google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : 2020

domingo, 27 de dezembro de 2020

Ainda não é o Fim!


Não poucos cristãos ficam alarmados diante das tragédias dos nossos dias. Quer estejamos falando de catástrofes naturais, como o tsunami, ou de decadência moral, como a legalização do “casamento” homossexual, tais acontecimentos são vistos pelo povo de Deus como “sinais dos tempos”, como uma prova de que o fim do mundo está próximo. Tais cristãos, como diria o falecido Greg Bahnsen, fazem exegese de jornal, em vez de exegese das Escrituras, a única fonte segura acerca do futuro da humanidade.

Não sabemos quando Jesus voltará. Tragédias como essas e outras bem piores já aconteceram ao longo da história da humanidade, e foram superadas, com a graça a Deus. O nazismo é um dos mais claros exemplos. Muitos achavam que Hitler era o próprio anti-cristo e que Jesus voltaria naquela geração. Pessoas que vaticinaram isso trouxeram vergonha ao nome de Deus, e ao seu Evangelho. Anunciaram uma mentira, em vez da verdade revelada por Deus nas Escrituras do Antigo e Novo Testamento.

Ora, não somos chamados a prever a proximidade da vinda do Senhor. Aliás, tal empreendimento é um exercício em futilidade, pois é impossível saber tal coisa, visto que os anjos não o sabem, e nem mesmo o Filho (o maior profeta que já pisou nesta terra) segundo a sua humanidade (Mt 24.36). Somos chamados a viver fielmente, proclamando as boas novas do Evangelho a uma geração perversa, quer experimentemos perseguição ou tempos de refrigério e tranquilidade.

Provavelmente Jesus não voltará em sua geração, leitor. Essa é e será a realidade para a vasta maioria dos cristãos em toda a história da redenção. Durante quase 2000 anos, milhares e milhares de cristãos tem experimentado a morte (por perseguição, enfermidades ou velhice), sem que Jesus tenha voltado. Contudo, mesmo que Jesus não volte na sua geração (a menos que você esteja lendo esta postagem algumas décadas ou séculos após 2015), não há motivo para tristeza e muito menos desespero. Como disse Moisés, a nossa vida cedo se corta e voamos; chegamos com muita dificuldade aos oitenta anos, e o melhor então é canseira e enfado (Salmo 90). Mas quando chegar o nosso dia de deixar esta terra de sombras, partiremos e estaremos com o Senhor (Filipenses 1.21-23). Em outras palavras, embora a Segunda Vinda de Cristo possa demorar ainda séculos ou mesmo milênios, a maioria dos cristãos esperará no máximo 80 ou 100 anos para se encontrar pessoalmente com Cristo. Assim, em vez de alarmismo e previsões tolas acerca do fim do mundo, que só envergonham o Evangelho, precisamos ser confortados e encorajados com essa verdade.

Abandonemos a teologia “The Doors” em favor de uma postura bíblica diante dos acontecimentos ao nosso redor. Deus não nos deu uma sequência exata dos eventos que precederão o fim do mundo, mas nos deu a certeza de que ele está no controle de todas as coisas. Não fomos chamados a sermos videntes, mas a vivermos por fé, e não por vista (2 Coríntios 5.7).

“This is the End” é uma música boa, mas uma péssima teologia. Ainda não é o fim!



Fonte: www.monergismo.com

 

domingo, 13 de dezembro de 2020

A Data do Livro de Apocalipse Como Isso Afeta a Nossa Interpretação? (Parte 1)



Quando o livro de Apocalipse foi escrito? Que influência o tempo da escrita têm sobre a interpretação do livro? Essa e outras questões ao redor da data são o ponto focal deste artigo. 

Duas datas possíveis são geralmente sugeridas para a escrita do livro de Apocalipse. Uma, a mais antiga, é 95 ou 96 d.C. A outra é uma data mais primitiva e é normalmente sugerida ser algo por volta de 68 d.C. Por que essas datas são importantes? Não é porque saber a data precisa ou o ano exato seja necessariamente importante. Antes, é porque há um período tão grande entre essas datas que ele influencia diretamente a interpretação e aplicação dos símbolos encontrados dentro do livro.

Por exemplo, se a data mais antiga pode ser estabelecida, então uma aplicação a um período mais precoce deve ser ignorada, especialmente visto que o livro é profético e descreve coisas que “brevemente deveriam acontecer” (Apocalipse 1:1), isto é, coisas então iminentemente futuras. Eventos que já tivessem acontecido não poderiam ser considerados de forma alguma. A destruição de Jerusalém é um evento que aconteceu em 70 d.C. Aqueles que advogam a data mais antiga não veem nenhuma referência, seja qual for, à destruição de Jerusalém no livro. Eles devem encontrar eventos futuros ao ano 95 d.C., aos quais as profecias contidas no livro devem se aplicar. 

Por outro lado, se o livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém, em ou antes de 68 d.C., então é possível para o intérprete aplicar o conteúdo do livro a esse evento. Isso torna a datação deste livro um assunto deveras muito importante. Ele é um assunto sobre o qual todo cristão deveria estar razoavelmente ciente, por causa das consequências que têm sobre um entendimento apropriado deste belo livro.

Mas essa é uma questão muito difícil para uma pessoa “comum” decidir? Não, de forma alguma. Na verdade, é somente ocultando das multidões a evidência que tal ignorância ainda prevalece sobre a data. A evidência é impressionante e convincente. O estudante mediano da Bíblia pode muito bem se assegurar do tempo geral no qual este livro foi escrito e da melhor forma de entender a sua mensagem e conteúdo. Qual é a evidência para as duas datas? 

Primeiro, a data mais antiga (95 ou 96 d.C.) é baseada puramente numa evidência externa. Por evidência externa queremos dizer evidência que se origina fora da Bíblia, ou evidência não inspirada. Ela é baseada no testemunho de um homem, Ireneu, que viveu aproximadamente de 130 a 200 d.C. Sua declaração foi preservada por um historiador da igreja chamado Eusébio, que viveu aproximadamente de 264 a 340 d.C. Assim, na melhor das hipóteses, temos um testemunho não inspirado, de segunda mão, para a data mais antiga. 

A declaração de Ireneu é a seguinte: “Se fosse necessário ter seu nome distintamente anunciado no presente tempo, sem dúvida teria sido anunciado por aquele que viu o Apocalipse; pois não foi muito antes disto que ele foi visto, mas quase em sua própria geração, nos fins do reinado de Domiciano” (citado em The Book of Revelation, Foy E. Wallace Jr., p. 25).

Com respeito à declaração acima, estudiosos têm reconhecido que não é possível determinar se Ireneu queria dizer que João foi visto pelo tutor de Ireneu, Policarpo, ou se “o Apocalipse foi visto nos fins do reinado de Domiciano”. Tal ambiguidade destrói este argumento como evidência. Mesmo Eusébio, que registrou essa declaração, duvidava que João, o apóstolo, tinha escrito do livro de Apocalipse. O ponto aqui é o seguinte: se a declaração não foi forte o suficiente para convencer Eusébio que João tinha sequer escrito Apocalipse, por que muitos pensam hoje que ela é forte o suficiente para convencer a alguém que o apóstolo viu tal livro durante o reinado de Domiciano (95 d.C.)? O mínimo que se pode dizer é que esse argumento é fraco. 

Outros que comentam sobre a declaração dizem: “Sua citação (de Eusébio) nem sequer menciona ‘a escrita’ de Apocalipse, mas refere-se somente ao tempo quando certas pessoas anônimas alegavam ter visto o apóstolo ou a profecia, ninguém sabendo qual. Isso não prova nada. E mais: isso se ele quis dizer que o Apocalipse foi visto, e se o que estava originalmente contido na citação pudesse ter referência à tradução grega , se é que de fato referia-se ao Apocalipse. Aí vai se embora o caso todo para a data mais antiga (Commentary on Revelation, Burton Coffman, p 4). 

