google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : outubro 2020

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A "grande tribulação" de Mateus 24 é Diferente da "grande aflição" de Lucas 21?



"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais". (Mateus 24.21)

"Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo". (Lucas 21.23)

A "grande tribulação" descrita no evangelho de Mateus é a mesma "grande aflição" do evangelho de Lucas? Os evangelhos estão falando do mesmo assunto? Segundo alguns pregadores de escatologia, não.

Veja isto no comentário de Norbert Lieth:

"Em Lucas 21.20 e 24 o Senhor diz: "Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Cairão ao fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles." Isso cumpriu-se em 70 d.C.

Mas Mateus 24 menciona algo que não aparece no Evangelho de Lucas, pois cumprir-se-á apenas nos tempos do fim: "o abominável da desolação" (v. 15).

No Evangelho de Lucas, que trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C., está escrito: "...haverá grande aflição na terra" (Lc 21.23) (não está escrito: "grande tribulação"). Mas em Mateus 24, que em primeira linha fala dos tempos do fim, lemos sobre uma "grande tribulação" "como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais" (v. 21). A expressão "grande tribulação" diferencia nitidamente a angústia de 70 d.C. da "grande tribulação" no final dos tempos".[1]

Em que Norbert Lieth se baseia para dizer que a "grande tribulação" de Mateus 24 seja diferente da "grande aflição" de Lucas 21?

No mesmo artigo ele explica:

"Como já foi mencionado, não creio que em Mateus 24.15 o Senhor Jesus esteja referindo-se à destruição do templo em 70 d.C., mas penso que Ele está falando do tempo do fim. Ele menciona a destruição do templo e de Jerusalém em Lucas 21, fazendo então a ligação com os tempos finais. Aliás, este é o sentido dos quatro Evangelhos: apresentar ênfases diferenciadas dos relatos. Os Evangelhos tratam da profecia como também nós devemos fazê-lo, manejando bem a palavra da verdade (2 Tm 2.15)".[2] (o grifo é meu)

Porque há ênfases diferenciadas nos evangelhos? Isto depende do público alvo para quem o evangelho foi escrito. Por exemplo, o público alvo de Lucas é a população dos gentios de língua grega e no evangelho de Mateus existe "a intenção de provar aos judeus que Jesus Cristo é o Messias prometido".[3]

Portanto, é de se esperar que Mateus diga "grande tribulação" ao invés de "grande aflição" e também que fale sobre coisas das quais Lucas omite, tal como o Abominável da Desolação de Daniel cuja linguagem escriturística o povo judeu estava mais familiarizado.

A "grande tribulação" do evangelho de Mateus e a "grande aflição" descrita em Lucas, trata-se do mesmo assunto. Em ambos os evangelhos, as recomendações de Jesus para o tempo da tribulação são exatamente as mesmas. Veja:

1. A tribulação é de nível local sendo possível fugir dela (Mateus 24.16, 17; Lucas 21.21);

2. Advertência para as gravidas (Mateus 24.19, 20; Lucas 21.23).

O principal ponto é que tanto em Mateus como em Lucas, Jesus encerra a questão com a seguinte frase: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça". (Mateus 24.34; Lucas 21.32)

Ninguém pode fugir do fato de que aquela geração dos dias de Jesus experimentou todos aqueles acontecimentos descritos em ambos os evangelhos de Mateus 24, Lucas 21 e também Marcos 13.

Uma vez que Norbert Lieth disse que Lucas "trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C", então, quem é a geração que veria aqueles acontecimentos (Lucas 21.32)? Se afirmar que Lucas estava referindo-se aquela geração, porque então Mateus 24.34 refere-se a qualquer outra geração futura?

Seja a "grande tribulação" ou "grande aflição", o fato é, que tanto Mateus como Lucas, falam do mesmo evento ocorrido em Jerusalém no ano 70 d.C. Aquela geração que viu Jesus não passou sem ver a chegada do Reino de Deus e a destruição de Jerusalém e seu Templo.

O "abominável da desolação" descrito em Mateus 24.15 é "Jerusalém sitiada de exércitos" de acordo com Lucas 21.20, e não o Anticristo.

Portanto, nós cristãos, não esperamos mais por uma grande tribulação futura, mas o cumprimento do Reino de Deus conquistando definitivamente todas as nações da terra, trazendo assim bençãos sobre o mundo e por fim a volta de Jesus.

"A fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade". (Atos 3.20, 21 - o grifo é meu)




Fonte: www.revistacrista.org


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Notas:


1. Artigo: 3 Perguntas Sobre o Fim dos Tempos. Autor: Norbert Lieth.
...Site: http://www.chamada.com.br/mensagens/fim_dos_tempos.html
...Acessado dia 16 de Junho de 2013

2. Idem nº 1.

3. Artigo: Evangelho de Mateus.
...Site: www.gotquestions.org/Portugues/Evangelho-de-Mateus.html
...Acessado dia 18 de Junho de 2013


 

domingo, 18 de outubro de 2020

Interpretação Preterista das Profecias



Neste artigo trataremos do assunto preterismo quanto as profecias bíblicas. Em termos teológicos o preterismo é o método de interpretação das profecias considerando-as cumpridas na geração que estava viva quando Jesus pregou. Exceto as profecias da sua segunda vinda, obviamente mais claras no Novo Testamento são futuristas, o que indicam que as Escrituras são em um percentual de preterismo bem maior e mais abrangente.

Isto significa que a observação preterista não trata alegoricamente as profecias apesar de considerar as aplicações dos textos para a vida cristã. O valor da profecia é de caráter comprobatório dos feitos de Deus, dos seus Atributos, Decretos e Vontade. Em última análise o preterista se assegura de que se é fato que se iniciou uma obra, ainda que na expressão das tipologias até que Cristo as cumprisse plenamente e eternamente - "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção." (Hb.9:11-12)


Para este artigo faremos uma análise de Gn.12:1-3, numa das passagens que mais tende a ser interpretada de modo futurista. A figura de Abrão nesta passagem é tão alegorisada que parece ser quase inexistente historicamente e contextualizadamente.

O caso entre Abrão, a bênção e a descendência


A exposição de Gênesis 12 talvez tenha uma única profecia que esteja além de Abrão. Justamente o fim do versículo 3 (e em ti serão benditas todas as famílias da terra) sugere que está seja uma profecia que se estenda a outros, exclusivamente aos que creem seguindo as linhas de interpretação de Paulo e o autor de Hebreus (Rm.9-11, Gl.3, Hb.12).

Então, do que se trata o abençoarei os que te abençoarem? O que o texto em seu contexto expõe é que (1) do versículo 1 ao 3 uma palavra é direcionada a Abrão especificamente; (2) A prova disso é que o fim do verso 2 mostra que Abrão "será uma benção."

Seria subjetivo pensar que o texto diga que a bênção é externa, porque o texto aponta para Abrão e a única benção claramente externa é para os descendentes (e em ti serão benditas todas as famílias da terra), isto é indicado quando observamos que Deus, a partir de Abraão fará uma grande nação (v.2) e que as famílias da terra serão benditas (v.3).

Se a sua descendência estará nas famílias da terra isto com certeza não tem a ver com bênçãos materiais ou nacionais porque João ao batizar adverte os hipócritas de que ser israelita não é pressuposto de ser filho de Abraão (Mt 3).

Alegorismo meritório


O historicismo é outro método de interpretação das profecias. Os eventos podem ser vistos com certo preterismo, mas fundamentalmente as profecias produzem marcas históricas que entram o pensamento, atitudes e a espiritualidade. Os riscos desse método recaem no que ocorreu no segundo século, quando Montano alegava que a inspiração Bíblica não estava encerrada. Isto significa que o historicismo tende a ter certo grau alegorizar as profecias, entendendo que um feito passado acarretará num efeito colateral espiritual generalizado. O dispensacionalismo analisa que todo Israel nacional vai ser separado para correção, é a alegorização das 70 semanas de Daniel. Parece que perigosamente o pecado de Israel em rejeitar a Cristo dará a eles o mérito de serem corrigidos de modo especial num futuro ou então pretendem alegar que ter nascido hebreu dá alguma condição de prioridade quanto as coisas eternas e insondáveis.

No Brasil tende-se a pensar que o Voto de Minerva dado por Oswaldo Aranha, na Convenção das Nações Unidas de 1947, para confirmação de um Estado de Israel trouxe benefícios espirituais porque os futuristas ou historicistas põe a profecia num patamar alegórico e aberto. Já que Abrão é figura representativa da nação e quem o abençoar será abençoado, logo o Brasil está sendo abençoado pelo voto de Minerva. Fatalmente uma interpretação alegórica das profecias, uma vez que elas são muito abrangentes ou gerais com relação aos hebreus estão correndo o risco de serem manipuladas como Montano fazia com o caso da inspiração Bíblica.

Vale a pena fazer uma correção aqui quanto a este caso do Brasil porque como apresentado bem no início, na análise de Gn.12:1-3, existem coisas muito específicas a Abrão e não necessariamente a outros. Então, porque o Brasil é abençoado? Porque Deus tem misericórdia de nós não porque fizemos isso ou aquilo, mas pela sua soberana vontade, escondida, insondável e impenetrável (Rm.16:33). O Risco da teologia do mérito recai em muitos pontos místicos na interpretação das profecias.



Fonte: www.novosreformadorescristaos.blogspot.com.br



 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Erros Adicionais do Dispensacionalismo



Mencionamos anteriormente o que cremos ser os erros principais do dispensacionalismo. Outros erros são os seguintes: 

A separação de Israel e a Igreja feita pelo dispensacionalismo. Um dos fundamentos do dispensacionalismo é que Israel é Israel, e a Igreja é a Igreja, e nunca os dois podem ser confundidos. Isto é contrário ao ensino da Escritura de que o “Israel” do Antigo Testamento, tanto natural como espiritualmente, é a Igreja (Rm. 2:28,29). Em Atos 7:38 Israel é chamado de “a igreja no deserto”. Em Hebreus 12:22-24, Jerusalém e Sião são identificados com a Igreja (veja também Gl. 3:29 e Fp. 3:3). Em Apocalipse 2:9,10, a noiva, a esposa do Cordeiro, é identificada com a santa Jerusalém. 

A separação no dispensacionalismo entre a obra de Cristo em favor dos judeus e sua obra em favor da Igreja. O dispensacionalismo ensina que Cristo é o Rei de Israel, mas o Cabeça da Igreja. As notas da Bíblia de Estudo Scofield ensinam até mesmo que o povo do Antigo Testamento foi salvo de outra forma que não pela fé na obra expiatória de Cristo e que Deus tem mais de um plano de salvação. Isto é contrário ao claro ensino da Escritura que Cristo é o mesmo Salvador, tanto no Antigo como no Novo Testamento (Gl. 3:28,29; 1Tm. 2:5,6; Hb. 11:6). 

A exclusão dos santos do Antigo Testamento do “corpo” e da “noiva” de Cristo feita pelo dispensacionalismo. Isso procede, certamente, da separação que ele faz entre Israel e a Igreja, e entre a relação de Cristo para com Israel como Rei, e para com a Igreja como Cabeça. Mas tal ensino também é contrário à Escritura, que inclui os santos do Antigo Testamento “na família da fé” e numera-os no corpo e noiva de Cristo (Ef. 2:11-18, especialmente v. 16, que fala do fato que judeus e gentios foram reconciliados “em um corpo”; Ap. 21:9,10, onde “a noiva, a esposa do Cordeiro” é identificada com a santa Jerusalém). 

O ensino do dispensacionalismo que o Espírito Santo será retirado da terra durante o período de sete anos entre o rapto e a revelação. Durante este período os judeus supostamente serão salvos e trazidos à fé em Cristo sem as operações soberanas e graciosas do Espírito Santo. Isto, também, é contrário ao ensino da Escritura de que a fé é o dom de Deus através do Espírito Santo, e é contrário também ao ensino bíblico de que a regeneração, ou o novo nascimento, que é essencial para a salvação, é obra exclusiva do Espírito (Jo. 3:3-8; Ef. 2:8). 

O ensino do dispensacionalismo com respeito ao assim chamado “mistério” da Igreja. O dispensacionalismo clássico ensina que a história da Igreja no Novo Testamento é um “parêntese” e que a própria Igreja é um mistério nunca mencionado no Antigo Testamento. Isto contradiz o ensino da Escritura, que não somente profetiza a Igreja, mas realmente vê o Israel verdadeiro como a Igreja e a Igreja como Israel. Em Atos 15:13ss, Tiago aplica uma profecia do Antigo Testamento com respeito à Israel para o estabelecimento das igrejas gentílicas do Novo Testamento (compare isto com Atos 7:38). Da mesma forma, a Igreja não é vista na Escritura como um “parêntese”, mas como o objetivo e propósito de toda a obra de Deus na história. Ela é “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Ef. 1:22, 23), a “igreja gloriosa” que ele apresenta a si mesmo por toda a sua obra salvadora (Ef. 5:25-27). 

Por todas estas razões, o dispensacionalismo deve ser rejeitado. 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 301-302.