b. A teoria da posposição, assim chamada, que constitui um elo de ligação no esquema premilenista, é desprovida de toda base escriturística. Segundo ela, João e Jesus proclamaram que o Reino, isto é, a teocracia judaica, estava às portas. Mas, porque os judeus não se arrependeram e não creram, Jesus pospôs o seu estabelecimento até à Sua segunda vinda. O pivô da mudança é colocado por Scofield em Mt 11.20, por outros em Mt 12, e por outros, mais tarde ainda. Antes desse ponto decisivo Jesus não se preocupava com os gentios, mas pregava o Evangelho do Reino a Israel; e depois disso Ele não pregou mais o Reino, mas somente predizia a sua vinda futura e oferecia descanso aos cansados de Israel e dos gentios. Mas não se pode afirmar que Jesus não se preocupava com os gentios antes do suposto ponto decisivo, cf. Mt 8.5- 13; Jo 4.1-42, nem que depois Ele deixou de pregar o Reino, Mt 13; Lc 10.1-11. Não há absolutamente prova nenhuma de que Jesus pregou dois evangelhos diferentes, primeiro o do Reino e depois o da graça de Deus; à luz da Escritura, esta distinção é insustentável. Jesus nunca teve em mente o restabelecimento da teocracia veterotestamentária, mas, sim, a introdução da realidade espiritual da qual o reino do Velho Testamento era apenas um tipo, Mt 8.11, 12; 13.31- 33; 21.43; Lc 17.21; Jo 3.3; 18.36, 37 (comp. Rm 14.17). Ele não pospôs a tarefa para a qual tinha vindo ao mundo, mas de fato estabeleceu o Reino e se referiu a ele mais de uma vez como uma realidade presente, Mt 11.12; 12.28; Lc 17.21; Jo 18.36, 37 (comp. Cl 1.13). 

Toda essa teoria de posposição é uma ficção relativamente recente, e deveras passível de objeção, porque destrói a unidade da Escritura e do povo de Deus de modo injustificável. A Bíblia apresenta a relação entre o Velho e o Novo Testamento como a de tipo e antítipo, de profecia e cumprimento; mas essa teoria sustenta que, embora fosse propósito do Novo Testamento ser o cumprimento do Velho Testamento, veio realmente a ser uma coisa inteiramente diferente. O Reino, isto é, a teocracia do Velho Testamento, foi predito e não foi restaurado, e a igreja não foi predita mas foi estabelecida. Assim, os dois ficam separados, e um deles vem a ser o livro do Reino, e o outro, com exceção dos evangelhos, o livro da igreja. Além disso, temos dois povos de Deus, um natural, e o outro espiritual, um terreno, e o outro celestial, como se Jesus não tivesse falado de “um rebanho e um pastor”, Jo 10.16, e como se Paulo não tivesse dito que os gentios foram enxertados na oliveira, Rm 11.17. 

c. Essa teoria também está em flagrante oposição à descrição escriturística dos grandes eventos do futuro, a saber, a ressurreição, o juízo final e o fim do mundo. Como se mostrou anteriormente, a Bíblia apresenta esses grandes eventos como sincronizados. Não há mais a leve indicação de que estão separados por mil anos, à exceção do que se vê em Ap 20.4-6. Está patente que eles coincidem, Mt 13.37-43, 47-50 (separação do bem e do mal no fim, “na consumação do século”, e não mil anos antes); 24.29-31; 25.31-46; Jo 5.25-29; 1 Co 15.22-26; Fp 3.20, 21; 1 Ts 4.15, 16; Ap 20.11-15. Todos eles ocorrem quando da vinda do Senhor, que é também o dia do Senhor. Em resposta a esta objeção, muitas vezes os premilenistas insinuam que o dia do Senhor pode ter mil anos de duração, de maneira que a ressurreição dos santos e o juízo das nações têm lugar na manhã desse longo dia, e a ressurreição dos ímpios e o juízo do grande trono branco ocorrem no entardecer desse mesmo dia. Eles apelam para 2ª Pe 3.8 “para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia”. Mas, dificilmente isso poderá provar o ponto, pois facilmente o feitiço poderia virar contra o feiticeiro aqui. Poder-se-ia usar a mesma passagem para provar que os mil anos de Ap 20 são apenas um só dia. 

