google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : A Prosperidade do Evangelho e da Igreja

sábado, 8 de junho de 2019

A Prosperidade do Evangelho e da Igreja



“Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;” [Mateus 6:10]

“…A segunda petição é que ‘venha o teu reino’. Ainda que não contenha nada de novo, com justa razão diferencia-se e distingue-se da primeira, porque, se considerarmos atentamente nossa negligencia num assunto de tanta importância, é preciso ser-nos repetido muitas vezes o que já deveríamos ter compreendido.

Por isso, depois de ordenado que peçamos a Deus que abata e destrua por completo tudo o que mancha seu nome sacrossanto, acrescenta-se uma segunda petição, semelhante e quase idêntica à primeira: que venha o reino de Deus. Embora, já tenhamos explicado o que é esse reino, repeti-lo-ei agora em poucas palavras. Deus reina quando os homens, renunciando a si mesmos e menos-prezando o mundo e esta vida terrestre, submetem-se à justiça de Deus para aspirar à vida celestial.

E, por isso, esse reino consta de duas partes: uma é que Deus, com a virtude e potência de seu Espírito, corrija e domine todos os apetites da carne, que em tropel fazem a guerra; a outra, que forme todos os nossos sentidos para obedecerem seus mandamentos. Portanto, somente se atém a ordem legítima dessa petição aquele que começa por si mesmo, quer dizer, aquele que deseja ser limpo de toda corrupção que perturbe o sereno estado do reino de Deus e infecte sua pureza e perfeição.

E como a Palavra de Deus é tal qual um cetro real, somos ordenados aqui a pedirmos que domine o coração e o espírito de todos, para que voluntariamente lhe obedeçam; o que se verifica quando Ele os toca e move com uma secreta inspiração, dando-lhes a entender quão grande é o poder de sua Palavra, afim de ela ter a preeminência e ser considerada no grau de honra que lhe corresponde. Depois disso, é preciso aniquilar os ímpios, que, com obstinação e furor desesperados, resistem a seu império. Assim, Deus eleva seu reino abatendo o mundo todo, mas, de maneiras diversas, porque a uns doma suas lascívias, a outros quebra sua indômita soberba.

Logo, devemos desejar que, assim como no céu, Deus reúna todas as Igrejas, de todas as partes do mundo, multiplicando-as e aumentando-as em número, enriquecendo-as com seus dons e estabelecendo nelas boa ordem, e que, pelo contrário, derrube todos os inimigos da pura doutrina e religião, dissipe seus propósitos e abata suas empresas. Por isso se vê que, não sem causa, manda-nos desejar o contínuo progresso e aumento de seu reino, pois jamais as coisas dos homens vão tão bem que, limpas e despojadas de toda impureza dos vícios, floresçam e permaneçam em sua integridade e perfeição. Essa plenitude se estende até o último dia da vinda de Cristo, quando, como diz Paulo, ‘Deus seja tudo em todos’ (1Co 15:28).

E assim essa oração deve-nos afastar de todas as corrupções do mundo que nos separam de Deus, para que seu reino floresça entre nós, e deve, ao mesmo tempo, acender-nos em seu vivo desejo de mortificar nossa carne, e deve, por fim, ensinar-nos a levar com paciência nossa cruz, já que Deus quer propagar seu reino desse modo. E não nos deve pesar que o homem exterior se corrompa, contanto que o interior se renove; porque toda a condição do reino de Deus é tal que, quando nos submetemos à sua justiça. Ele nos faz partícipes de sua glória.

E isso se realiza quando, dia após dia, faz resplandecer mais sua luz e verdade, de modo que as trevas e mentiras de Satanás e de seu reino se dissipem, desvaneçam e destruam; quando o Senhor ampara os seus, guia-os com a assistência do Espírito pelo caminho reto, e os confirma na perseverança; e, ao contrário, quando destrói as ímpias conspirações dos inimigos, revela seus enganos, sai ao encontro de sua malícia e abate sua rebeldia, até que finalmente mate com o Espírito de sua boca o Anticristo, e destrua com o resplendor de sua vinda toda impiedade (2Ts 2:8).”…

João Calvino – A instituição da Religião Cristã – Tomo 2, Volume 2 – Editora Unesp, p.359-361


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