google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A Autoridade e a Cronologia da Besta



A AUTORIDADE DA BESTA

Agora, saímos dos indicadores temporais e geográficos para os políticos. A figura que João faz da autoridade da besta se encaixa bem na identidade romana. João não apenas vê a besta com muitos diademas e a visualiza com armas poderosas, mas nota em especial que Satanás lhe concede “grande autoridade”:

Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. (Ap 13.1,2.

João destaca seu grande poder político pela imagem dos “dez chifres” com “dez diademas”. Na antiguidade, chifres animais simbolizavam autoridade política e força militar:

Deus tirou do Egito a Israel, cujas forças [chifres] são como as do boi selvagem; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e, com as suas setas, os atravessará (Nm 24.8).

Ele tem a imponência do primogênito do seu touro, e as suas pontas são como as de um boi selvagem; com elas rechaçará todos os povos até às extremidades da terra. Tais, pois, as miríades de Efraim, e tais, os milhares de Manassés (Dt 33.17). Visto que, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com os chifres, impelis as fracas até as espalhardes fora (Ez 34.21). Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres.(Dn 7.7). As pessoas na visão que olham a besta estão perplexas pelo seu poder: “Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela?” (Ap 13.4b).

De fato, Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação (Ap 13.7). Todos nós estamos cientes do domínio e do poder de Roma no século I. Josefo fala dos romanos como “os senhores da terra habitável” (War 4.3.10), “os governantes do mundo inteiro” (Ant. 15.11.1). Ele chama Roma de “a maior de todas as cidades” (War 4.11.5). Fílon, um filósofo judeu do século I, fala do imperador de Roma “assumindo a soberania sobre tudo” (Embassy 8). Ele até escreveu a respeito da “soberania [de Roma] sobre as porções mais numerosas, valiosas e importantes do mundo habitável, o que, na verdade, alguém poderia com correção chamar de todo o mundo” (Embassy 10). A evidência a favor de Roma está aumentando.

A CRONOLOGIA DA BESTA 

O anjo intérprete de João apresenta ainda mais evidências nessa direção. Após afirmar que as sete cabeças representam sete montanhas, acrescenta que elas também representam sete reis: 

Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco (Ap 17.9,10).

Isso se torna muito útil em identificar o imperador particular que governava Roma quando João escreveu.

Agora, o anjo associa a série de sete reis a esse império famoso. Revela-se, então, que os cinco reis caídos representam os primeiros cinco imperadores de Roma: Júlio, Augusto, Tibério, Calígula e Cláudio (para a sua enumeração, consulte Lives of the Twelve Caesars, do biógrafo Suetônio do séc. II). Eles já estavam mortos quando João escreveu; portanto, já “caíram”. O sexto rei está reinando no momento, pois “um existe”. Esse é Nero César. O anjo então explica para João sobre o sétimo rei: ele “ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco”. O sétimo imperador de Roma foi Galba, que reinou de junho de 68 a janeiro de 69 — apenas seis meses, o imperador de reinado mais curto até essa época (o reinado de Nero durou mais de treze anos).

Assim, não só a besta retrata o Império Romano em sentido corporativo, mas, de forma específica, Nero, o sexto imperador. E Nero não foi apenas o primeiro imperador a perseguir a igreja cristã, mas também a autoridade que comissionou o general romano Vespasiano a atacar e destruir Jerusalém (Josefo, War, 3.1.2). Ele se encaixa no drama e no tema de Apocalipse com perfeição. Todavia, existem mais evidências!


Kenneth L. Gentry Jr. Apocalipse para leigos — você pode entender a profecia bíblica —. pg:90-94 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

O Tempo e a Localização da Besta



O TEMPO DA BESTA

Ao identificar a besta, é essencial que os indicadores temporais de João sejam levados em consideração. Como ressaltei no capítulo 1, João sem dúvida espera o cumprimento de suas profecias no tempo de sua própria vida. Ele escreveu a um público contemporâneo sobre o que “Deus mostrou aos seus servos”. Ele não escreveu algo para uma cápsula de tempo a ser aberta depois. E ele declarou em tom dogmático que os acontecimentos contidos no que ele lhes “comunicou” “devem acontecer em breve”.

Considerando as circunstâncias do século I, João não espera que cada membro das sete igrejas mantenha uma cópia do Apocalipse. Em vez disso, ele os conclama a ouvir com atenção àquele que publicamente lê para eles (cp. Cl 4.16; 1Ts 5.27). De fato, ele propõe uma bênção para os que leem, ouvem e guardam suas profecias — “pois o tempo está próximo” (Ap 1.3). Como consequência, a besta deve ser uma figura do século I.