Finalmente, Ireneu disse da idade de Jesus, “mas a idade de 30 anos é a primeira da mente de um jovem, e que essa alcança até mesmo os quarenta anos, todo o mundo concordará: mas após os quarenta e cinqüenta anos, começa a se aproximar da idade velha: na qual o nosso Senhor estava quando ensinou, como o Evangelho e todos os Anciãos testemunham…” (Citado em Before Jerusalem Fell, Kenneth L. Gentry, p. 63). Podemos confiar no testemunho de um homem que diz que Jesus ensinou por 15 anos e que tinha cinqüenta anos de idade quando morreu? Todavia, basicamente existe apenas o seu testemunho para a data mais antiga! 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Fonte: http://www.allthingsfulfilled.com/


 

domingo, 22 de novembro de 2020

Pré-Milenismo e Dispensacionalismo comparados




Estritamente falando, pré-milenismo e dispensacionalismo pertencem à mesma escola na qual se ensina que a vinda pessoal e visível de Cristo acontecerá antes de um reino futuro de mil anos de Cristo. Há várias similaridades em suas visões. Ambas ensinam um reino de mil anos (milenar) literal. Ambas ensinam que este milênio e reino são futuros. Ambas ensinam que o reino milenar de Cristo é terreno, centrado na cidade de Jerusalém, e que ali Cristo reinará sobre a terra pessoal e visivelmente. Ambas ensinam que as promessas de Deus a Abraão e à nação judaica, com respeito à terra, têm um cumprimento futuro, literal e terreno para esta nação. Ambas creem que “Israel” na Escritura refere-se sempre e somente aos descendentes físicos de Abraão: os judeus. E ambas as visões ensinam mais de uma ressurreição e mais de um julgamento.

Há, todavia, diferenças importantes entre o pré-milenismo e o dispensacionalismo. O dispensacionalismo ensina duas vindas de Cristo antes do milênio (mil anos antes do fim da história), a saber, o arrebatamento e a revelação (a vinda de Cristo para os seus santos e a vinda de Cristo com eles). O dispensacionalismo também ensina um arrebatamento secreto e iminente que ocorrerá antes da grande tribulação, o que significa que a igreja não passará pela tribulação, mas estará com Cristo.

O dispensacionalismo ensina que a igreja do Novo Testamento é um “parênteses” na história; e que somente a nação judaica constitui o povo e reino de Deus. Similarmente, a visão dos dispensacionalistas é que o reino milenar de Cristo será um reino exclusivamente judaico; isto é, os judeus e somente eles são o povo do reino. Juntamente com tudo isto, o dispensacionalismo ensina que o Espírito Santo estará ausente da terra durante o tempo entre o arrebatamento e a revelação, às duas vindas pré-milenares de Cristo.

Para aumentar ainda mais a confusão, o dispensacionalismo antigo das notas da Bíblia de Estudo Scofield ensina diferentes formas de salvação para judeus e gentios, negando que a salvação no Antigo Testamento era unicamente pelo sangue e sacrifício de Jesus Cristo e através da fé nele. Em contraste, o pré-milenismo histórico ensina corretamente que o arrebatamento e a revelação são um evento, e não dois. O pré-milenismo histórico nega também um arrebatamento secreto e iminente, e insiste que a igreja passará pela grande tribulação dos últimos dias. Contra o dispensacionalismo, o pré-milenismo histórico também ensina que a igreja tem uma parte e lugar no reino de Cristo e não é um “parênteses” na história entre os tratamentos passados e futuros de Deus com os judeus. Finalmente, o pré-milenismo histórico não conhece nada do ensino herético das notas dispensacionalistas da Bíblia de Estudo Scofield, que dizem que há diferentes formes de salvação nas diferentes dispensações, e que ensinam a noção estranha e anti-bíblica que o onipresente Espírito Santo será retirado da terra durante um período de tempo.

Cremos que embora o pré-milenismo histórico seja livre de muitos dos falsos ensinos do dispensacionalismo, ele não vai muito longe. Como esperamos explicar, tanto a variedade antiga como a nova do pré-milenismo também são anti-bíblicas.



 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A "grande tribulação" de Mateus 24 é Diferente da "grande aflição" de Lucas 21?



"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais". (Mateus 24.21)

"Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo". (Lucas 21.23)

A "grande tribulação" descrita no evangelho de Mateus é a mesma "grande aflição" do evangelho de Lucas? Os evangelhos estão falando do mesmo assunto? Segundo alguns pregadores de escatologia, não.

Veja isto no comentário de Norbert Lieth:

"Em Lucas 21.20 e 24 o Senhor diz: "Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Cairão ao fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles." Isso cumpriu-se em 70 d.C.

Mas Mateus 24 menciona algo que não aparece no Evangelho de Lucas, pois cumprir-se-á apenas nos tempos do fim: "o abominável da desolação" (v. 15).

No Evangelho de Lucas, que trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C., está escrito: "...haverá grande aflição na terra" (Lc 21.23) (não está escrito: "grande tribulação"). Mas em Mateus 24, que em primeira linha fala dos tempos do fim, lemos sobre uma "grande tribulação" "como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais" (v. 21). A expressão "grande tribulação" diferencia nitidamente a angústia de 70 d.C. da "grande tribulação" no final dos tempos".[1]

Em que Norbert Lieth se baseia para dizer que a "grande tribulação" de Mateus 24 seja diferente da "grande aflição" de Lucas 21?

No mesmo artigo ele explica:

"Como já foi mencionado, não creio que em Mateus 24.15 o Senhor Jesus esteja referindo-se à destruição do templo em 70 d.C., mas penso que Ele está falando do tempo do fim. Ele menciona a destruição do templo e de Jerusalém em Lucas 21, fazendo então a ligação com os tempos finais. Aliás, este é o sentido dos quatro Evangelhos: apresentar ênfases diferenciadas dos relatos. Os Evangelhos tratam da profecia como também nós devemos fazê-lo, manejando bem a palavra da verdade (2 Tm 2.15)".[2] (o grifo é meu)

Porque há ênfases diferenciadas nos evangelhos? Isto depende do público alvo para quem o evangelho foi escrito. Por exemplo, o público alvo de Lucas é a população dos gentios de língua grega e no evangelho de Mateus existe "a intenção de provar aos judeus que Jesus Cristo é o Messias prometido".[3]

Portanto, é de se esperar que Mateus diga "grande tribulação" ao invés de "grande aflição" e também que fale sobre coisas das quais Lucas omite, tal como o Abominável da Desolação de Daniel cuja linguagem escriturística o povo judeu estava mais familiarizado.

A "grande tribulação" do evangelho de Mateus e a "grande aflição" descrita em Lucas, trata-se do mesmo assunto. Em ambos os evangelhos, as recomendações de Jesus para o tempo da tribulação são exatamente as mesmas. Veja:

1. A tribulação é de nível local sendo possível fugir dela (Mateus 24.16, 17; Lucas 21.21);

2. Advertência para as gravidas (Mateus 24.19, 20; Lucas 21.23).

O principal ponto é que tanto em Mateus como em Lucas, Jesus encerra a questão com a seguinte frase: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça". (Mateus 24.34; Lucas 21.32)

Ninguém pode fugir do fato de que aquela geração dos dias de Jesus experimentou todos aqueles acontecimentos descritos em ambos os evangelhos de Mateus 24, Lucas 21 e também Marcos 13.

Uma vez que Norbert Lieth disse que Lucas "trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C", então, quem é a geração que veria aqueles acontecimentos (Lucas 21.32)? Se afirmar que Lucas estava referindo-se aquela geração, porque então Mateus 24.34 refere-se a qualquer outra geração futura?

Seja a "grande tribulação" ou "grande aflição", o fato é, que tanto Mateus como Lucas, falam do mesmo evento ocorrido em Jerusalém no ano 70 d.C. Aquela geração que viu Jesus não passou sem ver a chegada do Reino de Deus e a destruição de Jerusalém e seu Templo.

O "abominável da desolação" descrito em Mateus 24.15 é "Jerusalém sitiada de exércitos" de acordo com Lucas 21.20, e não o Anticristo.

Portanto, nós cristãos, não esperamos mais por uma grande tribulação futura, mas o cumprimento do Reino de Deus conquistando definitivamente todas as nações da terra, trazendo assim bençãos sobre o mundo e por fim a volta de Jesus.

"A fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade". (Atos 3.20, 21 - o grifo é meu)




Fonte: www.revistacrista.org


________________________
Notas:


1. Artigo: 3 Perguntas Sobre o Fim dos Tempos. Autor: Norbert Lieth.
...Site: http://www.chamada.com.br/mensagens/fim_dos_tempos.html
...Acessado dia 16 de Junho de 2013

2. Idem nº 1.

3. Artigo: Evangelho de Mateus.
...Site: www.gotquestions.org/Portugues/Evangelho-de-Mateus.html
...Acessado dia 18 de Junho de 2013


 

domingo, 18 de outubro de 2020

Interpretação Preterista das Profecias



Neste artigo trataremos do assunto preterismo quanto as profecias bíblicas. Em termos teológicos o preterismo é o método de interpretação das profecias considerando-as cumpridas na geração que estava viva quando Jesus pregou. Exceto as profecias da sua segunda vinda, obviamente mais claras no Novo Testamento são futuristas, o que indicam que as Escrituras são em um percentual de preterismo bem maior e mais abrangente.

Isto significa que a observação preterista não trata alegoricamente as profecias apesar de considerar as aplicações dos textos para a vida cristã. O valor da profecia é de caráter comprobatório dos feitos de Deus, dos seus Atributos, Decretos e Vontade. Em última análise o preterista se assegura de que se é fato que se iniciou uma obra, ainda que na expressão das tipologias até que Cristo as cumprisse plenamente e eternamente - "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção." (Hb.9:11-12)


Para este artigo faremos uma análise de Gn.12:1-3, numa das passagens que mais tende a ser interpretada de modo futurista. A figura de Abrão nesta passagem é tão alegorisada que parece ser quase inexistente historicamente e contextualizadamente.

O caso entre Abrão, a bênção e a descendência


A exposição de Gênesis 12 talvez tenha uma única profecia que esteja além de Abrão. Justamente o fim do versículo 3 (e em ti serão benditas todas as famílias da terra) sugere que está seja uma profecia que se estenda a outros, exclusivamente aos que creem seguindo as linhas de interpretação de Paulo e o autor de Hebreus (Rm.9-11, Gl.3, Hb.12).

Então, do que se trata o abençoarei os que te abençoarem? O que o texto em seu contexto expõe é que (1) do versículo 1 ao 3 uma palavra é direcionada a Abrão especificamente; (2) A prova disso é que o fim do verso 2 mostra que Abrão "será uma benção."

Seria subjetivo pensar que o texto diga que a bênção é externa, porque o texto aponta para Abrão e a única benção claramente externa é para os descendentes (e em ti serão benditas todas as famílias da terra), isto é indicado quando observamos que Deus, a partir de Abraão fará uma grande nação (v.2) e que as famílias da terra serão benditas (v.3).

Se a sua descendência estará nas famílias da terra isto com certeza não tem a ver com bênçãos materiais ou nacionais porque João ao batizar adverte os hipócritas de que ser israelita não é pressuposto de ser filho de Abraão (Mt 3).

Alegorismo meritório


O historicismo é outro método de interpretação das profecias. Os eventos podem ser vistos com certo preterismo, mas fundamentalmente as profecias produzem marcas históricas que entram o pensamento, atitudes e a espiritualidade. Os riscos desse método recaem no que ocorreu no segundo século, quando Montano alegava que a inspiração Bíblica não estava encerrada. Isto significa que o historicismo tende a ter certo grau alegorizar as profecias, entendendo que um feito passado acarretará num efeito colateral espiritual generalizado. O dispensacionalismo analisa que todo Israel nacional vai ser separado para correção, é a alegorização das 70 semanas de Daniel. Parece que perigosamente o pecado de Israel em rejeitar a Cristo dará a eles o mérito de serem corrigidos de modo especial num futuro ou então pretendem alegar que ter nascido hebreu dá alguma condição de prioridade quanto as coisas eternas e insondáveis.

No Brasil tende-se a pensar que o Voto de Minerva dado por Oswaldo Aranha, na Convenção das Nações Unidas de 1947, para confirmação de um Estado de Israel trouxe benefícios espirituais porque os futuristas ou historicistas põe a profecia num patamar alegórico e aberto. Já que Abrão é figura representativa da nação e quem o abençoar será abençoado, logo o Brasil está sendo abençoado pelo voto de Minerva. Fatalmente uma interpretação alegórica das profecias, uma vez que elas são muito abrangentes ou gerais com relação aos hebreus estão correndo o risco de serem manipuladas como Montano fazia com o caso da inspiração Bíblica.

Vale a pena fazer uma correção aqui quanto a este caso do Brasil porque como apresentado bem no início, na análise de Gn.12:1-3, existem coisas muito específicas a Abrão e não necessariamente a outros. Então, porque o Brasil é abençoado? Porque Deus tem misericórdia de nós não porque fizemos isso ou aquilo, mas pela sua soberana vontade, escondida, insondável e impenetrável (Rm.16:33). O Risco da teologia do mérito recai em muitos pontos místicos na interpretação das profecias.



Fonte: www.novosreformadorescristaos.blogspot.com.br



 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Erros Adicionais do Dispensacionalismo



Mencionamos anteriormente o que cremos ser os erros principais do dispensacionalismo. Outros erros são os seguintes: 

A separação de Israel e a Igreja feita pelo dispensacionalismo. Um dos fundamentos do dispensacionalismo é que Israel é Israel, e a Igreja é a Igreja, e nunca os dois podem ser confundidos. Isto é contrário ao ensino da Escritura de que o “Israel” do Antigo Testamento, tanto natural como espiritualmente, é a Igreja (Rm. 2:28,29). Em Atos 7:38 Israel é chamado de “a igreja no deserto”. Em Hebreus 12:22-24, Jerusalém e Sião são identificados com a Igreja (veja também Gl. 3:29 e Fp. 3:3). Em Apocalipse 2:9,10, a noiva, a esposa do Cordeiro, é identificada com a santa Jerusalém. 

A separação no dispensacionalismo entre a obra de Cristo em favor dos judeus e sua obra em favor da Igreja. O dispensacionalismo ensina que Cristo é o Rei de Israel, mas o Cabeça da Igreja. As notas da Bíblia de Estudo Scofield ensinam até mesmo que o povo do Antigo Testamento foi salvo de outra forma que não pela fé na obra expiatória de Cristo e que Deus tem mais de um plano de salvação. Isto é contrário ao claro ensino da Escritura que Cristo é o mesmo Salvador, tanto no Antigo como no Novo Testamento (Gl. 3:28,29; 1Tm. 2:5,6; Hb. 11:6). 

A exclusão dos santos do Antigo Testamento do “corpo” e da “noiva” de Cristo feita pelo dispensacionalismo. Isso procede, certamente, da separação que ele faz entre Israel e a Igreja, e entre a relação de Cristo para com Israel como Rei, e para com a Igreja como Cabeça. Mas tal ensino também é contrário à Escritura, que inclui os santos do Antigo Testamento “na família da fé” e numera-os no corpo e noiva de Cristo (Ef. 2:11-18, especialmente v. 16, que fala do fato que judeus e gentios foram reconciliados “em um corpo”; Ap. 21:9,10, onde “a noiva, a esposa do Cordeiro” é identificada com a santa Jerusalém). 

O ensino do dispensacionalismo que o Espírito Santo será retirado da terra durante o período de sete anos entre o rapto e a revelação. Durante este período os judeus supostamente serão salvos e trazidos à fé em Cristo sem as operações soberanas e graciosas do Espírito Santo. Isto, também, é contrário ao ensino da Escritura de que a fé é o dom de Deus através do Espírito Santo, e é contrário também ao ensino bíblico de que a regeneração, ou o novo nascimento, que é essencial para a salvação, é obra exclusiva do Espírito (Jo. 3:3-8; Ef. 2:8). 

O ensino do dispensacionalismo com respeito ao assim chamado “mistério” da Igreja. O dispensacionalismo clássico ensina que a história da Igreja no Novo Testamento é um “parêntese” e que a própria Igreja é um mistério nunca mencionado no Antigo Testamento. Isto contradiz o ensino da Escritura, que não somente profetiza a Igreja, mas realmente vê o Israel verdadeiro como a Igreja e a Igreja como Israel. Em Atos 15:13ss, Tiago aplica uma profecia do Antigo Testamento com respeito à Israel para o estabelecimento das igrejas gentílicas do Novo Testamento (compare isto com Atos 7:38). Da mesma forma, a Igreja não é vista na Escritura como um “parêntese”, mas como o objetivo e propósito de toda a obra de Deus na história. Ela é “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Ef. 1:22, 23), a “igreja gloriosa” que ele apresenta a si mesmo por toda a sua obra salvadora (Ef. 5:25-27). 

Por todas estas razões, o dispensacionalismo deve ser rejeitado. 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 301-302.  

 

domingo, 20 de setembro de 2020

Os 144 Mil Selados


 

Como a ira do Cordeiro contra os judeus registrada em Apocalipse, testemunhamos uma pausa surpreendente no drama terrível. Quatro anjos estão retendo o vento “da terra”, quer dizer, de Israel (7.1-3). Esse ato é uma imagem simbólica, que relata o que Robert Thomas chama (em outro lugar) de “apocalíptico pitoresco”.1 Os anjos não estão literalmente segurando os ventos, mas os ventos de destruição (v. Jr. 49.36,37; 51.1,2). Os primeiros seis selos representam a fase inicial da guerra dos judeus, em que Vespasiano lutou a seu modo pela Galiléia em direção a Jerusalém. Mas antes de ele ter uma oportunidade para sitiar Jerusalém, a ação é interrompida enquanto esses anjos selam os 144.000 das doze tribos de Israel (Ap. 7.3).

O número 144.000, como a maioria dos estudiosos concorda, é certamente simbólico. Na realidade, em Apocalipse todos os milhares perfeitamente arredondados parecem ser simbólicos. Dez é o número quantitativo de perfeição, e mil o cubo de dez. Com freqüência as Escrituras usam o número 1.000 como valor simbólico, e não expressa uma enumeração literal (e.g., Êx. 20.6; Dt. 1.11; 7.9; 32.30; Js. 23.10; Jó 9.3; Sl. 50.10; 84.10; 90.4; 105.8; Ec. 7.28; Is. 7.23; 30.17; 60.22; 2Pe. 3.8). Além disso, nesse livro altamente simbólico, deveríamos notar que exatamente 12.000 pessoas vêm de cada uma das doze tribos. Mas o que simboliza o número? E quem são essas pessoas? Qual é o significado desse episódio?

Para avaliar essas perguntas corretamente, temos de lembrar os seguintes fatos: 1) Os acontecimentos estão ocorrendo no século I, conforme João tão claramente afirma (1.1,3; 22.6,10); 2) Os julgamentos estão caindo sobre Israel e se direcionando para Jerusalém (v. discussão anterior em 1.7 e caps. 5 e 6); 3) O cristianismo apostólico tendeu a se focalizar em Jerusalém (v. At. 1.4,8; 18.21; 20.16; 24.11);2 4) João considera os judeus não-cristãos como os que “se dizem judeus mas não são”, pois são membros da “sinagoga de Satanás” (Ap. 2.9; 3.9; v. Jo. 8.31-47). 

Por conseguinte, esses “servos de Deus” das “doze tribos de Israel” (7.4-8) são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação aparecem posteriormente com ele no Monte Sião, 14.1-5).3 Quando comparamos seu número especificamente definido (144.000) com “a grande multidão que ninguém podia contar” (7.9), esse número é relativamente pequeno. Mas eles representam um número perfeito, especialmente amado por Deus e que pertencem a ele (são verdadeiros judeus, o remanescente, v. Rm. 2.28,29; 9.6,27; 11.5). Assim, o Senhor coloca seu selo (espiritual) neles (Ap. 7.3; v. 2Co. 1.22; Ef. 1.13; 4.30; 2Tm. 2.19). De certo modo, o selar deles é a resposta à pergunta: “Quem poderá suportar?” (Ap. 6.17). A resposta: Somente aqueles que Deus protege – precisamente como o pano de fundo do AT (Ez. 9.4-9). 

Em outras palavras, antes que a guerra dos judeus alcance e subjugue Jerusalém, Deus, providencialmente, proporciona rápida cessação de hostilidades, permitindo aos judeus cristãos na Judéia escapar (como Jesus deseja em Mt. 24.16-22). Isso aconteceu quando o imperador Nero se matou (68 d.C.), fazendo os generais romanos Vespasiano e Tito cessar as operações e bater em retirada por um ano devido ao tumulto em Roma.4 Sabemos mediante os pais da igreja Eusébio e Epifânio que os cristãos fugiram para Pella antes da guerra subjugar Jerusalém (Eusébio, História eclesiástica 3.5.3; Epifânio, Heresies 29.7). 


Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador), Editora Vida, p. 58-60.

 

 

domingo, 13 de setembro de 2020

Haveria um plano distinto de salvação para Israel?



Creio que Deus tem sua graça estendida sobre o povo de Israel, mas não um plano distinto de salvação para os judeus como ensinado pelos dispensacionalistas, que dizem que Israel será salvo no período da Grande Tribulação, não através da graça, mas como um prêmio pelo martírio, pois afirmam que naquele tempo será restabelecido o período da lei como nos dias do Antigo Testamento. Uma grande heresia que deve ser totalmente rechaçada!

Chafer, proeminente dispensacionalista e fundador do Seminário de Dallas, em “Teologia Sistemática” afirma que Deus estabeleceu um plano de salvação diferente para os judeus e que também designou um destino diferente para eles, a saber, um paraíso na terra e não no céu:

... os israelitas foram designados para viver e servir debaixo de um sistema meritório e legal, ao passo que os cristãos vivem e servem debaixo de um sistema de graça; que os israelitas, como uma nação, têm a sua cidadania agora e seu destino futuro se concentra somente na terra, estendendo-se até a nova terra que está por vir, ao passo que os cristãos têm sua cidadania e destino futuro centralizados somente no céu, estendendo-se até os novos céus que ainda hão de ser cridos... (L.S. Chafer, Teologia Sistematica. Dalton: Publicaciones Españolas, 1974, Tomo II, p. 31).


Mas o ensino de que é possível salvação através das obras da lei contraria totalmente o ensino do Novo Testamento que, enfaticamente, proclama: "É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela Lei, pois “o justo viverá pela fé” (Gl 3.11). "Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando- se na obediência à Lei, pois é mediante a Lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado" (Rm 3.20). O próprio Abraão foi justificado por fé e não pelas obras (Gl 3.5-9). E os sacrifícios de cordeiros para perdão dos pecados nos tempos do Antigo Testamento apontavam para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, de modo que os santos do Antigo Testamento não foram justificados por obras, mas pelo sangue do Cordeiro (Hb 8.5; 10.1)! Jesus é a nossa Páscoa (Hb 11.26)! Porque "... não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque" (Ec 7.20 cf. Rm 3.10-12). "Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.23,24). "Pois, se a justiça vem pela Lei, Cristo morreu inutilmente!” (Gl 2.21). 

Além disto, Paulo nega a existência de qualquer plano distinto de salvação para os judeus, ensinando que no Novo Testamento "já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos" (Cl 3.11). Isto aconteceu porque a "barreira" e o "muro de inimizade" entre judeus e gentios foram destruídos na cruz, e, assim: "de ambos os povos fez um" (Ef Ef 2.14).

Antes de Cristo, os gentios estavam "separados da comunidade de Israel" (Ef 2.11), mas agora fazem parte da COMUNIDADE DE ISRAEL! Fomos enxertados na mesma e única OLIVEIRA (Rm 11.17). Agora somos: "concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular" (Ef 2.19,20). A Igreja é agora denominada de "o povo escolhido de Deus" (Cl 3.12) e também de "O Israel de Deus" (Gl 6.16). E as promessas que anteriormente foram destinadas ao povo hebreu, agora pertencem a Igreja, que congrega judeus e gentios remidos pelo sangue de Cristo: "Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam" (1 Pe 2.9 cf. Ex 19.6). 

A Igreja é a continuidade de Israel como povo de Deus, não no sentido de excluir os judeus, mas no sentido de incluir também os gentios debaixo do senhorio redentor do Messias (Ef 2.12-22; Os 1.9; 2.25; Jo 1.10-12; 9.17; 12.14; Rm 9.24, 25). Como "Israel de Deus", a Igreja é composta por judeus (o remanescente de Israel que estão em Cristo) e por gentios que também se encontram em Cristo e que também receberam o poder de serem feitos filhos de Deus (Jo 1.12,13), legítimos descendentes de Abraão e herdeiros das promessas (Gl 3.29)!

Deus não possui dois povos e nem duas comunidades, mas apenas uma! Jesus não possui dois Corpos, mas apenas um, que é a Igreja! O propósito divino foi "reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade" (Ef 2.16). "Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito" (Ef 2.22). Pois "há somente um corpo e um espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" ( Ef 4.4-6 ). "Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam"( Rm 10.12 ). 

O caminho de salvação é o mesmo para judeus e para gentios: "Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito" (Ef 2.17,18). O Evangelho da Graça baseado na cruz de Cristo é o caminho: "reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade" (Ef 2.16). Através do único remanescente verdadeiramente justo e fiel de Israel, o Messias Jesus Cristo, o descendente de Abraão por excelência (Gl 3.16), foi que Deus estendeu sua graça a todas as nações conforme seu plano Eterno que fora previamente anunciado a Abraão (Gn 12.1-3 cf. Gl 3.14-16).

O Evangelho do Reino de nosso Senhor Jesus Cristo é a única esperança de salvação para os judeus, assim como o é para os gentios. Pois sabemos que "Deus não faz acepção de pessoas" (Rm 2.11), os judeus só podem ser salvos se aceitarem a Cristo como único e suficiente Salvador durante a era presente. Pois só há um caminho e um único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Após o soar da última trombeta não haverá segunda oportunidade para ninguém, tanto incrédulos judeus como gentios se lamentarão naquele dia (Ap 1.7), clamarão para que as pedras caiam sobre eles e buscarão a morte sem que a possam encontrar. Sendo enganosa a idéia de uma segunda oportunidade de salvação após o arrebatamento da Igreja (Mt 25.1-13) e também é falsa a idéia de um plano de salvação distinto para Israel. "Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito" (1 Co 12.13).

Paulo usa 14 capítulos em Romanos para provar que nunca existiu um plano de salvação para judeus e outro para os gentios, mas, ao contrário, sempre houve um único plano eterno incluindo judeus e gentios (Gn 17.5; Rm 4.11, 12, 16, 17, 23, 24). Paulo não diz que Deus mudou o seu plano original, antes, ele afirma que a Igreja sempre foi o plano de Deus (Ef 3.4-6, 21, 26, 31; Gl 3.8, 16; ver também Gn 3.15). 

O N.T. fala da lei, da circuncisão e do próprio povo de Israel em termos simbólicos, como sendo sombras da realidade que se encontra na Igreja (Cl 2.17; Hb 10.1; Ef 1.22,23): 


1. Israel era um tipo da Igreja como povo de Deus; 
2. A terra prometida um tipo do céu (a Nova Terra); 
3. A circuncisão, ritual de iniciação do judaísmo, um tipo do novo nascimento e do batismo, ritual de iniciação do cristianismo; 
4. A lei um tipo e um aio para o evangelho, pois a lei não tinha um fim em sim mesma, mas encaminhava-se para Cristo e encontrou seu fim, cumprimento e plenitude no Evangelho do Reino; 
5. E o templo um tipo do “Corpo de Cristo” (Hb 8.5; 9.9, 24; 10.9,16,19-21; 11.9-16,39,40; 12.18-24; 13.10-14; Cl 2.11,12). 
6. Os cristãos são chamados de “eleitos de Deus” (Rm 9.33). 

A Igreja foi profetizada no A.T.: (Jo 8.56; At 3.22-24; 1 Pe 2.9 comparar com Ex 19.5,6; Hb 2.12 comparar com Sl 22.22). 

A Igreja é denominada e tratada pelos apóstolos através de termos típicamente judaicos:


1. O “Israel de Deus” (Gl 6.16; 3.6-16; 1 Pe 2.6s comparar com Ex 19.5,6; Rm 2.11, 28, 29; Jo 15.1; Rm 11.17-24; Ef 2.12-22; 3.6; 4.4; Jo 10.16; Rm 9.24, 25 cf. Os 2.23) 
2. "Raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus" (1Pe 2.9-10; Ap 1.6; Tt 2.14; cf. Ex. 19.6; Dt 7.6); A diáspora (1Pe 1.1; Tg 1.1) 
3. As doze tribos (Tg 1.1; Ap 7.4; Lc 22.30) 
4. Judeu interiormente (Rm 2.28-29); 
5. A circuncisão (Fp 3.3 cf. Cl.2.11; Rm 2.29) 
6. Os que "chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo" (Hb 12.22)
7. O novo céu, onde a Igreja morará, é denominado de "A Nova Jerusalém" e possui portas onde estão "escritos os nomes das doze tribos de Israel" (Ap 21.12)
8. Filhos da promessa como Isaque (Gl 4.28) 
9. Legítimos descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29)
10. “Eleitos de Deus” (Rm 9.33)

O Verdadeiro Israel é aquele que possui o Messias. Cristo é a Videira verdadeira (Jo 15.1), a videira é símbolo notório de Israel. O verdadeiro herdeiro de Abraão é o que tem fé no Messias prometido (Gl 3.1s). E não é sem propósito que o número de apóstolos da Igreja é idêntico ao número de tribos de Israel. 

Portanto, não existem duas videiras. Assim como também não existem dois corpos, nem duas cabeças, nem duas noivas, nem dois noivos, nem muito menos dois meios de salvação.

Em Romanos 9.24-26, Paulo usa duas profecias que literalmente se referem à salvação futura de Israel e as aplica à Igreja, que, formada de judeus e gentios, tornou-se o povo de Deus. A Igreja tem a mesma afinidade com a nação de Israel que o Novo Testamento tem com o Antigo Testamento ou que a graça tem com a lei. 

A cruz de Cristo provocou mudanças: 


1. O Antigo Testamento foi superado pelo Novo Testamento. 
2. O sacrifício de animais foi superado pelo sangue do Cordeiro; 
3. O Sábado foi superado pelo Dia do Senhor; 
4. A lei é substituída pelo Evangelho (Rm 6.14; 10.4); 
5. A circuncisão pelo Novo Nascimento, o batismo cristão (Cl 2.11; Rm 2.28,29 “verdadeiro judeu é aquele que é circuncidado no coração” e Fl. 3.3 que diz: “Porque nós é que somos a circuncisão...”); 
6. O sacerdócio levítico é substituído pelo sumo-sacerdócio de Cristo (Livro de Hebreus) e pelo sacerdócio universal de todos os crentes (1 Pe 2); 
7. A Jerusalém terrestre é substituída pela Nova Jerusalém celestial; 
8. A terra prometida pelo céu; 
9. O templo pelo Corpo de Cristo (Igreja)
10. Israel dá lugar a Igreja como povo de Deus (Ef 2.14,16; Gl 6.16). 

Dizer que o antigo regime da Lei, que foi superado pelo Evangelho da Graça, vai ser ainda reavivado é o mesmo que dizer que o sacrifício de Cristo não foi eficaz e suficiente (Gl 2.21). A Bíblia nada diz sobre o fim da era da Igreja e a restauração da era judaica e também nada ensina sobre um dia de restauração do período da Lei, pois segundo as Escrituras, a Lei serviu de tutor (Gl 3.24) para o Evangelho e não tem porque voltar a cena, porque "O FIM DA LEI É CRISTO" (Rm 10.4)!

A dicotomia entre Israel e Igreja também é destruída pela afirmações de Paulo de que os santos do Antigo Testamento também estão em Cristo, significando que eles também pertencem ao Corpo de Cristo que é a Igreja (1Co 12.13). Temos, portanto, um único povo de Deus salvo e unificado através das eras pelo bendito sangue do único e verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!

Apocalipse 21 descreve a moradia celestial da Igreja, denominada como sendo "a noiva e a esposa do Cordeiro” (v.10). Este novo céu é chamado de Nova Jerusalém (v.11), a nova terra prometida. A descrição deste novo céu também remonta a Israel: "Nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel" (v. 12). E é nesta mesma cidade santa que encontramos "os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro" inscritos nos fundamentos de seus muros. O que revela que o destino de Israel não é um paraíso na terra, mas, sim, no mesmo céu da Igreja! Pois de ambos os povos, Deus fez um: A Igreja, que está edificada sobre o fundamento dos profetas do Antigo Testamento e dos Apóstolos do Novo (Ef 2).

Não existe, portanto, um plano de salvação distinto para Israel. A esperança futura para Israel é exercer fé em Cristo, sendo novamente reconduzido a mesma e única Árvore, a Oliveira, da qual fazem parte judeus e gentios crentes, o Corpo de Cristo, que é a Igreja, onde não há mais lugar para distinções entre judeus e gentios.

domingo, 6 de setembro de 2020

Três princípios do Preterismo



O pós-milenismo moderno é em grande parte, embora não exclusivamente, comprometido com uma ferramenta interpretativa particular conhecida como "preterismo". Esta ferramenta é útil para explicar muitas das passagens de julgamento catastrófico como características da fundação do cristianismo no primeiro século, em vez de evidências do declínio do cristianismo no último século.

No entanto, os pós-milenaristas não adotam essa abordagem interpretativa para evitar um impacto negativo no seu sistema escatológico. Em vez disso, o preterismo surge naturalmente de uma leitura cuidadosa do texto bíblico.

O preterista evangélico e reformado mantém fortemente o futuro do Segundo Advento, a ressurreição e o grande julgamento. Estes são dados ortodoxos bem expostos nas Escrituras e prolongados pelo cristianismo histórico de forma credal.

Três fatores geram o Preterismo:

1º - a importância dos indicadores cronológicos na profecia bíblica,

2º - o impacto da linguagem apocalíptica do Antigo Testamento no discurso escatológico, e;

3º - o significado do ano 70 d.C. para a história redentora.

Vejamos como estes fatores impactam o Apocalipse.

Primeiro, indicadores cronológicos


O Preterismo depende fortemente das afirmações do Apocalipse sobre a proximidade de certos eventos proféticos (Apocalipse 1:1,3; 22:6,10), enquanto os não-preteristas interpretam mal e falsamente essas passagens. Quando o Preterismo analisa delimitadores temporais em textos didáticos, isto permite-lhe o seu significado literal e busca um cumprimento histórico na antiguidade. Onde ausente, então outras questões devem sugerir a interpretação apropriada, que pode ou não pode exijir um cumprimento passado.

Em segundo lugar, imagens simbólicas


O preterista reconhece a natureza hiperbólica-simbólica da imagem visual dramática em profecias apocalípticas. Embora a maioria dos evangélicos reconheça o caráter simbólico do Antigo Testamento apocalíptico, sua influência nas passagens do Novo Testamento é muitas vezes ignorada. Este simbolismo chega ao seu efeito mais abrangente no livro de Apocalipse, que abre com um aviso sobre isso:

Apocalipse 1:1: "A Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos Seus servos, as coisas que devem ocorrer em breve; E enviou e comunicou por seu anjo ao servo de servo João".

A palavra traduzida como "comunicou" é o verbo grego semaino que significa "significar, simbolizar". É usado aqui no contexto com deikenumi que é traduzido como "para mostrar". Juntos, eles indicam a natureza simbólica de "a Revelação de Jesus Cristo" (Apocalipse 1:1a). Esse fato é imediatamente, ilustrado quando a primeira visão é explicada como simbolismo. A visão de Cristo que anda entre os candelabros com sete estrelas em sua mão (Apocalipse 1:9-16) é interpretada por ele para mostrar que candelabros e estrelas literais não são o ponto. Em vez disso, eles simbolizam as sete igrejas e os "anjos" (mensageiros) dessas igrejas (Apocalipse 1:20).

Terceiro, cristianismo da nova aliança


Os preteristas afirmam que o nascimento da Nova Aliança do cristianismo em Pentecostes no ano 30 d.C. conduz necessariamente à morte da Aliança do antigo judaísmo no holocausto do ano 70 d.C. De acordo com Atos 2:16-21,40, as línguas eram um sinal do "sangue e fogo que envolveria Jerusalém no ano 70 d.C.". Por rejeitar o seu Messias profetizado (Lucas 23, 18-32; Mateus 21:33-46; compare com 1ª Tessalonicenses 2:14-16), Deus julga o povo, a terra, a cidade e o templo de Israel (Mateus 23:34; 24:34). Este julgamento conclui para todos os tempos a era tipológica-cerimonial do Antigo Testamento (Hebreus 8:13; compara com João 4:21; Hebreus 10:23-25; 12:18-29), que se concentrou em um só povo (Deuteronômio 7:6; Salmo 147:19-20; Amós 3:2) em uma terra confinada (Gênesis 15:18; Salmo 135:10-12). Isso abre drasticamente a redenção de Deus a todos os povos em todo o mundo (Mateus 8:10-11; 24:29-30; 28:18-20; Lucas 24:44-49; Atos 1:8).


Tradução e adaptação textual por
César Francisco Raymundo

Fonte: www.postmillennialworldview.com
Acessado Sexta-feira, 18 de Agosto de 2017

domingo, 30 de agosto de 2020

Arrebatamento e Ressurreição



O significado da esperança para uma pessoa, a função da visão para o seu estilo de vida, a necessidade crítica de cálculo exato e planejamento sábio, e as ramificações éticas das expectativas históricas de alguém têm sido repetidamente enfatizadas e ilustradas na futurologia (o estudo do futuro) que se tornou firmemente arraigada no pensamento moderno, da psicologia e moralidade à economia e sociologia. O espírito da nossa época tomou um rumo escatológico. Contrapartes seculares ao apocalipticismo e várias perspectivas milenaristas podem ser descobertas, e reproduções teológicas ao utopianismo humanista e engenharia política são da mesma forma encontradas. Sua visão do futuro, quer origine-se da revelação ou extrapolação, não é uma questão indiferente ou irrelevante; sua atitude para com a história não é simplesmente especulação fútil. Idéias têm conseqüências! 

Num artigo anterior (“Future and Folly”)2 discuti o que certos teólogos radicais têm dito sobre o futuro, como eles o divinizaram e politizaram. Para eles a escatologia se tornou uma esperança humanista – uma esperança possível somente negando-se a transcendência de Deus sobre o tempo e removendo o conteúdo de Sua palavra com suposições alienadas e antagônicas. Uma visão afirmativa da história para eles procede de uma visão negativa da Escritura. 

Por outro lado, existem teólogos que tomam uma visão negativa da história e alegam que isso procede de uma visão positiva da Escritura. De acordo com essa perspectiva, a esperança cristã reside não nos ganhos positivos a serem desenvolvidos na história, mas antes em seu escape do clímax de uma tendência firmemente degeneradora na história. Isto é, à medida que as coisas ficam piores e piores em termos de condições mundiais e respostas ao evangelho, o crente pode aguardar o seu “arrebatamento secreto” do mundo antes da grande tribulação, para a qual a história está se movendo. Supõe-se que todos os crentes genuínos, juntamente com os mortos em Cristo, serão tomados da Terra para estarem com o Salvador durante os poucos anos restantes da presente época histórica. O período de tribulação sobre a Terra terminará com o retorno de Cristo; seguindo Sua segunda vinda haverá um longo período de tempo (o milênio) que terminará com a ressurreição dos ímpios no julgamento final deles.

Obviamente, qualquer cristão que ame ao Senhor não desprezará Sua palavra revelada como fazem os teólogos radicais. O crente deseja ver a história (incluindo o futuro) através das lentes da verdade bíblica. Qual deveria ser sua perspectiva então? Ele não pode ser indiferente para com o futuro; assim, o que ele deverá pensar e fazer com respeito a isso? A escolha é entre uma esperança secularizada na política humana e uma esperança retrocessiva no arrebatamento? Repudiando a teologia radical, o cristão é forçado pela palavra a Deus a antecipar o arrebatamento secreto um pouco antes do fim dessa era? Não penso assim, e pela simples razão que a Escritura não ensina que o arrebatamento dos crentes será secreto ou separado por um período de tempo significativo a partir do término da presente época.

Quando os santos serão arrebatados da Terra para encontrar ao seu Senhor? Quando os crentes serão “arrebatados… nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares”, para estar com ele para sempre (1Ts. 4:17)? A passagem citada deixa claro que o arrebatamento coincide com (1) a ressurreição dos santos (vv. 13-16, e “juntamente com eles” no v. 17), e (2) a vinda do Senhor do céu (v. 16). A Escritura em outro lugar esclarece quando esses dois eventos ocorrerão. 

Primeiro, a ressurreição dos santos ocorrerá na vinda de Cristo, a qual trará o fim (1Co. 15:23-24). Cristo declara que ele nos ressuscitará no último dia (João 6:39-40, 44, 54). Além do mais, os santos e os ímpios existirão na Terra até o dia “da colheita” do julgamento de Deus sobre o “joio” (Mt. 13:24-30); os redimidos e os ímpios não serão separados até a consumação dos séculos (Mt. 13:47-50).3 Portanto, a ressurreição dos santos deve coincidir com a ressurreição dos ímpios (uma seguindo logo após a outra); quando os crentes saírem para a ressurreição da vida, naquele tempo todos nos túmulos também sairão, incluindo os ímpios que forem ressuscitados para o julgamento (João 5:26-29). Vemos, então, que não existe nenhum intervalo significante entre o arrebatamento dos santos, a ressurreição dos mortos em Cristo, a ressurreição e julgamento dos ímpios, e o fim desta era. 

Em segundo lugar, a vinda do Senhor mencionada em 1Ts. 4:16 é também chamada de o “dia do nosso Senhor Jesus Cristo”, quando os santos serão encontrados irreprensíveis; esse dia coincide com o fim (1Co. 1:7-8). Além do mais, a vinda do Senhor mencionada em 1Ts. 4:15 trará a glorificação dos santos (cf. Rm. 8:17, 23; 1Co. 15:43; Fp. 3:21; 1Jo. 3:2). Paulo une o retorno de Cristo e a glorificação dos santos em 2Ts. 1:7-10; ele deixa bem claro ali que esses dois eventos serão acompanhados pelo julgamento dos ímpios. Isso confirma o que lemos em outro lugar, a saber, que quando Cristo estabelecer seu tribunal de julgamento eterno, toda a humanidade, incluindo as ovelhas e os bodes (isto é, os redimidos e os réprobos), será julgada (Mt. 25:31-34, 41, 46). Vemos, então, que não existe nenhum intervalo significante entre o arrebatamento dos santos, a vinda do Senhor, a glorificação dos santos, o julgamento geral da humanidade (incluindo os ímpios), e o fim desta era. 

Devemos concluir a partir da palavra de Deus que o arrebatamento não ocorrerá antes do último dia da história, que ele não deixará para trás o mundo dos ímpios, e que não será separado da ressurreição e julgamento dos ímpios. O arrebatamento pré-tribulacional sete (ou três e meio) anos antes do retorno do Senhor é contrário ao ensino da Bíblia. Além disso, deve ser notado que o arrebatamento dos santos será tudo menos um evento secreto; será acompahado com o alarido de Cristo, a voz de arcanjo, e a trombeta de Deus (1Ts. 4:16-17). Ninguém perderá isso. 

Consequentemente, o cristão não é forçado a escolher entre uma afirmação humanista da história e um recuo bíblico da história. Sua perspectiva sobre a história e sua esperança nela não deve ser encontrada na divinização da política nem no arrebatamento. Uma visão positiva da Escritura e da história andam de mão dadas. Antes da ressurreição dos santos (isto é, a derrota do último inimigo, a morte) Cristo deve reinar até que coloque cada um dos inimigos sob os seus pés (1Co. 15:25-26). Teólogos radicais, bem como dispensacionalistas falham em ver que na história antes da parousia, os reinos do mundo se tornarão o reino do nosso Senhor e do Seu Cristo (Ap. 11:15). Essa visão e esperança de fato têm consequências! 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte: http://www.cmfnow.com/   

 

sábado, 22 de agosto de 2020

O Templo Judaico - Será que vai ser Reconstruído?




Entre os elementos evangélicos e fundamental do cristianismo moderno, parece haver uma paixão estranha com tudo o que é considerado "judeu". Há atualmente uma forte ênfase a ser colocada sobre a Torá judaica, tradições judaicas, a história judaica, xales de oração judeu, símbolos judaicos, músicas judaicas, direitos dos judeus, a terra judaica e o povo judeu. Durante os últimos 40 anos em nossas igrejas não vem ocorrendo uma grande mudança a partir de um centrado em Cristo para uma teologia centrada no homem. Em nenhuma área do pensamento teológico é esta mudança mais evidente do que na escatologia (a doutrina das últimas coisas), geralmente conhecido como profecia. Surpreendentemente, o objeto primordial da maioria ensino profético é centrada em um povo conhecido como os judeus. Onde uma vez eclesiologia (doutrina da Igreja) e soteriologia (doutrina da salvação) foram pregada com poder e autoridade espiritual, deu agora lugar a uma mensagem de Judaistica preeminência.

Há ministérios que são totalmente dedicados a promover a causa judaica na Palestina, em total desrespeito aos direitos e bem-estar dos outros ocupantes da terra. Atualmente, devido à influência dos meios de comunicação seculares, o púlpito "cristão" tem tomado partido no conflito do Oriente Médio, fechando os olhos para os fatos bíblicos da história e da profecia.

Fetichismo Religioso

A área na cidade de Jerusalém, conhecida como o "Muro das Lamentações" agora se tornou um santuário sagrado para muitos equivocados cristãos americanos [e brasileiros]. Um ministério está pedindo que as pessoas enviam seus pedidos de oração para eles para que eles possam, por sua vez levá-los a ser inseridos nas fendas do Muro das Lamentações. Isso equivale a nada menos do que o fetichismo religioso. O Muro das Lamentações era uma vez uma parte da maior área do templo de Herodes, que foi destruído no ano 70 pelos romanos.

O próprio Jesus previu a destruição do antigo templo e a ordem pervertida religiosa que ela representava. Durante 600 anos antes do ministério terrestre de Jesus, durante os dias de Jeremias, o Senhor repreendeu o povo de Judá para justificar seus maus caminhos, usando sua devoção ao templo físico como uma cobertura religiosa.

A palavra que da parte do SENHOR, veio a Jeremias, dizendo:

Põe-te à porta da casa do SENHOR, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do SENHOR, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao SENHOR.
Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar.
Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este.
Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras praticardes o juízo entre um homem e o seu próximo;
Se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal,
Eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre.
Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam.
Porventura furtareis, e matareis, e adulterareis, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,
E então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações?
É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR.
Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel (Jr 7:1-12).

Templo Reconstruído?

Em vez de dizer o povo judeu para se arrepender e aceitar Jesus Cristo e Seu poder para mudar as suas vidas pelo poder do Espírito Santo, a ênfase de uma grande maioria da "direita" igreja cristã é arrecadar dinheiro para fins sociais e humanitários de causas judaicas. Uma questão que parece ser fundamental na teologia dispensacional moderna é que um templo judaico restaurado deve ser construído em Jerusalém. O Domo da Rocha, onde está atualmente localizado muitos dispensacionalistas acreditam que novo templo judeu precisa ser reconstruído. Em seu desespero para contornar esse problema do lugar sagrado islâmico e a atitude inflexível dos muçulmanos para que permaneça, alguns sionistas cristãos têm pesquisado novamente a área. Eles "descobriram" que o futuro templo judaico pode ser construída ao lado da mesquita islâmica e ainda cumprir as exigências de suas aspirações proféticas.

Outro problema para muitos futuristas é que eles não têm certeza se o templo futuro será uma "tribulação" templo ou um templo "milenar". Como um templo "tribulação", o anticristo alegada vai sentar-se nele. Como um templo "milenar", o próprio Jesus irá residir lá e sentar-se sobre um trono judeu e reinar sobre toda a terra. A única resposta para esta questão teológica é descobrir a história dos templos do Antigo Testamento como registrado na Palavra de Deus. A atitude de Deus para templos terrenos é claramente visto como Ele permitiu que seis templos para ser construído e depois destruído ou entrar em decadência.

Templos históricos

1) O Tabernáculo de Moisés

Logo após o êxodo de Israel do Egito, o Senhor deu a Moisés as instruções quanto à construção do tabernáculo. Este tabernáculo era para ser construído a partir das ofertas do povo e considerado como santuário de Deus. O Senhor declarou que isso seria um lugar "para que eu possa habitar no meio deles". "E aí eu virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório ..." (Êxodo 25:18, 22).

Esta morada de Deus entre Israel foi ainda preenchido com a glória do Senhor, na medida em que Moisés não podia entrar como mediador para o seu povo (Êxodo 4:34-35). Apesar da extrema importância deste tabernáculo na vida espiritual e cultural de Israel, que durou apenas 40 anos mais e deu lugar à decadência.

2) O Tabernáculo de Siló

Depois que os filhos de Israel atravessou o rio Jordão para a terra de Canaã, eles ergueram uma tenda em Silo. Josué registra: "E toda a congregação dos filhos de Israel se reuniu em Siló, e ali armaram a tenda da congregação lá" (Js 18: 1).

Esta estrutura física durou cerca de 450 anos, em todo o período dos juízes até o tempo do profeta Samuel. Foi neste tabernáculo que Eli serviu como Sumo Sacerdote e onde o jovem Samuel ouviu o Senhor chamá-lo três vezes. Quando Israel saiu para lutar contra os filisteus, a Arca da Aliança, que residiram no Tabernáculo Siló, foi capturado por forças inimigas. Tanto a Arca ea Glória de Deus partiu deste tabernáculo, e nunca mais voltou. (Veja I Samuel 1-8). Este tabernáculo finalmente entrou em decadência e ruína.

3) Tenda de Davi

Um dos primeiros atos como rei sobre o Reino Unido de Israel, Davi trouxe a Arca de Deus para Jerusalém. Esta era uma estrutura temporária que Davi tinha feito, e "eles trouxeram a arca do Senhor, e a puseram no seu lugar, no meio da tenda que Davi tinha armado para ela:" (II Sam 06:17.). Conta o de registros Crônicas que: "Davi fez para si casas na cidade de Davi, e preparou um lugar para a arca de Deus, e armou-lhe uma tenda" (I Cr 15:1.). Esta estrutura foi temporária e durou apenas 40 anos.

4) O Templo de Salomão

Esta estrutura permanente e magnífica que o rei Salomão tinha construído teria sido considerado como uma das maravilhas do mundo antigo. O relato bíblico diz: "Assim, toda a obra que Salomão fez para a casa do Senhor foi concluída, e trouxe Salomão as coisas que seu pai Davi tinha consagrado, a prata, e o ouro, e todos os instrumentos, colocar ele entre os tesouros da casa de Deus "(II Cr. 5:1). O próprio Senhor consagrou este templo por manifestar a Sua glória visível no momento de sua dedicação. Este foi sinal de aprovação de Deus por todo o trabalho que foi feito, porque: "Agora, quando Salomão tinha acabado de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do Senhor enchia a casa. E os sacerdotes não podiam entrar na casa do Senhor, porque a glória do SENHOR tinha enchido a casa do Senhor "
(II Cr. 7:1-2).

Independentemente do fato de que esse templo era considerado o lugar da habitação de Deus na Terra, ele também só durou cerca de 350 anos. Deus permitiu que este templo fosse destruído pelos babilônios durante a sua captura e destruição de Jerusalém em 596 a.C.

5) Templo de Zorobabel

Após os 70 anos de exílio na Babilônia mais de 42.000 judeus voltaram para Jerusalém sob a liderança de Esdras e Neemias. Eles reconstruíram a cidade e o templo. Esdras registra: "E esta casa foi consumada" (Esdras 6:15) e fizeram sacrifícios para Deus na dedicação do novo templo. Foi aqui onde o Ageu profetas e Zacarias encorajou-os no trabalho. Esta estrutura teve a duração de cerca de 400 anos, até o tempo da era Macabeus.

Foi neste templo que o rei da Síria, Antíoco ofereceu um porco no altar. Isso exigiu um re-dedicação que ficou conhecido como a festa judaica das luzes. A Arca da Aliança nunca residiu neste templo, nem o Senhor manifestou a Sua Glória nele.

6) Templo de Herodes

Este magnífico templo foi construído durante o reinado do rei Herodes, o Grande. Sua construção começou em 19 a.C e levou 46 anos para ser concluído. Herodes, que era um edomita pelo sangue e pela religião judaica construiu este e outros edifícios cívicos para congraçar-se com o povo judeu.

Jesus foi para o templo muitas vezes durante Seu ministério terreno, mas foi limitada apenas à área do pórtico de Salomão. Não há indicação de que Ele nunca entrou em quaisquer salas interiores ou o Lugar Santo. Foi neste templo que Ele se refere em Mateus capítulo 24, quando Ele profetizou sua destruição total. Este templo nunca foi santificado pela glória manifesta de Deus e foi totalmente destruída pelos romanos em 70 d.C. Durou por não mais de 90 anos.

A partir do exemplo acima dos seis tendas físicas e templos que foram uma vez conhecida como a "Casa de Deus", é óbvio que a dispensa de um terreno do templo "sagrado" acabou. Estêvão, o primeiro mártir cristão, repetiu as palavras do profeta Isaías, quando ele declarou: "Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:

O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?
Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?" (Atos 7:48-50).

Se quando os cristãos sionistas e judeus conseguem construir um templo moderno, em Jerusalém, que não irá de forma alguma ser a Casa de Deus. Ela será apenas uma estrutura física que irá representar os esforços equivocados dos homens, devido aos pontos de vista heréticos proféticas de dispensacionalismo. Jesus Cristo é capaz de destruir qualquer novo edifício que seria um substituto blasfêmia do verdadeiro templo, que é o Seu corpo.

Futuristas muitos erroneamente aplicam a profecia do templo de Ezequiel (capítulos 40-48) como prova de um templo reconstruído física em Jerusalém antiga. No conselho da primeira igreja registrada em Atos 15, Tiago repete a profecia de Amós 9:11, que é o tabernáculo de Davi que vai ser reconstruído. Esta não é a tenda temporária que Davi construído para a Arca. O verdadeiro tabernáculo de Davi, como pode ser visto a partir do contexto do testemunho de Paulo e os demais apóstolos, é um tabernáculo espiritual está sendo construído pelo ministério do Espírito Santo.

O verdadeiro templo

O Templo do Seu Corpo

Logo no início do ministério terrestre de Jesus, durante um confronto com os judeus, o Senhor deixou claro que Ele mesmo era o verdadeiro Templo de Deus. O apóstolo João registrou:

"Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto?
Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei.
Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias?
Mas ele falava do templo do seu corpo" (João 2:18-21).

O autor de Hebreus falou de Cristo como um sumo sacerdote que serviu em uma "tenda maior e mais perfeita, não feita por mãos" (Hb 9:11). Quando o escritor de Hebreus passou a dizer: "Quer dizer, não desta criação," ele estava se referindo ao templo físico de Herodes, que ainda estava em pé na redação da letra hebraica.

O Templo do Espírito Santo

O apóstolo Paulo diz inequivocamente claro que o corpo do crente nascido de novo é a morada do Espírito de Deus. O verdadeiro templo de Deus não está limitada a um determinado edifício em uma localização geográfica na terra. "Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes da parte de Deus, e vós não sois de vós mesmos.

Porque fostes comprados por bom preço? Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e em seu espírito, que são de Deus” (I Coríntios. 6:19-20). "E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos para vós sois o templo do Deus vivo;? Como Deus disse: Eu habitarei neles, e entre eles andarei, e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo "(II Coríntios. 6:16).

Nova Jerusalém

É extremamente importante na descrição que nos foi dada pelo apóstolo João "da cidade santa, a nova Jerusalém, que desce de Deus, do céu" (Ap 21:2) que não havia templo físico. Na verdade, ele registra: "E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro" (Apocalipse 21:22). João continua a dizer que "ouviu uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, e ele habitará com eles, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles, e será o seu Deus "(Ap 21:3).

Sendo que o verdadeiro templo de Deus, são os santos e as resgatadas do verdadeiro Israel, na cidade da Nova Jerusalém, que é construído apenas pelo Espírito Santo, não há necessidade de um templo terreno feito pelo homem a ser construído na cidade velha de Jerusalém. Se for construído, será apenas uma paródia do verdadeiro templo e Deus vai destruí-lo.



Fonte: Historicist
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