d. Não há qualquer fundamento bíblico para o conceito premilenista de uma dupla ou até tripla ou quádrupla ressurreição, como a sua teoria requer, nem para espalhar o juízo final por um período de mil anos, dividindo-o em três juízos. É, para dizer o mínimo, muito duvidoso que as palavras “Esta é a primeira ressurreição”, em Ap 20.5, se refiram a uma ressurreição física. O contexto não requer, e nem mesmo favorece esta idéia. O que poderia favorecer a teoria de uma dupla ressurreição é o fato de que os apóstolos muitas vezes falam unicamente da ressurreição dos crentes, e de modo nenhum se referem à dos ímpios. Mas isto se deve ao fato de que eles estão escrevendo para as igrejas de Jesus Cristo, aos contextos em que levantam o assunto da ressurreição, e ao fato de que desejam dar ênfase ao seu aspecto soteriológico, 1 Co 15; 1 Ts 4.13-18. Outras passagens falam claramente da ressurreição dos justos e dos ímpios num só fôlego, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15.

e. A teoria premilenista se enreda em todas as espécies de dificuldades insuperáveis, com a sua doutrina do milênio. É impossível entender como uma parte da velha terra e da humanidade pecadora poderá coexistir com uma parte da nova terra e de uma humanidade já glorificada. Como poderão os santos em corpos glorificados ter comunhão com pecadores na carne? Como poderão os santos glorificados viver nesta atmosfera sobrecarregada de pecado e em cenário de morte e decadência? Como poderá o Senhor da glória, o Cristo glorificado, estabelecer o Seu trono na terra enquanto esta não for renovada? O capítulo vinte e um de Apocalipse nos informa que Deus e a igreja dos remidos tomarão como seu lugar de habitação a terra depois que forem feitos novos céus e nova terra; então, como se pode afirmar que Cristo e os santos habitarão ali mil anos antes dessa renovação? Como poderão os santos e os pecadores na carne manter-se na presença do Cristo glorificado, sabendo-se que mesmo Paulo e João foram completamente esmagados pela visão dele. At 26.12-14; Ap. 1.17? Diz com verdade Beet:

“Não podemos conceber misturados no mesmo planeta uns que ainda terão que morrer e outros que já passaram pela morte e não morrerão mais. Tal confusão da era atual com a era por vir é extremamente improvável”. [01]

E Brown exclama:

“Que confuso estado de coisas é este! Que detestável mistura de coisas totalmente incoerentes umas com as outras!” [02]

f. A única base escriturística para essa teoria é Ap 20.1-6, depois de se ter despejado aí um conteúdo veterotestamentário. É uma base muito precária, por várias razões. (1) esta passagem ocorre num livro eminentemente simbólico e é reconhecidamente muito obscura, como se pode inferir das diferentes interpretações dela feitas. (2) A interpretação literal desta passagem, como dada pelos premilenistas, leva a uma conceituação que não encontra suporte em nenhum outro lugar da Escritura, mas é até contraditada pelo restante do Novo Testamento. Esta é uma objeção fatal. Uma boa exegese requer que as passagens obscuras da Escritura sejam lidas à luz doutras mais claras, e não vice-versa. (3) Mesmo a interpretação literal dos prémilenistas não é coerentemente literal, pois entende a corrente do versículo 1 e também, conseqüentemente, a prisão do versículo 2 figuradamente, muitas vezes concebe os mil anos como um longo mas indefinido período, e transforma as almas do versículo 4 em santos ressurretos. (4) Estritamente falando, a passagem não diz que as classes referidas (os santos mártires e os que não adoraram a besta) ressuscitaram dos mortos, mas simplesmente que viveram e reinaram com Cristo. E se declara que este viver e reinar com Cristo constitui a primeira ressurreição. (5) Não há absolutamente nenhuma indicação nestes versículos de que Cristo e os Seus santos estão exercendo governo na terra. À luz de passagens como Ap 4.4 e 6.9, é muito mais provável que a cena se passa no céu. (6) Também merece nota que a passagem não faz menção nenhuma da Palestina, de Jerusalém, do templo e dos judeus, os cidadãos naturais do reino milenar. Não há nenhuma insinuação de que esses elementos estejam de algum modo relacionados com este reinado de mil anos. Para uma interpretação minuciosa desta passagem, do ponto de vista amilenista, remetemos o leitor a Kuyper, Bavinck, De Moor, Dijk, Greydanus, Vos e Hendriksen.


[01] As Últimas Coisas (The Last Things), pg. 88.
[02] O Segundo Advento (The Second Advent), pg. 384.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Amilenismo



Como vimos, o amilenismo não toma os mil anos de Apocalipse 20 literalmente, mas entende-os como uma referência simbólica à toda a era do Novo Testamento. O simbolismo é encontrado no fato que 1000 é 10x10x10, onde 10 é entendido como uma representação de completude. É este entendimento não-literal dos mil anos que desejamos defender.

Já apontamos que “mil” nem sempre deve ser tomado literalmente na Escritura. Deus não possui apenas os animais de milhares de montanhas, mas de todas elas (Sl. 50:10). Outras passagens nos Salmos onde “mil” não é literal, mas tem o significado de “todos” ou “o todo” são Salmos 84:10, Salmos 91:7 e Salmos 105:8. Aqueles que dizem que o número deve ser tomado sempreliteralmente – incluindo Apocalipse 20 – estão errados.

Devemos ressaltar também que há outras coisas em Apocalipse 20 que não podem ser tomadas literalmente. Nos versículos 1 e 2, Satanás não é literalmente um dragão; nem pode um espírito, Satanás, ser preso com uma corrente literal (veja também Lucas 24:39). Além disso, a maioria das pessoas entenderia a referência a um “abismo” em Apocalipse 20:3 como sendo uma referência ao inferno, a morada de Satanás, não a um buraco no chão. Mais adiante no capítulo, o Anticristo não é uma “besta” (v. 10) no sentido literal, nem o livro da vida (v. 12) é um livro literal de papel e páginas impressas.

Inúmeras coisas no restante do livro de Apocalipse não podem ser tomadas literalmente. Nenhum cristão que conhecemos, por exemplo, espera que sua recompensa será de fato uma pedra branca com seu nome gravado nela (2:17) ou que ele se tornará uma “coluna” no céu (3:12), ou que Jesus realmente tem uma espada no lugar de uma língua (1:16).

É impressionante que aqueles que insistem mais ruidosamente num entendimento literal dos mil anos e dizem que qualquer outra coisa é infidelidade à Escritura, são os mesmos que estão indispostos a tomarem literalmente a referência às almas em Apocalipse 20:4. Eles insistem que essas não são almas literais, desincorporadas, mas pessoas completas.

Gostaríamos de lembrar aos nossos leitores que a própria Escritura não demanda um literalismo estrito e rigoroso; de fato, ela implica que essa espiritualização é necessária para a interpretação da Escritura. Somos informados em 1Coríntios 2:14:

Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.

Há muitos exemplos de tal espiritualização na Escritura, sendo Gálatas 4:21-31 um exemplo notável.

A maneira apropriada de interpretar a Escritura não é um literalismo rígido e impossível, mas permitir que a Escritura interprete a si mesma. Ela faz isso mostrando que “mil” pode algumas vezes ser entendido simbolicamente (Sl. 84:10); que a prisão de Satanás deve ocorrer durante a encarnação de Cristo (Mt. 12:29); e que os mil anos terminam com o fim do mundo (Ap. 20:7-15). A única conclusão possível, portanto, sobre a base da própria Escritura, é que os mil anos referem-se ao todo da era do Novo Testamento.

Mas tudo tem importância? Certamente! Se ainda houvesse uma era de mil anos após a era presente, a esperança celestial dos crentes e o julgamento final se tornariam tão remotos que o chamado para vigiar, orar e estar preparado para o retorno de Cristo seria quase irrelevante. A urgência do nosso chamado para esperar e estar atento para o fim de todas as coisas reside em nossa certeza de que essas coisas acontecerão em breve.


Link original: http://www.monergismo.com/textos/amilenismo/literalismo-ap20_hanko.pdf

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Perguntas ao que Creem num rapto Pre-Tribulacional





1. Se TODOS seremos transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, como será possível que permaneçam escolhidos ou santos para serem transformados depois, no final da tribulação?

Quando a Bíblia fala do rapto, diz a respeito tanto dos vivos como mortos que “todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos” (1 Coríntios 15:51,52). Se o rapto ocorre antes dos 7 anos de tribulação, somente os crentes que estiverem vivos ou mortos até esse ponto serão transformados.

2. O que acontecerá com os crentes que morrerem durante este período de tribulação, ou que chegarem ao final da tribulação com vida? Serão imediatamente transformados os mortos? E então, com os vivos, o que se passará? Serão então arrebatados e transformados com um segundo grupo?

Não há base para tal crença. A Bíblia fala de um único rapto e não de dois, e de “uma só ressurreição (para vida)” (Apocalipse 20:5), não de duas; e esta ressurreição acontecerá no “ultimo dia” (João 6:39;40;44;54).