Essa observação temporal, sozinha, não prova que a besta é Nero ou o Império Romano. Mas ela elimina 100% das suposições modernas pelos “especialistas em profecia” populares. Veremos as várias linhas de evidências que apontam para essa direção.

A LOCALIZAÇÃO DA BESTA

O segundo passo para identificar a besta consiste em determinar sua localização geográfica. A besta aparece primeiro em Apocalipse 13, mas, quando ela se alia à grande meretriz, João fica confuso.

O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher. (Ap 17.7)

Na interpretação do anjo, aprendemos que as sete cabeças da besta concedem uma pista sobre sua identidade: 

Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. (Ap 17.9)

Todos concordam que João escreveu o Apocalipse em algum momento no século I. Isso encerra a identidade geográfica da besta como a famosa “cidade em sete colinas” , Roma. 

João sublinha essa pista para nós ao observar que, ao surgir a besta pela primeira vez, ela aparece no mar: 

Vi emergir do mar uma besta. (Ap 13.1a) 

Como sabemos que João escreveu sobre a destruição do templo em Israel, a besta, nós suporíamos, surgiria do mar em um ponto de observação de Israel. Roma fica a noroeste de Israel atravessando o mar Mediterrâneo. Por exemplo, Paulo viaja de Israel a Roma cruzando o mar Mediterrâneo: quando ele está no tribunal em Israel, apela a César em Roma (At 25.11,21; 26.32).

Então, Agripa se dirigiu a Festo e disse: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César. Quando foi decidido que navegássemos para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião chamado Júlio, da Coorte Imperial. (At 26.32—27.1)

Ele navegou “costeando a Ásia” (27.2) até Chipre (27.4), Creta (27.7), Malta (28.1), e então para a Itália, parando em Régio (28.13a) e Putéoli (28.13b), antes de prosseguir os últimos quilômetros por terra até Roma (28.14).

A limitação temporal e as alusões geográficas apontam para Roma como a besta corporativa. No entanto, há mais.


 Kenneth L. Gentry Jr.  Apocalipse para leigos — você pode entender a profecia bíblica —. pg: 86 - 89 

sábado, 29 de dezembro de 2018

A Primeira Ressurreição



“O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos.” (Ap 20.5-6). 

O apóstolo João ensina que aqueles que reinam com Cristo ao longo do milênio experimentaram uma “primeira ressurreição”. O resto dos mortos não viveria até o término do milênio. Os pré-milenistas interpretam essa passagem como que ensinando duas ressurreições corporais distintas separadas por mil anos. Já percebemos, no entanto, que as passagens claras nos evangelhos e nas epístolas que tratam da ressurreição do corpo e do julgamento final contradizem a visão pré-milenista. Apocalipse 20 em si contradiz a interpretação pré-milenista. O aprisionamento de Satanás (vv. 2-3) se deu durante o primeiro advento de Cristo, e a descida de fogo do céu (v. 9) ocorre durante a segunda vinda. Assim, devemos deixar as Escrituras definirem o significado da primeira ressurreição. Se uma ressurreição física contradiz o ensino claro de todo o Novo Testamento, então João está plausivelmente se referindo a uma ressurreição espiritual. Quando examinamos as Escrituras para ver se de fato falam de uma ressurreição espiritual encontramos evidência abundante de que João definitivamente tem em mente algo que é de ordem espiritual. “Se podemos determinar pela Escritura no que consiste a primeira ressurreição, teremos dado um grande passo no entendimento de todo o capítulo. É a chave que destrancará a porta.” 

As duas ressurreições às quais se referiu João em Apocalipse 20 são idênticas àquelas ressurreições referidas por Cristo e registradas no próprio evangelho de João. Jesus nos diz que há duas ressurreições. A primeira refere-se à alma e é condicionada pelo ouvir e crer. A segunda diz respeito ao corpo e se refere à ressurreição no último dia. “Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão” (Jo 5.24-25). “A primeira ressurreição não diz respeito ao corpo, se refere à alma. À medida que a palavra de Cristo é aceita por fé… a pessoa “tem a vida eterna” (sobre isso veja 1.4, 3.16) e passou da morte para a vida’; e o que seria isso senão a primeira ressurreição…” Jesus explica a segunda ressurreição nos versículos 28 e 29: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados.” “A segunda ressurreição é física por definição. Terá lugar no grande dia da consumação de todas as coisas.”

Deus advertiu Adão de que se ele comesse do fruto proibido certamente morreria. (Gn 2.17) Quando comeu do fruto, Adão morreu espiritualmente. Por Adão toda a raça humana padeceu e se tornou morta em “transgressões e pecados” (Ef 2.1). Paulo disse “Mas a que vive para os prazeres, ainda que esteja viva, está morta” (1Tm 5.6). Jesus se referiu aos descrentes como “os mortos”. “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos” (Mt 8.22; cf. Lc 9.60). “Uma vez que a primeira morte é primariamente a morte da alma humana, é a alma que precisa ser ressuscitada primeiro. Consequentemente devemos esperar encontrar no Novo Testamento referências à ressurreição da alma. Isso encontramos em abundância.” “Sabemos que passamos da morte para a vida se amarmos os nossos irmãos” (Jo 3.14). 

O apóstolo Paulo diz que os crentes são “ressuscitados” com Cristo: “quando estávamos mortos em transgressões, [Deus] nos tornou vivos com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6). A união dos crentes com Cristo em Sua morte e ressurreição é a base para a sua regeneração. Assim, quando Paulo discute o batismo (que é um sinal e selo da regeneração) estabelece relação entre a ressurreição da alma (regeneração) e a ressurreição de Jesus Cristo: “foram sepultados com Ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões…” (Cl 2.12-13). “Antes dessa ressurreição final há outra, uma Primeira Ressurreição: a ressurreição de ‘Cristo, as primícias’. Ele levantou dos mortos e ressuscitou todos os crentes com Ele. Note: São João não está dizendo que o crente por si é ressuscitado, mas que tem parte na Primeira Ressurreição. Ele está partilhando a ressurreição de Outro – a Ressurreição do Senhor Jesus Cristo.” Assim a primeira ressurreição ocorre definitivamente na ressurreição de Cristo e então progressivamente ao longo do milênio, à medida que as pessoas são regeneradas e creem em Cristo. “Dessa maneira, a Primeira Ressurreição é espiritual e moral, é a nossa regeneração em Cristo e união com Deus, a nossa restauração em Sua imagem, a nossa participação na Sua ressurreição. Essa interpretação é confirmada pela descrição de São João daqueles participantes da Primeira Ressurreição – que corresponde plenamente a tudo o que em outro lugar ele nos fala acerca dos eleitos: Eles são abençoados (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 22.7, 14) e consagrados, i.e., santos (5.8; 8.3- 4; 11.18; 13.7, 10; 14.12; 16.6; 17.6; 18.20, 24; 19.8; 20.9; 21.2, 10); como Cristo prometeu plena fidelidade, a Segunda Morte (v. 14) não tem poder sobre eles (2.11); e são sacerdotes (1.6; 5.10) que reinam com Cristo (2.26-27; 3.21; 4.4; 11.15-16; 12.10).  Realmente, São João iniciou a sua profecia dizendo aos seus leitores que todos os cristãos são sacerdotes reais (1.6); e a mensagem consistente do Novo Testamento, como temos visto repetidamente, é que o povo de Deus está agora sentado com Cristo, reinando em Seu reino (Ef 1.20-22; 2.6; Cl 1.13; 1Pe 2.9). O maior erro na análise do milênio de Ap 20 é o fracasso em reconhecer que ele fala de realidades presentes da vida cristã… A Primeira Ressurreição está tomando lugar agora. Jesus Cristo está reinando agora (At 2.29-36; Ap 1.5). E isso inevitavelmente significa que o milênio também está tomando lugar agora.

Como percebido acima, quando João usa a expressão “a primeira ressurreição”, está fazendo uso de uma linguagem que cristãos familiarizados com as Escrituras vão automaticamente associar ao renascimento da alma na regeneração (e.g., “sendo vivificados”, “sendo levantados” e “passando da morte para a vida”). Essa interpretação está em completa harmonia com o Novo Testamento e com o contexto de Ap 20. Quem são aqueles que segundo João não precisam temer a segunda morte? São aqueles que nasceram de novo (isto é, os cristãos). “Note a semelhança de linguagem com o que João diz em Ap 20.6 que aqueles que têm parte na primeira ressurreição vão escapar da segunda morte. Que a segunda morte é espiritual ao invés de física é evidente a partir do fato que aqueles lançados no lago de fogo – que é a segunda morte (Ap 20.24) – sofrem tormento eterno. É incoerente João ter dito que uma ressurreição física previne de uma punição espiritual. Ambos são espirituais, a primeira ressurreição e a segunda morte.” “Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles” (Ap 20.6). 


Brian Schwertley. A Ilusão PréMilenista/ O Quiliasmo analisado à luz da Escritura. pg:24-27
Tradução: Marcelo Herberts 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A Falácia Cronológica



A posição pré-milenista relativa a Apocalipse 19 e 20 diz que o capítulo 19 descreve a segunda vinda de Cristo, ao passo que o capítulo 20 descreve o reino de Cristo na terra. Realmente, a leitura casual desses dois capítulos parece tornar plausível a posição pré-milenista. Mas fazendo-se uma análise cuidadosa dos dois capítulos ficará claro que a posição pré-milenista simplesmente não procede. A abordagem pré-milenista, “literalista”, desses capítulos é auto-contraditória e envolve dificuldades interpretativas intransponíveis. 

A posição pré-milenista diz que os eventos do capítulo 20 seguem cronologicamente os eventos do capítulo 19. Na segunda metade do capítulo 19 Cristo retorna e julga as nações, então no capítulo 20 Ele reina sobre as nações. Mas se o capítulo 19 é tomado literalmente, não há nações para serem governadas por Cristo no capítulo 20. “De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as nações. ‘Ele as governará com cetro de ferro.’ Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso… Vi um anjo que estava em pé no sol e que clamava em alta voz a todas as aves que voavam pelo meio do céu: ‘Venham, reúnam-se para o grande banquete de Deus, para comerem carne de reis, generais e poderosos, carne de cavalos e seus cavaleiros, carne de todos – livres e escravos, pequenos e grandes.’… Os demais foram mortos com a espada que saía da boca daquele que está montado no cavalo. E todas as aves se fartaram com a carne deles.” (Ap 19.15-21). Os pré-milenistas dizem que isso obviamente se refere a uma batalha literal. Há corpos de mortos no campo de batalha, e as aves está se fartando com a sua carne. Mas se o capítulo 19 é interpretado literalmente, o capítulo 20 não faz qualquer sentido. O versículo 3 diz que Satanás é lançado no abismo, “para assim impedi-lo de enganar as nações”. Como Satanás pode enganar as nações no capítulo 20 se elas foram justamente eliminadas por Cristo no final do capítulo 19? O relato da destruição por Cristo daqueles que se opuseram a Ele no capítulo 19 é total: o versículo 19 diz que as aves se fartarão da carne de todas as pessoas, o versículo 21 diz que os demais foram mortos. A passagem enfatiza que Cristo destruirá todos os Seus opositores. Quando a guerra termina ninguém é preservado; não há focos de resistência. Se Cristo eliminou todas as nações e todos os ímpios estão mortos, como Ele pode então governar as nações no capítulo 20? Esse capítulo admite que todas as nações ainda existem e que Cristo as governa. Se as nações são completamente destruídas no capítulo 19 e no capítulo 20 ainda estão intactas, então claramente o entendimento pré-milenista desses capítulos é equivocado. 

O entendimento pré-milenista, literalista, da batalha final no fim do milênio tem também sérios problemas. Apocalipse 20.8 fala dos vastos exércitos de Gogue e Magogue. Todas as nações do mundo reunir-se-ão no Oriente Médio para uma batalha literal contra Cristo e os santos constituídos em Jerusalém. Os pré-milenistas pregam que se trata de uma batalha real com armas, tanques, aviões, helicópteros e assim por diante. Mas essa interpretação é absurda. O Cristo ressuscitado com o Seu corpo espiritual glorificado e os santos imortais glorificados não podem ser ameaçados por armas físicas. Cristo e os santos não podem ser mortos; eles já são imortais! Eles não podem nem mesmo ser machucados por tais armas. Após a Sua ressurreição, Cristo pôde passar por paredes sólidas (Jo 20.19). Projéteis, bombas, lança-chamas etc, não podem ameaçar Cristo e os santos. Todas as armas do mundo não podem ferir ou ser uma ameaça mesmo a um só crente glorificado ressurreto, sem falar do Cristo ressurreto, todo-poderoso. A ideia de que Jesus Cristo (que é Deus, possuindo todo o poder e autoridade no céu e na terra) poderia ser intimidado por tanques e armas terrenos é patética.   


Brian Schwertley. A Ilusão PréMilenista/ O Quiliasmo analisado à luz da Escritura. pg:11,12
Tradução: Marcelo Herberts

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Um Será Levado



Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. (Mateus 24:40-41) 

Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado. (Lucas 17:34-36) 

Essas palavras se aplicam ao arrebatamento secreto dos santos ou a algum outro evento?

Nosso Senhor Jesus Cristo usou essas palavras para advertir sobre a destruição vindoura de Jerusalém pelo exército romano no ano 70 d.C. Os levados são aqueles que foram destruídos por esse súbito evento, e os deixados são aqueles que ouviram às Suas advertências e escaparam. A advertência desse julgamento severo da parte de Deus e o possível escape para os crentes são temas comuns no Novo Testamento. 

1. Nossos textos são Mateus 24:40-41 e Lucas 17:34-36. 

2. Leia Mateus 24:1-50 e Lucas 17:20-37. 

3. Não existe nenhum arrebatamento secreto ensinado na Bíblia. O retorno do nosso Senhor envolve uma única ressurreição, tanto de justos como injustos (João 5:28-29; 1Ts. 4:13-18; Atos 24:15). 

4. Não existe nenhum arrebatamento secreto ensinado na Bíblia. Essa idéia, tanto em palavra como doutrina, é desconhecida na Bíblia e desconhecida pelos homens antes do surgimento dos seguidores de Edward Irving na Inglaterra, por volta de 1830. 

5. Não existe nenhum arrebatamento secreto ensinado na Bíblia. A visão comum de aviões colidindo devido ao “arrebatamento” dos pilotos é produto da imaginação dos falsos mestres. 

6. Não existe nenhum arrebatamento secreto ensinado na Bíblia. A especulação moderna de um “arrebatamento” tem tanta base bíblica quanto as falsas predições de William Miller para o retorno de Cristo em 1844. 

7. O contexto geral de Mateus 24:40-41 é o capítulo inteiro, que está lidando com a vinda do Senhor Jesus em poder e juízo sobre a nação de Israel em 70 d.C. 

8. O contexto imediato é uma advertência pessoal “daquele dia e hora” (24:36). Tendo predito que todos os eventos ocorreriam dentro daquela geração (24:34-35), nosso Senhor exorta à vigilância e fidelidade devido ao tempo desconhecido daqueles eventos. 

9. O contexto preciso é o exemplo de um julgamento do Antigo Testamento que pegou os homens desprevenidos (24:37-39). O dilúvio veio quando os homens estavam despreocupados e pegou todos eles. A vinda do Filho do homem é Sua vinda em juízo sobre a nação (Mt. 16:28). 

10. Os levados são comparados àqueles que o dilúvio de Noé levou – os levados são os ímpios (Mateus 24:39; Lucas 17:27). Os levados não são os santos.

11. O contexto conclusivo é uma exortação à vigilância devido ao tempo desconhecido desse julgamento súbito vindo sobre os desatentos (24:42-15). Paulo incitou os Hebreus à maior fidelidade em seus deveres à luz do mesmo evento (Hebreus 10:25). 

12. Malaquias advertiu sobre o Senhor vindo em juízo sobre os judeus de Sua geração (Ml. 3:1-6; 4:1-6). Não se engane – Elias é João o Batista (Mt. 11:7-15; 17:10-13). 

13. João o Batista advertiu sobre Jesus vindo em juízo sobre sua geração (Mt. 3:10-12). 

14. Jesus advertiu sobre Sua gloriosa vinda em juízo sobre aquela geração (Mateus 16:28; 21:33-46; 22:1-10; 26:64; Lucas 12:49; 23:28-31). 

15. Pedro advertiu sobre a vinda em juízo sobre aquela geração (Atos 2:40). 

16. Paulo advertiu sobre a vinda em juízo sobre aquela geração (1Ts. 2:16; Hb. 10:25). 

17. Tiago advertiu sobre a vinda em juízo sobre aquela geração (Tiago 5:1-9). 

18. O contexto geral de Lucas 17:34-36 são os versículos a partir de 17:20 até o final do capítulo, que lidam com a vinda do reino do Senhor em poder e glória no ano 70 d.C. 

19. O contexto de Lucas (17:20-37) confirma nossa interpretação combinando aqueles eventos para aquela geração (Mt. 24:1-35) com as advertências que seguem (Mt. 24:36-50). 

20. Pelo menos alguns dos discípulos então vivos seriam inclusos nessa situação (17:22). 

21. Lucas adiciona a advertência de não descer do telhado da casa para pegar alguma coisa (Lucas 17:31), visto que tal atraso poderia custar-lhes a vida na subitaneidade do cerco romano. Tais palavras não têm nenhum significado à luz do “arrebatamento”, pois sobre o mesmo é dito que acontecerá num piscar de olhos, sem qualquer advertência! Quem teria tempo para ir e reunir coisas para o arrebatamento? 

22. Lucas também adiciona a advertência da mulher de Ló (Lucas 17:32), visto que a destruição ocorreria a qualquer um que demorasse sair da cidade enquanto os exércitos se aproximassem (Lucas 21:20-21). 

23. Os levados seriam levados por águias comendo as carcaças dos judeus (Lucas 17:37), e essa figura é usada pelo nosso Senhor no meio das coisas para aquela geração (Mt. 24:28). E quando os judeus se reuniram em Jerusalém para a Páscoa, a saga foi iniciada. 

24. Esse foi um evento do qual o escape era possível para os crentes que observassem os sinais e agissem de acordo com eles (Mt. 24:22; Lucas 21:36; Atos. 

25. Entender essas palavras à luz do ano 70 d.C. não é novidade, pois John Gill o Batista (1697-1771), Adam Clarke o Metodista (1715-1832), Albert Barnes o Presbiteriano (1798-1870) e muitos outros comentaristas entenderam a profecia dessa forma também. 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

sábado, 22 de dezembro de 2018

Deus, a Igreja é o Israel Verdadeiro?



Muitos crêem que as características doutrinárias definidoras do dispensacionalismo é sua escatologia singular. Certamente é a escatologia que ganha a maior atenção. Contudo, na realidade, a doutrina que define o dispensacionalismo, o seu sine qua non, é sua doutrina da igreja. O dogma fundamental é que a Igreja não é Israel. Essa declaração quer dizer várias coisas, mas a mais importante é o ensino dispensacionalista que a igreja, ou corpo de Cristo, consiste somente daqueles crentes salvos entre o Pentecoste e o Arrebatamento. Os santos do Antigo Testamento não são parte da Igreja, o corpo de Cristo.

Parte da dificuldade em avaliar a distinção dispensacionalisata entre Israel e a Igreja é a falta de definições precisas na literatura dispensacionalista. Tanto “Israel” como “Igreja” são usados numa variedade de sentidos por todo o Novo Testamento, e dizer simplesmente que a Igreja não é Israel é uma simplificação grosseira. Obviamente, se queremos dizer por “Israel” o Estado político de Israel ou os judeus incrédulos, então a Igreja não é Israel. Mas visto que dentro da nação incrédula de Israel sempre houve um remanescente, um “Israel verdadeiro”, não é correto fazer uma declaração geral abrangente divorciando Israel da Igreja em todo sentido das palavras.

No Antigo Testamento, a nação incrédula tinha um remanescente de crentes nela. Esse Israel verdadeiro, que incluía homens tais como Davi e Daniel, eram aqueles que não eram circuncidados apenas na carne, mas também no espírito. Quando Cristo veio, vemos a distinção entre o Israel nacional e incrédulo e o Israel verdadeiro. Os escribas e fariseus eram geralmente parte do Israel nacional incrédulo. Os apóstolos eram parte do Israel verdadeiro. Em Pentecoste, quando quase todos concordam que um novo estágio na história redentora começou, o Israel verdadeiro, o remanescente do Israel nacional, era a igreja. Nas décadas e séculos vindouros, os gentios começaram a ser adicionados a esse Israel verdadeiro – a igreja, mas isso não mudou o fato que existia e existe uma continuidade entre o Israel do Antigo Testamento e a igreja do Novo Testamento. A Igreja não é o Israel nacional ou incrédulo. Mas a Igreja é o Israel verdadeiro, o remanescente do Israel nacional. Existem vários lugares na Escritura onde essa verdade é claramente ensinada. Aqui nos focaremos brevemente em três.

Romanos 11:11-24 ensina claramente a unidade dos crentes de todas as eras. A ilustração da oliveira nesta passagem é uma das seções melhores conhecidas do livro de Romanos, mas seu significado nem sempre tem sido claro, especialmente para aqueles que separariam os crentes do Novo e do Antigo Testamento em corpos distintos. Existem quatro pontos principais neste texto da Escritura que são relevantes para o nosso tópico: 

1. A oliveira cultivada é o Israel natural. 

2. Os ramos naturais que foram cortados são os judeus incrédulos. 

3. Os ramos bons que permanecem são os judeus crentes. 

4. Os ramos bravos que são enxertados na oliveira boa são os gentios crentes.

A coisa mais importante a ser observada aqui é que existe apenas uma oliveira boa. No Antigo Testamento ela tinha contido tanto judeus incrédulos quanto crentes. Mas quando Cristo veio, os judeus incrédulos foram cortados, deixando apenas os judeus crentes. Crentes gentios estavam então, e ainda estão agora sendo enxertados nessa oliveira boa – o remanescente crente – o Israel verdadeiro. Fosse verdade o dispensacionalismo, a ilustração não faria sentido. Paulo não diz que Deus plantou uma oliveira completamente nova, na qual ele agora enxerta judeus e gentios crentes. Não, os judeus crentes continuaram ali onde estavam em sua relação pactual com Deus. Deus trouxe os crentes gentios para essa relação pactual já existente. O remanescente crente de Israel, o Israel verdadeiro, e a Igreja do Novo Testamento são um e o mesmo corpo de crentes. Esses crentes judeus e gentios são a oliveira boa.

Efésios 2:11-19 é uma passagem da Escritura que também tem importância especial para o nosso estudo. Neste texto, Paulo compara o estado anterior dos gentios em Cristo ao seu estado anterior à parte de Cristo. No versículo 12, Paulo lista cinco coisas que eram verdadeiras deles antes de se tornarem cristãos. Os crentes gentios estavam anteriormente:

1. Separados de Cristo. 

2. Excluídos da comunidade de Israel. 

3. Estranhos aos pactos da promessa. 

4. Sem esperança. 

5. Sem Deus no mundo.

Todas essas cinco coisas são mencionadas no tempo passado. Em outras palavras, todas as cinco eram verdadeiras dos gentios antes de sua fé em Cristo, e todas as cinco não mais eram verdade agora que os gentios tinham fé em Cristo. O que isso significa é que os crentes gentios estão agora:

1. Em Cristo. 

2. Incluídos na comunidade de Israel. 

3. Herdeiros dos pactos da promessa. 

4. Com Esperança. 

5. Com Deus no mundo.

De acordo com Paulo, todas essas coisas são agora verdade para os gentios crentes em Cristo. 

Gálatas 3:16, 29 enfatiza a herança dos gentios nas promessas abraâmicas. Aprendemos nesses versículos que:

1. As promessas abraâmicas foram feitas a Abraão e sua semente (v. 16). 

2. Sua Semente é Cristo (v. 16). 

3. Sua semente é também todos que pertencem a Cristo (v. 29). 

4. Portanto, as promessas abraâmicas pertencem a Cristo e a todos os que são seus (v. 29).

De acordo com Paulo, as promessas abraâmicas pertencem a todos que estão em Cristo e somente àqueles em Cristo. Visto que ele é o verdadeiro herdeiro, a verdadeira Semente, ninguém pode herdar as promessas à parte de Cristo. À parte da união com Cristo, nenhum judeu ou gentio tem qualquer reivindicação às promessas abraâmicas. 

A distinção dispensacionalista entre dois povos de Deus é biblicamente indefensável. Todos os que são salvos estão em Cristo, e somente aqueles que estão em Cristo são salvos. Não existe outra forma de salvação à parte da união com Cristo no único corpo de Cristo, a igreja – o verdadeiro Israel de Deus. 

Fonte: Every Thought Captive, Volume 5, Issue 2.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

As Setenta Semanas



Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador. (Dn. 9:24-27).

A profecia das setenta semanas em Daniel 9 deve ser discutida brevemente por causa de sua importância fundacional para o sistema dispensacionalista de escatologia. Embora a profecia não tenha nenhuma implicação importante sobre o debate entre amilenistas e pós-milenistas, a interpretação dispensacionalista se tornou quase uma obviedade para a maioria dos evangélicos modernos. Por essa razão somente, a profecia merece a nossa atenção. A interpretação dispensacionalista dessa visão pode ser resumida da seguinte forma:

1. O versículo 24 é uma apresentação de toda a profecia. 

2. Os seis propósitos de Deus no versículo 24 serão finalmente cumpridos somente na segunda vinda de Cristo. 

3. O decreto para restaurar e reconstruir Jerusalém (v. 25) foi emitido em 445 a.C. por Artaxerxes (Neemias 2:1-8). 

4. Os sete ‘setes’ e os sessenta e dois ‘setes’, quando entendidos como 483 anos de 360 dias cada, terminam um pouco antes da morte de Cristo. 

5. Entre o fim da sexagésima nona semana e o começo da septuagésima semana, há uma lacuna de tempo indefinida, durante a qual o relógio profético é parado para Israel e a era da igreja transpirar. 

6. Toda a septuagésima semana é futura e começará quando um líder político fizer um “pacto” (aliança) com o povo de Israel. 

7. No começo da septuagésima semana, o arrebatamento de todos os crentes ocorrerá. 

8. No meio dessa septuagésima semana, o líder político suspenderá os sacrifícios num templo reconstruído, e um período de grande tribulação começará em Israel. 9. A septuagésima semana termina com a segunda vinda de Cristo. 

