google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : As Setenta Semanas

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

As Setenta Semanas



Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador. (Dn. 9:24-27).

A profecia das setenta semanas em Daniel 9 deve ser discutida brevemente por causa de sua importância fundacional para o sistema dispensacionalista de escatologia. Embora a profecia não tenha nenhuma implicação importante sobre o debate entre amilenistas e pós-milenistas, a interpretação dispensacionalista se tornou quase uma obviedade para a maioria dos evangélicos modernos. Por essa razão somente, a profecia merece a nossa atenção. A interpretação dispensacionalista dessa visão pode ser resumida da seguinte forma:

1. O versículo 24 é uma apresentação de toda a profecia. 

2. Os seis propósitos de Deus no versículo 24 serão finalmente cumpridos somente na segunda vinda de Cristo. 

3. O decreto para restaurar e reconstruir Jerusalém (v. 25) foi emitido em 445 a.C. por Artaxerxes (Neemias 2:1-8). 

4. Os sete ‘setes’ e os sessenta e dois ‘setes’, quando entendidos como 483 anos de 360 dias cada, terminam um pouco antes da morte de Cristo. 

5. Entre o fim da sexagésima nona semana e o começo da septuagésima semana, há uma lacuna de tempo indefinida, durante a qual o relógio profético é parado para Israel e a era da igreja transpirar. 

6. Toda a septuagésima semana é futura e começará quando um líder político fizer um “pacto” (aliança) com o povo de Israel. 

7. No começo da septuagésima semana, o arrebatamento de todos os crentes ocorrerá. 

8. No meio dessa septuagésima semana, o líder político suspenderá os sacrifícios num templo reconstruído, e um período de grande tribulação começará em Israel. 9. A septuagésima semana termina com a segunda vinda de Cristo. 

Tradicionalmente, a igreja tem interpretado essa passagem em Daniel como uma profecia do primeiro advento de Cristo e a destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos. A interpretação dispensacionalista de uma “lacuna” emergiu pela primeira vez no século dezenove, para fornecer suporte para essa nova escatologia. A fim de demonstrar a verdade da interpretação tradicional e provar a inadequação da interpretação dispensacionalista, várias observações devem ser feitas:

1. As setenta semanas do versículo 24 são 490 anos. Essas setenta semanas são divididas em três períodos de tempo: sete semanas (49 anos), sessenta e duas semanas (434 anos) e uma semana (7 anos). Esses períodos de tempo foram especificados para que Daniel pudesse “conhecer e discernir” o cumprimento de tempo envolvido, assim como tinha discernido o cumprimento de tempo na profecia de Jeremias (9:2). Tal discernimento é impossível se um intervalo indefinido existe entre a sexagésima nova e septuagésima semana – especialmente quando esse intervalo, como os dispensacionalistas insistem, já é mais de quatro vezes maior que o próprio período das setenta semanas.

2. É possível que o decreto de Artaxerxes em Neemias 2 seja o decreto mencionado por Daniel no versículo 25. A despeito de se é esse decreto ou outro das opiniões sugeridas, o ponto dessa declaração é que uma quantidade específica de tempo passará entre o decreto e a vinda do Messias. 3. As seis coisas a serem realizadas durante os 490 anos (v. 24) foram todas cumpridas no primeiro século.

a. Cessar a transgressão. A rebelião pecaminosa de Israel contra Deus teve o seu clímax em sua rejeição e crucificação do Messias (Mt. 21:33-45; Atos 7:51-52). 

b. Dar fim aos pecados. Os pecados de Israel foram reservados para punição até a geração que rejeitou o Messias (Mt. 23:29-36). 

c. Expiar a iniqüidade. Isso foi cumprido na morte expiatória de Cristo (Hb. 2:17; 9:12-14, 26; 1 João 4:10). 

d. Trazer a justiça eterna. Isso foi realizado através da obra redentora de Jesus (Rm. 3:21-22). e. Selar a visão e a profecia. Os olhos e ouvidos dos judeus foram “selados” para não entender as profecias de Deus (cf. Is. 6:9-10; 29:10-11; Mt. 13:11-16; João 12:37-41). 

f. Ungir o Santíssimo. Isso foi cumprido por Cristo (um nome que significa literalmente “o Ungido”) de várias formas (cf. Lucas 4:18-19; Hb. 1:9; 9:22-28).

4. Após as sete semanas e as sessenta e duas semanas, que implicariam um tempo durante a septuagésima semana, o Messias é “cortado”. Isto é, ele sofre a pena de morte. 

5. Num ponto (não especificado) após o corte do Messias, a cidade e o santuário são destruídos. A destruição de Jerusalém (v. 26-27) no ano 70 d.C. foi uma conseqüência da rejeição e crucificação de Cristo. Daniel não diz que isso ocorre dentro da septuagésima semana. 

6. Aquele que confirma uma aliança no versículo 27 é o Messias no versículo 26. Que o antecedente de “ele” não é o “príncipe” do versículo 26 é confirmado de várias formas:

a. A palavra “príncipe” nem mesmo é o assunto da sentença no versículo 26. O assunto principal é o Messias.

b. O “fim” no versículo 26 é o “fim da destruição”, não o “seu” fim.

7. O Messias cumpriu ou confirmou as estipulações do antigo pacto, e a obra pactual de Cristo foi direcionada aos muitos (judeus fiéis) por quase exatamente sete anos, ou uma semana. Os três anos e meio do ministério de Cristo foram focados primariamente sobre os judeus (Mt. 10:5; 15:24), e por aproximadamente três anos e meio após sua morte e ressurreição, o ministério dos Seus apóstolos foi focado quase exclusivamente sobre os judeus (Atos 1:8; 2:14; Rm. 1:16; 2:10).

8. Cristo colocou um fim aos sacrifícios por seu sacrifício de uma vez por todas na cruz (Hb. 8-10; esp. 10:8, 9, 12).

9. O texto de Daniel, embora forneça uma declaração clara dos eventos que marcam o fim da sexagésima nona e o meio da septuagésima semana, não diz nada sobre um evento marcando o fim da septuagésima semana. Portanto, não é necessário encontrar tal evento na Escritura nem na história.

A profecia de Daniel 7 nos fornece um intervalo de tempo específico no qual espera a vinda do Messias e a inauguração do reino. Em Daniel 9, encontramos a vinda do Messias profetizada para o ano exato e somos informados do que deve acontecer para que as promessas do reino sejam cumpridas. O Messias vindouro seria “cortado”. Ele seria executado. Mas em Sua morte, Ele faria uma expiação pela iniqüidade e produziria justiça eterna. Tudo isso foi cumprido no primeiro advento de Cristo.

Fonte: Extraído e traduzido do excelente livro Postmillennialism: An Eschatology of Hope, Keith A. Mathison, P&R, p. 219-22.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

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