3. Se o rapto é na última trombeta, como é possível que ainda restem sete trombetas para soar? Além do mais, se o rapto é a última trombeta, quando soará a penúltima (antes da última) trombeta do rapto?

1 Coríntios 15:51-52 diz que a transformação será quando soar a última trombeta.

4. Quem são estes escolhidos? E se são escolhidos, porque permanecerão na terra e não foram no rapto?

Haverá falsos Cristos e falsos profetas enganadores no tempo da grande tribulação e tentarão enganar os escolhidos. Mateus 24:21,24.

5. Se a igreja é arrebatada antes da tribulação, quem pregará o evangelho do reino em todo o mundo?

Romanos 10:13-14,17 diz: “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?... De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” Alguns responderão que serão aqueles que ficarem que pregarão; outros têm dito que Deus terá um grupo reservado na terra para tal tarefa e outros dizem que serão os anjos. Ao que perguntamos:

Como é possível que os que não creram enquanto o Espírito Santo estava lhes dando poder e valor, possam estar agora diante da maior perseguição de todos os tempos pregando?

Nem sequer os apóstolos puderam sair a pregar sem que antes viesse o Espírito Santo. Alguns dizem que quem pregará serão os 144 mil selados que aparecem no livro de Apocalipse; porém, a Bíblia não diz que eles serão pregadores, e ainda que pudessem ser, isso é somente uma conjectura sem respaldo bíblico.

6. Providencie um texto bíblico onde diga que as bodas do Cordeiro ou as ceias durarão sete anos?

De acordo com a doutrina pré-tribulacionista, a igreja estará no céu celebrando as bodas do Cordeiro, enquanto os sete anos de tribulação estarão se passando sobre a terra.

7. Providencie um texto bíblico onde diga que as bodas do Cordeiro começarão sete anos antes da segunda vinda de Cristo.

8. Demonstre através da Bíblia que a grande tribulação durará sete anos.

9. Se o Espírito Santo, que tem um papel tão importante na salvação, não estará para redargüir e convencer o pecador de seu pecado, como, pois, crerão os que não são salvos? (De acordo com muitos pré-tribulacionistas, quando a igreja for levada antes do começo da grande tribulação, o Espírito Santo também será tirado do meio para que o Anticristo se manifeste).

10. Como é possível que a vinda do Senhor para redimir Seu povo seja em secreto e que ao mesmo tempo todos a vejam?

A vinda do Filho do Homem para Seu povo não será em secreto. Em Lucas 21:27-28, JESUS nos diz (leia com atenção):

“E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória. Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”.

As coisas que sucederão serão os sinais no sol, na lua, nas estrelas, a angústia entre as pessoas, o bramido do mar e das orlas, o desfalecimento dos homens e o temor descritos em Lucas 21:25-27, justamente antes da vinda do Senhor para redimir os Seus escolhidos.

11. O arrebatamento parcial (a maioria dos pré-milenistas crêem nele): não lhes recorda esta segunda oportunidade o ensinamento da heresia Católica Romana do purgatório, o qual é uma segunda oportunidade para os mortos pagar expiação por seus próprios pecados?

Esta crença ensina que somente os crentes que forem dignos serão arrebatados antes da tribulação, enquanto que os que não tiverem sido fiéis terão que passar pela tribulação e deixar que suas cabeças sejam cortadas para poderem ser salvos. Utiliza-se o verso de Hebreus 9:28 para demonstrar que se necessita preparação. É como um tipo de uma segunda oportunidade para os vivos.

12. Como é possível que, sendo novos convertidos, meninos na fé e sem o Espírito Santo (que supostamente já não está com os crentes), estes novos cristãos de menos de 3 anos de convertidos, sem igreja, nem pastor, nem mestre que lhes ensine a Bíblia, possam suportar os ataques do Anticristo e serem pregadores?

Os pré-tribulacionistas ensinam que durante a grande tribulação, os santos da tribulação são aqueles que se convertem a Cristo durante este período. Agora, neste tempo, não há muita perseguição, temos o Espírito Santo, e temos mestres e pastores que ensinam a Bíblia e a maioria não se atreve a dizer a um ímpio “Cristo te ama”.

Seguindo a teologia Pré-milenarista Dispensacionalista: Como é possível que a primeira ressurreição ocorra no rapto, sete anos ANTES da tribulação e que ao mesmo tempo a primeira ressurreição marque o começo do milênio em Sua segunda vinda DEPOIS da tribulação?


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto