google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : Dois Planos Diferentes?

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Dois Planos Diferentes?



Assim  como  existe  somente  um  povo  escolhido  que  forma uma  única  comunidade  da  aliança,  existe  somente  um  plano divino,  caracterizado  em  Ef  2.15  como  “a  nova  humanidade” criada  por  Deus.  O  argumento  dispensacionalista  de  que  Deus propôs  um  plano  originalmente  para  Israel  e  que  depois  iniciou outro  plano,  entre  parênteses,  para  a  Igreja,  plano  esse  que terminaria  abruptamente  no  “arrebatamento”,  carece  de  base bíblica e esquece do  objetivo real do propósito  de Deus.

Em  primeiro  lugar,  ao  contrário  do  que  diz  o  argumento dispensacionalista  de  um  plano  original  de  Deus  para  Israel,  a Escritura  revela  uma  progressão  do  único  plano  divino  para estabelecer  por  meio  de  Israel  uma  nova  humanidade  (Ef  2.15) numa  nova  Pátria  (Rm  4.13;  Hb  12.18,22).  Esse  plano progressivo  começa  no  Paraíso  perdido  e  termina  no  Paraíso restaurado. 

A  imagem  bíblica  é  profunda  e  incisiva.  Adão  entra  numa vida  de  pecado  e  é  separado  do  Paraíso.  É  relegado  ao descontentamento  e  a  vagar  separado  da  comunhão  com  o Criador.  O  mesmo  capítulo  que  faz  referência  à  Queda  também registra  o  plano  divino  para  a  restauração  da  comunhão  (Gn 3.15).  O  plano  de  Deus  é  definido  como  a  promessa  de  Deus  de fazer  por  meio  de  Abraão  que  “todos  os  povos  da  terra”  sejam “abençoados”  (Gn  12.3).  O  chamado  de  Abraão,  portanto, constitui o  antídoto divino para a  Queda. 

A  promessa  de  Deus  de  que  os  filhos  de  Abraão  herdariam  a Terra  Prometida  era  um  passo  preliminar  no  plano  progressivo de  Deus  pelo  qual  Abraão  e  seus  descendentes  herdariam  “uma pátria  melhor,  isto  é,  a  pátria  celestial”  (Hb  11.16).  O  plano  é melhor  visualizado  quando  observamos  Moisés  dirigindo  os descendentes  de  Abraão  e  tirando-os  de  seus  400  anos  de escravidão  no  Egito.  Depois  peregrinaram  por  40  anos  no deserto.  Deus  habitou  em  meio  ao  povo  e  o  preparou  para  a Terra  Prometida.  Do  mesmo  modo  que  Abraão,  Moisés,  no entanto,  somente viu a  promessa de longe. 

O  plano  de  Deus  assume  uma  realidade  concreta  quando Josué  dirige  a  conquista  da  Palestina.  As  peregrinações  de Adão,  Abraão  e  Moisés  terminam  quando  Josué  estabelece  o povo  na  Terra  Prometida  (Js  21.43).  Como  diz  Josué:  “Vocês sabem,  lá  no  fundo  do  coração  e  da  alma,  que  nenhuma  das boas  promessas  que  o  SENHOR,  o  seu  Deus,  lhes  fez  deixou  de cumprir-se.  Todas  se  cumpriram;  nenhuma  delas  falhou”  (Js 23.14). 

Porém,  assim  como  Adão  caíra  no  Paraíso,  os  descendentes de  Abraão  cairiam  na  Palestina.  Portanto,  as  palavras  de  Josué em  sua  despedida  anunciaram  uma  trágica  realidade:  “Mas, assim  como  cada  uma  das  boas  promessas  do  SENHOR,  o  seu Deus,  se  cumpriu,  também  o  SENHOR  fará  cumprir-se  em vocês  todo  o  mal  com  que  os  ameaçou,  até  eliminá-los  desta boa  terra  que  lhes  deu.  Se  violarem  a  aliança  que  o  SENHOR,  o seu  Deus,  lhes  ordenou,  e  passarem  a  cultuar  outros  deuses  e  a inclinar-se  diante  deles,  a  ira  do  SENHOR  se  acenderá  contra vocês,  e  vocês  logo  desaparecerão  da  boa  terra  que  ele  lhes deu” (Js 23.15,16). 

As  “boas  promessas”  de  Deus  alcançaram  seu  apogeu  durante o  reinado  de  Salomão,  cujo  governo  cobria  a  terra  desde  o  rio  Eufrates  ao  norte  até  o  rio  do  Egito  ao  sul  (1Rs  4.20,21; compare  com  Gn  15.18),  mas  mesmo  assim  a  terra  vomitou  os israelitas  do  mesmo  modo  como  havia  feito  com  os  cananeus antes  deles.  Durante  os  exílios  assírio  e  babilônio,  as peregrinações  experimentadas  por  Adão  foram  também experimentadas pelos descendentes  de Abraão. 

No  entanto,  as  promessas  de  Deus  a  Abraão  não  seriam anuladas.  Palestina  era  somente  uma  fase  preliminar  da promessa  patriarcal.  Abraão  não  seria  somente  pai  de  uma nação,  mas  “pai  de  muitas  nações”  (Gn  17.5).  Abraão  seria “herdeiro  do  mundo”  (Rm  4.13).  O  alvo  da  promessa  não  era  a Palestina,  mas o Paraíso restaurado. 

Deus  também  prometeu  a  Abraão  uma  semente  real.  Josué dirigiu  o  povo  de  Israel  à  Terra  da  Promessa.  Um  dia  Jesus dirigirá  Seu  povo  ao  Paraíso  restaurado.  Lá  o  povo  de  Deus entrará  em  seu  descanso.  Desde  a  rebelião  de  Adão  até  a semente  real  de  Abraão,  as  Escrituras  revelam  um  único  plano de  Deus  para  a  humanidade.  Em  vez  de  uma  sobreposição  de dois  planos  divinos  causada  pela  rejeição  de  Jesus  pelos  judeus, as  Escrituras  revelam  o  cumprimento  do  plano  de  Deus  na crucificação.  Porque  somente  mediante  a  fé  na  morte  e  na ressurreição  de  Cristo  é  que  a  única  comunidade  da  aliança poderá  encontrar  o  descanso  de  suas  peregrinações  (Hb  4.1-11). Em  Cristo,  o  último  Adão  (1Co  15.45),  as  promessas  de  Deus encontram  seu  pleno  cumprimento.  Paulo  coloca  nestes  termos: “E,  se  vocês  são  de  Cristo,  são  descendência  de  Abraão  e herdeiros segundo a  promessa” (Gl 3.29). 

Assim  como  não  existe  uma  “sobreposição”  de  dois  planos divinos,  igualmente  não  existe  um  “parêntese”  nos  propósitos de  Deus.  O  argumento  dispensacionalista  de  que  existe  um parêntese  no  plano  de  Deus  para  Israel,  e  que  esse  parêntese  é  o plano  de  Deus  para  a  Igreja,  nada  mais  é  do  que  o  produto  de uma  leitura  estranha  e  fantasiosa  da  Bíblia.  O  enfoque  principal desse  dogma  dispensacionalista  encontra-se  numa  interpretação incorreta  do  livro  de  Daniel.  Tim  LaHaye  costuma  dizer:  “É impossível  compreender  a  profecia  da  Bíblia  sem  compreender o  livro  de  Daniel.  Muitas  informações  a  respeito  de  assuntos importantes e a  sequência correta  dos  últimos  dias encontram-se em  Daniel”.  Algo  que  os  dispensacionalistas  fazem questão  de  ressaltar,  por  exemplo,  são  as  “setenta  semanas”  de Daniel (Dn  9.24-27). 

De  fato,  LaHaye  criou  uma  série  de  pressupostos  a  respeito das  setenta  semanas  de  Daniel.  Ele  afirma  simplesmente  que existe  um  lapso  de  2000  anos  (!)  entre  a  semana  69  e  a  semana 70.  E  que  esse  lapso  é  o  “parêntese”  no  qual  está  inserido  o plano  de  Deus  para  a  Igreja  [41].  Finalmente,  supõe  que  a  Igreja era  “um  mistério  oculto  no  Antigo  Testamento  (Rm  16.25,26; Ef  3.2-10;  Cl  1.25-27)”  e  que  “Israel,  e  não  a  Igreja,  cumprirá seu  destino  nacional  como  uma  entidade  separada  depois  do arrebatamento e da Tribulação e durante o  milênio”.

Deveria  ser  evidente  a  todos  que  essas  invenções  não  são produto  de  uma  leitura  fiel  do  texto  bíblico,  mas  sim  o  resultado de  uma  imaginação  fértil!  A  própria  ideia  de  que  os  profetas  do Antigo  Testamento  não  viram  “o  vale  da  Igreja”  [43],  que  a Igreja  “não  existia  antes  de  seu  nascimento  em  Pentecostes”  e que  “terá  um  fim  abrupto  no  arrebatamento”  [44],  é completamente  falsa.  Os  profetas  do  Antigo  Testamento  não somente  viram  o  “vale  da  Igreja”  –  eles  anunciaram  a  Igreja! Pedro,  falando  no  Pentecoste,  disse:  “De  fato,  todos  os  profetas, de  Samuel  em  diante,  um  por  um,  falaram  e  predisseram  estes dias”  (At  3.24).  O  que  os  profetas  do  Antigo  Testamento  não viram  nem  anunciaram  foi  que  a  Igreja  teria  um  “fim  abrupto no  arrebatamento”!  Em  outras  palavras,  a  ideia  de  que  a  Igreja  é um  mero  “parêntese”  nos  planos  de  Deus  não  tem  o  menor fundamento  bíblico.

Finalmente,  assim  como  não  há  uma  sobreposição  nem  um parêntese  no  plano  de  Deus,  também  não  há  nenhum arrebatamento  pré-tribulacionista..  Durante  1900  anos,  a  ideia de  um  arrebatamento  pré-tribulacionista  foi  completamente desconhecida  pela  Igreja.  Antes  de  Darby,  os  Irmãos  de Plymouth  acreditavam  que  o  arrebatamento  e  a  Segunda  Vinda de  Cristo  eram  eventos  simultâneos.  A  invenção  inovadora  de Darby  provocou  o  nascimento  da  ideia  do  arrebatamento  da Igreja  antes  da  Tribulação.  Timothy  Weber  explica:  “Antes  de Darby,  todos  os  pré-milenistas,  inclusive  os  futuristas,  criam que  o  arrebatamento  aconteceria  no  fim  da  Tribulação,  na Segunda  Vinda  de  Cristo.  Mas  Darby  viu  o  arrebatamento  e  a Segunda  Vinda  como  dois  acontecimentos  separados.  No arrebatamento,  Cristo  viria  para  seus  santos,  e  na  Segunda Vinda  ele  viria  com  os  seus  santos.  Entre  esses  dois  eventos aconteceria a  Tribulação”. 

Antes  de  Darby  essa  ideia  nunca  havia  sido  conhecida  no corpo  de  Cristo.  Harry  Ironside,  um  dispensacionalista, desafiava  aos  que  não  aceitavam  essa  posição:  “Procurem, assim  como  eu  procurei,  as  declarações  dos  chamados  Pais  da Igreja,  nos  períodos  anteriores  e  posteriores  a  Nicéia;  os comentários  teológicos  dos  eruditos;  os  escritores  católico romanos  de  todas  as  correntes  de  pensamento;  a  literatura  da Reforma;  os  sermões  dos  puritanos;  as  obras  teológicas  da atualidade,  e  perceberão  a  notável  ausência  desse  mistério”.  Ironside,  a  quem  LaHaye  considera  como  um  de  seus “heróis”, costumava,  contraditoriamente,  também  dizer: “Quando  você  ouvir  algo  novo,  examine-o  cuidadosamente, porque pode ser um erro”.

LaHaye  seguiu  o  conselho  de  seu  “herói”  e  esforçou-se  para tentar  demonstrar  que  o  arrebatamento  pré-tribulacional  da Igreja  não  é  algo  novo.  Como  evidência,  menciona  “a emocionante  descoberta  de  uma  declaração  contida  num  sermão apocalíptico  do  século  IV,  de  Pseudo-Efraim”,  apresentada  por Grant  Jeffrey.  Jeffrey  disse  que  havia  levado  “uma  década” procurando,  mas  que  valeu  a  pena:  “O  texto  efraimita  revela uma  declaração  clara  sobre  o  retorno  pré-tribulacionista  de Cristo  para  levar  seus  santos  ao  céu  a  fim  de  que  escapem  da Tribulação”. 

Assim  como  LaHaye,  o  filósofo  e  teólogo  Norman  Geisler ficou  emocionado  com  a  descoberta  de  Grant  Jeffrey.  Para fortalecer  sua  posição  dispensacionalista  ele  menciona  uma declaração  de  Jeffrey  que  diz  que  “o  manuscrito  efraimita revela  que  a  perspectiva  pré-tribulacionista  existia  desde  o século  III”.  Sua  opinião  é  de  que  os  primeiros  Pais  da igreja  primitiva,  “tais  como  Efraim  da  Síria,  eram  abertamente pré-tribulacionistas”.  Portanto,  assim  como  LaHaye, Geisler  não  aceita  o  argumento  de  que  o  conceito  de arrebatamento  pré-tribulacionista  teve  origem  no  século  XIX. Segundo  Geisler,  quem  pensa  desse  modo  está  cometendo  um erro.  As  declarações  de  Geisler  a  esse  respeito  circulam amplamente  como  demonstração  de  autoridade  final.  Não obstante,  seguindo  a  orientação  do  Dr.  Ironside,  seria  bom “examinar  cuidadosamente”  o  sermão  efraimita  para  ver  se depois  de  uma  década  de  buscas,  os  dispensacionalistas realmente  conseguiram  encontrar  um  precedente  histórico  do arrebatamento pré-tribulacionista  anterior ao  século XIX. 

Para  começar,  é  instrutivo  perceber  que  enquanto  Norman Geisler  atribui  o  sermão  em  questão  a  “Efraim  da  Síria”,  no século  III”,  Tim  LaHaye  acredita  que  esse  sermão  pode  ser  de autoria  de  “um  certo  Pseudo-Efraim”  que  teria  escrito  “talvez entre  os  anos  565  e  627”.  Sem  importar  quem  de  fato  o escreveu  e  quando,  podemos  dizer  com  certeza  absoluta  que nenhuma  tradição  de  arrebatamento  pré-tribulacionista  se originou  nele  ou  se  desenvolveu  a  partir  dele.  Ainda  mais importante,  como  sabem  os  historiadores  e  os  teólogos  sérios, uma  simples  pesquisa  nos  escritos  de  Efraim  revela  que  ele  era pós-tribulacionista,  e  não  pré-tribulacionista.  Não  somente  isto, mas  o  próprio  sermão  apresentado  pelos  dispensacionalistas como  “evidência”  de  suas  ideias,  utiliza  claramente  a  tradição do arrebatamento pós-tribulacionista do verdadeiro Efraim. 

Na  verdade,  é  difícil  imaginar  que  alguém,  lendo  esse  sermão em  seu  contexto,  consiga  chegar  à  conclusão  de  que  Efraim  (ou Pseudo-Efraim)  estivesse  falando  de  um  arrebatamento  secreto antes  da  Tribulação,  pois  nesse  mesmo  sermão,  o  autor  enfatiza que  os  cristãos  deverão  passar  pela  Grande  Tribulação.  De  fato, o  sermão  menciona  a  necessidade  de  uma  regeneração  antes  da Tribulação,  e  não  de  um  arrebatamento  antes  da  Tribulação.

Ainda  que  a  “emocionante  descoberta”  do  sermão apocalíptico  do  século  IV  de  Efraim  (ou  Pseudo-Efraim?)  tenha seu  valor  como  uma  peça  de  retórica,  ainda  assim  não  é  lá muito  relevante  para  a  teologia  cristã.  O  problema  não  está  na autoria  do  documento,  mas  na  exegese  correta  que  é  feita  do mesmo.  No  entanto,  mais  do  que  a  exegese  correta  desse documento,  devemos  preocupar-nos  com  a  exegese  correta  dos textos  bíblicos.  Podemos  começar  com  a  Primeira  Epístola  de Paulo  aos  Tessalonicenses,  numa  passagem  muito  usada  pelos dispensacionalistas  para  “comprovar”  a  teoria  do  arrebatamento pré-tribulacionista  de  Darby.  LaHaye  afirma:  “Um  dos  eventos proféticos  mais  convincentes  da  Bíblia  é  o  arrebatamento  da Igreja.  Ele  é  ensinado  claramente  em  1Ts  4.13-18,  trecho  no qual  o  apóstolo  Paulo  nos  dá  os  melhores  detalhes  disponíveis”.

Do  mesmo  modo  que  a  exegese  do  texto  efraimita,  uma exegese  de  1Ts  4  mostra  que  Paulo  não  está  pensando  num arrebatamento  pré-tribulacionista.  A  mensagem  de  Paulo  referese  à  gloriosa  esperança  da  ressurreição,  e  não  num  novo  ensino a  respeito  de  uma  vinda  secreta  de  Cristo,  na  qual  Ele  arrebatará a  Igreja.  Como  todo  erudito  bíblico  sabe,  o  ensino  de  Paulo  em 1Ts  4  é  paralelo  ao  seu  ensino  em  1Co  15.  Ambos  textos  tratam da  bendita  esperança  de  que  o  fim  ocorrerá  quando  Cristo voltar.  Ele  entregará  o  Reino  a  Deus  Pai  depois  de  ter  destruído todo  domínio,  autoridade  e  poder.  Quando  soe  a  trombeta, estaremos com  o Senhor para sempre. 

O  texto  não  diz  em  nenhum  lugar  que  quando  Cristo  vier  do céu  “com  a  voz  do  arcanjo  e  o  ressoar  da  trombeta  de  Deus” (1Ts  4.16),  Ele  se  deterá  no  meio  do  caminho,  mudará  de direção  e  nos  levará  consigo  às  mansões  celestiais,  enquanto  a terra  mergulha  no  caos.  Os  tessalonicenses  também  não entenderam  desse  modo.  O  Dr.  N.  T.  Wright  observa:  “Paulo apresenta  a  imagem  de  um  imperador  que  está  visitando  uma província.  Os  cidadãos  saem  ao  seu  encontro  em  campo  aberto e  o  escoltam  até  a  cidade.  A  imagem  de  Paulo  do  povo  ‘se reunindo  com  o  Senhor  nos  ares’  deve  ser  lida  assumindo-se que  o  povo  imediatamente  voltará  com  o  Senhor  para  um mundo novo”.

Além  disso,  existe  pouca  justificativa  para  supor  que  a  ideia do arrebatamento pré-tribulacionista se  baseia  numa “correspondência”  entre  o  ensino  de  Cristo  em  Jo  14.1-3  e  o ensino  de  Paulo  em  1Ts  4.13-18.  Ou  seja,  LaHaye  erra  mais uma  vez  ao  utilizar  as  palavras  do  Salvador  (“Não  se  perturbe  o coração  de  vocês.  Creiam  em  Deus;  creiam  também  em  mim. Na  casa  de  meu  Pai  há  muitos  aposentos;  se  não  fosse  assim,  eu lhes  teria  dito.  Vou  preparar-lhes  lugar.  E  se  eu  for  e  lhes preparar  lugar,  voltarei  e  os  levarei  para  mim,  para  que  vocês estejam  onde  eu  estiver”)  pretendendo  que  elas  sejam  o primeiro  ensino  sobre  o  “arrebatamento  pré-tribulacionista”  nas Escrituras.

Ver  desse  modo  toda  uma  cosmovisão  em  Jo  14  e  1Ts  4 segundo  a  qual  duas  terças  partes  do  povo  judeu  serão erradicadas  num  massacre  enquanto  o  povo  de  Jesus  descansa despreocupadamente  em  mansões  celestiais  é,  para  dizer  o mínimo,  uma  imposição  preocupante  de  uma  eisegese  insana, que  tem  contaminado  muitíssimos  evangélicos.  A  imagem  do Paraíso  de  Paulo  ou  a  metáfora  das  mansões  celestiais  de  Cristo não  foram  apresentadas  para  significar  um  refúgio  temporário no  céu  enquanto  a  terra  experimenta  um  holocausto  de  sete anos.  Antes,  representam  a  imagem  gloriosa  de  “um  novo  céu  e uma  nova  terra”  nos  quais  “não  haverá  mais  morte,  nem tristeza,  nem  choro,  nem  dor,  pois  a  antiga  ordem  já  passou” (Ap 21.4). 

Hank  Hanegraaff. Desmascarando o Dogma Dispensacionalista. Traduzido  e  Adaptado  por  F.V.S. pg: 18-26

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