Tradicionalmente, a igreja tem interpretado essa passagem em Daniel como uma profecia do primeiro advento de Cristo e a destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos. A interpretação dispensacionalista de uma “lacuna” emergiu pela primeira vez no século dezenove, para fornecer suporte para essa nova escatologia. A fim de demonstrar a verdade da interpretação tradicional e provar a inadequação da interpretação dispensacionalista, várias observações devem ser feitas:

1. As setenta semanas do versículo 24 são 490 anos. Essas setenta semanas são divididas em três períodos de tempo: sete semanas (49 anos), sessenta e duas semanas (434 anos) e uma semana (7 anos). Esses períodos de tempo foram especificados para que Daniel pudesse “conhecer e discernir” o cumprimento de tempo envolvido, assim como tinha discernido o cumprimento de tempo na profecia de Jeremias (9:2). Tal discernimento é impossível se um intervalo indefinido existe entre a sexagésima nova e septuagésima semana – especialmente quando esse intervalo, como os dispensacionalistas insistem, já é mais de quatro vezes maior que o próprio período das setenta semanas.

2. É possível que o decreto de Artaxerxes em Neemias 2 seja o decreto mencionado por Daniel no versículo 25. A despeito de se é esse decreto ou outro das opiniões sugeridas, o ponto dessa declaração é que uma quantidade específica de tempo passará entre o decreto e a vinda do Messias. 3. As seis coisas a serem realizadas durante os 490 anos (v. 24) foram todas cumpridas no primeiro século.

a. Cessar a transgressão. A rebelião pecaminosa de Israel contra Deus teve o seu clímax em sua rejeição e crucificação do Messias (Mt. 21:33-45; Atos 7:51-52). 

b. Dar fim aos pecados. Os pecados de Israel foram reservados para punição até a geração que rejeitou o Messias (Mt. 23:29-36). 

c. Expiar a iniqüidade. Isso foi cumprido na morte expiatória de Cristo (Hb. 2:17; 9:12-14, 26; 1 João 4:10). 

d. Trazer a justiça eterna. Isso foi realizado através da obra redentora de Jesus (Rm. 3:21-22). e. Selar a visão e a profecia. Os olhos e ouvidos dos judeus foram “selados” para não entender as profecias de Deus (cf. Is. 6:9-10; 29:10-11; Mt. 13:11-16; João 12:37-41). 

f. Ungir o Santíssimo. Isso foi cumprido por Cristo (um nome que significa literalmente “o Ungido”) de várias formas (cf. Lucas 4:18-19; Hb. 1:9; 9:22-28).

4. Após as sete semanas e as sessenta e duas semanas, que implicariam um tempo durante a septuagésima semana, o Messias é “cortado”. Isto é, ele sofre a pena de morte. 

5. Num ponto (não especificado) após o corte do Messias, a cidade e o santuário são destruídos. A destruição de Jerusalém (v. 26-27) no ano 70 d.C. foi uma conseqüência da rejeição e crucificação de Cristo. Daniel não diz que isso ocorre dentro da septuagésima semana. 

6. Aquele que confirma uma aliança no versículo 27 é o Messias no versículo 26. Que o antecedente de “ele” não é o “príncipe” do versículo 26 é confirmado de várias formas:

a. A palavra “príncipe” nem mesmo é o assunto da sentença no versículo 26. O assunto principal é o Messias.

b. O “fim” no versículo 26 é o “fim da destruição”, não o “seu” fim.

7. O Messias cumpriu ou confirmou as estipulações do antigo pacto, e a obra pactual de Cristo foi direcionada aos muitos (judeus fiéis) por quase exatamente sete anos, ou uma semana. Os três anos e meio do ministério de Cristo foram focados primariamente sobre os judeus (Mt. 10:5; 15:24), e por aproximadamente três anos e meio após sua morte e ressurreição, o ministério dos Seus apóstolos foi focado quase exclusivamente sobre os judeus (Atos 1:8; 2:14; Rm. 1:16; 2:10).

8. Cristo colocou um fim aos sacrifícios por seu sacrifício de uma vez por todas na cruz (Hb. 8-10; esp. 10:8, 9, 12).

9. O texto de Daniel, embora forneça uma declaração clara dos eventos que marcam o fim da sexagésima nona e o meio da septuagésima semana, não diz nada sobre um evento marcando o fim da septuagésima semana. Portanto, não é necessário encontrar tal evento na Escritura nem na história.

A profecia de Daniel 7 nos fornece um intervalo de tempo específico no qual espera a vinda do Messias e a inauguração do reino. Em Daniel 9, encontramos a vinda do Messias profetizada para o ano exato e somos informados do que deve acontecer para que as promessas do reino sejam cumpridas. O Messias vindouro seria “cortado”. Ele seria executado. Mas em Sua morte, Ele faria uma expiação pela iniqüidade e produziria justiça eterna. Tudo isso foi cumprido no primeiro advento de Cristo.

Fonte: Extraído e traduzido do excelente livro Postmillennialism: An Eschatology of Hope, Keith A. Mathison, P&R, p. 219-22.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto