google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : A Vinda do Anticristo

terça-feira, 25 de junho de 2019

A Vinda do Anticristo



Segundo  as  palavras  de  Jesus  em  Mateus  24,  uma  das  características  crescentes  da época  precedente  à  queda  de  Israel  haveria  de  ser  a  apostasia  dentro  da  Igreja  Cristã.  Isso  foi mencionado  anteriormente,  mas  um  estudo  mais  concentrado  nesse  ponto  lançará  mais luz  sobre  várias  questões  relacionadas  ao  Novo  Testamento  –  questões  com  freqüência concebidas  de  forma  errônea. 

Geralmente  pensamos  no  período  apostólico  como  um  tempo  de  evangelismo explosivo  e  crescimento  da  Igreja,  uma  “idade  de  ouro”  quando  ocorriam  milagres assombrosos  todos  os  dias.  Essa  imagem  comum  é  substancialmente  correta,  mas  é defeituosa  em  vista  de  uma  omissão  proeminente.  Tendemos  a  negligenciar  o  fato  que  a Igreja  primitiva  foi  o  cenário  da  aparição  da  heresia  mais  dramática  na  história  do  mundo

A Grande  Apostasia 

A  heresia  começou  a  introduzir-se  muito  cedo  no  desenvolvimento  da  Igreja.  Atos 15  registra  a  reunião  do  primeiro  Concílio  da  Igreja,  que  foi  realizada  a  fim  de  tomar  uma decisão  autoritativa  com  respeito  à  questão  da  justificação  pela  fé  (alguns  mestres  tinham promovido  a  falsa  doutrina  que  uma  pessoa  deveria  guardar  as  leis  cerimoniais  do  Antigo Testamento  para  ser  justificado).  Contudo,  o  problema  não  desapareceu;  alguns  anos depois,  Paulo  teve  que  tratar  com  ele  novamente,  em  sua  carta  às  igrejas  da  Galácia.  Como disse  S.  Paulo,  essa  aberração  doutrinária  não  era  insignificante,  pois  afetava  a  própria salvação:  era  um  “evangelho  diferente”,  uma  deformação  total  da  verdade,  e  equivalia  a uma  repudiação  do  próprio  Jesus  Cristo.  Usando  algumas  das  terminologias  mais  severas de  sua  carreira,  Paulo  pronunciou  condenação  sobre  os  “falsos  irmãos”  que  ensinavam  a heresia  (veja  Gálatas  1:6-9;  2:5,  11-21;  3:1-3;  5:1-12).  

S.  Paulo  também  previu  que  a  heresia  contagiaria  as  igrejas  da  Ásia  Menor.  Reuniu os  presbíteros  de  Éfeso,  e  exortou-os  a  “atendei  por  vós  e  por  todo  o  rebanho”,  pois  “eu sei  que,  depois  da  minha  partida,  entre  vós  penetrarão  lobos  vorazes,  que  não  pouparão  o rebanho.  E  que,  dentre  vós  mesmos,  se  levantarão  homens  falando  coisas  pervertidas  para arrastar  os  discípulos  atrás  deles”  (Atos  20:28-30).  Tal  como  S.  Paulo  tinha  predito,  a  falsa doutrina  se  tornou  um  problema  de  proporções  enormes  nessas  igrejas.  No  tempo  em  que o  livro  do  Apocalipse  foi  escrito,  algumas  delas  tinham  chegado  a  estar  quase completamente  arruinadas  por  meio  do  progresso  dos  ensinos  heréticos  e  a  apostasia resultante  (Apocalipse  2:2,  6,  14-16,  20-24;  3:1-4,  15-18). 

Mas  o  problema  da  heresia  não  ficou  limitado  a  uma  área  geográfica  ou  cultural.  Ele se  espalhou  e  se  tornou  um  tema  cada  vez  mais  tratado  pelo  conselho  apostólico  e  de vigilância  pastoral  com  o  avançar  do  tempo.  Alguns  hereges  ensinavam  que  a  ressurreição final  já  tinha  acontecido  (2  Timóteo 2:18),  enquanto  outros  alegavam  que  a  ressurreição  era impossível  (1  Coríntios 15:12);  alguns  ensinavam  doutrinas  estranhas  de  ascetismo  e adoração  a  anjos  (Colossenses  2:8, 18-23;  1 Timóteo 4:1-3),  enquanto  outros  advogavam todo  tipo  de  imoralidade  e  rebelião  em  nome  da  “liberdade”  (2  Pedro 1-3,  10-22;  Judas 4, 8, 10-13, 16).  Repetidamente  os  apóstolos  se  viam  forçados  a  repreender  fortemente  a tolerância  para  com  os  falsos  mestres  e  “falsos  apóstolos”  (Romanos 16:17-18;  2  Coríntios 11:3-4, 12-15;  Filipenses 3:18-19;  1 Timóteo 1:3-7;  2 Timóteo 4:2-5),  pois  estes  tinham  sido a  causa  do  afastamento  de  muitos  da  fé,  e  a  extensão  da  apostasia  estava  crescendo  à medida  que  o  tempo  avançava  (1Timóteo 1:19-20;  6:20-21;  2 Timóteo  2:16-18;  3:1-9,  13; 4:10, 14-16).  Uma  das  últimas  cartas  do  Novo  Testamento,  o  livro  de  Hebreus,  foi  escrita  a uma  comunidade  cristã  que  estava  a  ponto  de  abandonar  completamente  o  Cristianismo.  A Igreja  Cristã  da  primeira  geração  não  foi  caracterizada  somente  pela  fé  e  milagres;  ela  foi caracterizada  também  por  uma  crescente  desobediência  à  lei,  rebelião  e  heresia  dentro  da própria  comunidade  cristã  –  tal  como  Jesus  tinha  predito  em  Mateus  24. 

A Grande Apostasia 

Os  cristãos  tinham  um  termo  específico  para  essa  apostasia.  Eles  a  chamavam  de Anticristo.  Muitos  escritores  populares  têm  feito  especulações  acerca  desse  termo, usualmente  falhando  em  considerar  seu uso  na  Escritura.  Em  primeiro  lugar,  considere  um fato  que  sem  dúvida  assombrará  algumas  pessoas:  a  palavra  “Anticristo”  nunca  ocorre  no  livro  do Apocalipse.  Nem  uma  só  vez.  Todavia,  o  termo  é  rotineiramente  usado  por  mestres  cristãos como  um  sinônimo  de  “a  Besta”  de  Apocalipse  13.  Obviamente,  não  há  dúvida  que  a  Besta é  um  inimigo  de  Cristo,  e  por  isso  é  “anti”  Cristo  nesse  sentido;  meu  ponto,  contudo,  é  que o  termo  Anticristo  é  usado  num  sentido  muito  específico,  e  em  sua  essência  não  se  relaciona com  a  figura  conhecida  como  “a  Besta”  e  “666”.

Um erro  adicional  ensina  que  “o  Anticristo”  é  um  indivíduo  específico;  relacionado com  isso  está  a  noção  de  que  “ele”  é  alguém  que  aparecerá  no  final  do  mundo.  Todas  essas idéias,  como  a  primeira,  são  contraditas  pelo  Novo  Testamento. 

De  fato,  as  únicas  ocorrências  do  termo  Anticristo  estão  nos  versículos  abaixo,  das cartas  do  apóstolo  João: 

Filhinhos,  já  é  a  última  hora;  e,  como  ouvistes  que  vem  o  anticristo, também,  agora,  muitos  anticristos  têm  surgido;  pelo  que  conhecemos  que  é a  última  hora.  

Eles  saíram  de  nosso  meio;  entretanto,  não  eram  dos  nossos;  porque,  se tivessem  sido  dos  nossos,  teriam  permanecido  conosco;  todavia,  eles  se foram  para  que  ficasse  manifesto  que  nenhum  deles  é  dos  nossos. 

Quem  é  o  mentiroso,  senão  aquele  que  nega  que  Jesus  é  o  Cristo?  Este  é  o anticristo,  o  que  nega  o  Pai  e  o  Filho.  Todo  aquele  que  nega  o  Filho,  esse não  tem  o  Pai;  aquele  que  confessa  o  Filho  tem  igualmente  o  Pai.  

Isto  que  vos  acabo  de  escrever  é  acerca  dos  que  vos  procuram  enganar  (1 João  2:18-19,  22-23,  26).

Amados,  não  deis  crédito  a  qualquer  espírito;  antes,  provai  os  espíritos  se procedem  de  Deus,  porque  muitos  falsos  profetas  têm  saído  pelo  mundo fora.

Nisto  reconheceis  o  Espírito  de  Deus:  todo  espírito  que confessa que Jesus Cristo  veio  em  carne  é  de  Deus; e  todo  espírito  que  não  confessa  a  Jesus  não  procede  de  Deus;  pelo contrário,  este  é  o  espírito  do  anticristo,  a  respeito  do  qual  tendes  ouvido que  vem e,  presentemente,  já  está  no  mundo.

Filhinhos,  vós  sois  de  Deus  e  tendes  vencido  os  falsos  profetas,  porque maior  é  aquele  que  está  em  vós  do  que  aquele  que  está  no  mundo.  Eles procedem  do  mundo;  por  essa  razão,  falam  da  parte  do  mundo,  e  o  mundo os  ouve.  

Nós  somos  de  Deus;  aquele  que  conhece  a  Deus  nos  ouve;  aquele  que  não  é da  parte  de  Deus  não  nos  ouve.  Nisto  reconhecemos  o  espírito  da  verdade  e o  espírito  do  erro  (1  João  4:1-6).  

Porque  muitos  enganadores  têm  saído  pelo  mundo  fora,  os  quais  não confessam  Jesus  Cristo  vindo  em  carne;  assim  é  o  enganador  e  o  anticristo.

Acautelai-vos,  para  não  perderdes  aquilo  que  temos  realizado  com  esforço, mas  para  receberdes  completo  galardão.  

Todo  aquele  que  ultrapassa  a  doutrina  de  Cristo  e  nela  não  permanece  não tem  Deus;  o  que  permanece  na  doutrina,  esse  tem  tanto  o  Pai  como  o  Filho. 

Se  alguém  vem  ter  convosco  e  não  traz  esta  doutrina,  não  o  recebais  em casa,  nem  lhe  deis  as  boas-vindas.  

Porquanto  aquele  que  lhe  dá  boas-vindas  faz-se  cúmplice  das  suas  obras más  (2  João  7-11). 

Os  textos  citados  acima  incluem  todas  as  passagens  da  Bíblia  que  mencionam  a palavra  Anticristo,  e  delas  podemos  extrair  várias  conclusões  importantes: 

Primeiro,  os  cristãos  já  tinham  sido  advertidos  sobre  a  vinda  do  Anticristo  (1  João  2:18; 4:3). 

Segundo,  não  há  um  único,  mas  “muitos  Anticristos”  (1  João  2:18).  O  termo Anticristo,  portanto,  não  pode  ser  simplesmente  uma  designação  de  um  indivíduo. 

Terceiro,  o  Anticristo  já  estava  atuando  quando  S.  João  escreveu:  “também,  agora, muitos  anticristos  têm  surgido”  (1João 2:18);  “Isto  que  vos  acabo  de  escrever  é  acerca  dos que  vos  procuram  enganar”  (1João  2:26);  “este  é  o  espírito  do  anticristo,  a  respeito  do  qual tendes  ouvido  que  vem  e,  presentemente,  já  está  no  mundo”  (1João 4:3);  “Porque  já  muitos enganadores  entraram  no  mundo,  os  quais  não  confessam  que  Jesus  Cristo  veio  em  carne. Este  tal  é  o  enganador  e  o  anticristo”  (2João  7,  RC).  Obviamente,  se  o  Anticristo  já  estava presente  no  primeiro  século,  ele  não  era  alguma  figura  que  surgiria  no  final  do  mundo.

Quarto,  o  Anticristo  era  um  sistema  de  incredulidade,  particularmente  a  heresia  de  negar  a pessoa  e  obra  de  Jesus  Cristo.  Embora  os  Anticristos  aparentemente  alegassem  pertencer  ao  Pai, eles  ensinavam  que  Jesus  não  era  o  Cristo  (1João 2:22);  em  união  com  os  falsos  profetas  (1 João  4:1),  negavam  a  encarnação  (1João 4:3; 2João 7,9);  e  rejeitavam  a  doutrina  apostólica (1João  4:6). 

Quinto,  os  Anticristos  tinham  sido  membros  da  Igreja  Cristã,  mas  tinham abandonado  a  fé  (1João 2:19).  Agora  esses  apóstatas  estavam  tentando  enganar  outros cristãos,  a  fim  de  apartar  de  Jesus  Cristo  toda  a  Igreja  (1João  2:26;  4:1;  2João 7, 10). 

Colocando  tudo  isso  junto,  podemos  ver  que  o  Anticristo  é  uma  descrição  tanto  do sistema  de  apostasia como  de  indivíduos  apóstatas.  Em  outras  palavras,  o  Anticristo  era  o cumprimento  da  profecia  de  Jesus  que  um  tempo  de  grande  apostasia  chegaria,  quando “muitos  hão  de  se  escandalizar,  trair  e  odiar  uns  aos  outros;  levantar-se-ão  muitos  falsos profetas  e  enganarão  a  muitos”  (Mateus  24:10-11).  Como  João  disse,  os  cristãos  tinham sido  advertidos  da  vinda  do  Anticristo;  e,  certamente,  “muitos  Anticristos”  surgiram.  Por um  tempo,  eles  creram  no  evangelho;  mais  tarde  abandonaram  a  fé,  e  então  começaram  a tentar  enganar  a  outros,  quer  iniciando  novas  seitas  ou,  o  que  é  mais  provável,  procurando atrair  cristãos  para  o  judaísmo  –  a  falsa  religião  que  alegava  adorar  o  Pai  enquanto  negava  o Filho.  Quando  a  doutrina  do  Anticristo  é  entendida,  ela  se  encaixa  perfeitamente  com  o que  o  restante  do  Novo  Testamento  fala  sobre  a  época  da  “última  geração”. 

Um  dos  Anticristos  que  afligiu  a  Igreja  primitiva  foi  Cerinto,  o  líder  de  uma  seita judaica  do  primeiro  século.  Considerado  pelos  Pais  da  Igreja  como  “o  Arqui-herege”,  e identificado  como  um  dos  “falsos  apóstolos”  aos  quais  S.  Paulo  se  opôs,  Cerinto  era  um judeu  que  se  uniu  à  Igreja  e  começou  a  afastar  os  cristãos  da  fé  ortodoxa.  Ele  ensinava  uma deidade  menor,  e  não  o  Deus  verdadeiro,  que  tinha  criado  o  mundo  (sustentando,  com  os gnósticos,  que  Deus  era  muito  “espiritual”  para  se  preocupar  com  a  realidade  material). Logicamente,  isso  significava  também  uma  negação  da  encarnação,  visto  que  Deus  não tomaria  para  si  mesmo  um  corpo  físico  e  uma  personalidade  verdadeiramente  humana.  E Cerinto  era  consistente:  ele  declarou  que  Jesus  tinha  sido  meramente  um  homem  comum, não  nascido  de  uma  virgem;  que  “o  Cristo”  (um  espírito  celestial)  tinha  descido  sobre  o homem  Jesus  em  seu  batismo  (capacitando-o  a  realizar  milagres),  mas  então  o  deixou novamente  na  crucificação.  Cerinto  também  advogava  uma  doutrina  da  justificação  pelas obras  –  em  particular,  a  necessidade  absoluta  de  observar  as  ordenanças  cerimoniais  do Antigo  Pacto  para  ser  salvo. 

Ademais,  Cerinto  foi  aparentemente  o  primeiro  a  ensinar  que  a  segunda  vinda iniciaria  um  reino  literal  de  Cristo  em  Jerusalém  por  mil  anos.  Embora  isso  fosse  contrário ao  ensino  apostólico  do  reino,  Cerinto  alegou  que  um  anjo  tinha  lhe  revelado  essa  doutrina (assim  como  Joseph  Smith,  um  Anticristo  do  século  19,  afirmaria  mais  tarde  ter  recebido uma  revelação  angelical). 

Os  verdadeiros  apóstolos  se  opuseram  fortemente  à  heresia  de  Cerinto.  S.  Paulo admoestou  as  igrejas:  “Mas,  ainda  que  nós  ou  mesmo  um  anjo  vindo  do  céu  vos  pregue evangelho  que  vá  além  do  que  vos  temos  pregado,  seja  anátema!”  (Gálatas 1:8),  e  na  mesma carta  continuou  refutando  as  heresias  legalistas  sustentadas  por  Cerinto.  De  acordo  com  a tradição,  o  apóstolo  João  escreveu  seu  evangelho  e  suas  cartas  com  Cerinto  especialmente em  mente.  (Somos  informados  que  S.  João  entrou  certa  vez  numa  casa  de  banho  público  e reconheceu  esse  Anticristo  diante  dele.  O  apóstolo  imediatamente  deu  meia-volta  e  correu, gritando:  “Fujamos,  não  seja  que  desabe  o  edifício;  pois  Cerinto,  o  inimigo  da  verdade,  está dentro!”). 

Retornando  às  declarações  de  S.  João  sobre  o  espírito  do  Anticristo,  devemos observar  que  ele  enfatiza  outro  ponto,  muito  significante:  segundo  Jesus  predisse  em  Mateus  24,  a  vinda  do  Anticristo  é  um  sinal  “do  Fim”:  “Filhinhos,  já  é  a  última  hora;  e,  como ouvistes  que  vem  o  anticristo,  também,  agora,  muitos  anticristos  têm  surgido;  pelo  que conhecemos  que  é  a  última  hora”  (1  João  2:18).  A  relação  que  as  pessoas  geralmente  fazem  entre o  Anticristo  e  “os  últimos  dias”  é  correta;  mas  o  que  é  frequentemente  ignorado  é  o  fato que  a  expressão  os  últimos  dias,  e  termos  similares,  é  usada  na  Bíblia  para  referir-se,  não  ao fim  do  mundo  físico,  mas  aos  últimos  dias  da  nação  de  Israel,  os  “últimos  dias”  que  terminariam com  a  destruição  do  templo  em  70  d.C.  Isso,  também,  surpreenderá  a  muitos,  mas  devemos aceitar  os  ensinos  claros  da  Escritura.  Os  autores  do  Novo  Testamento  sem  dúvida  usavam a  linguagem  os  “últimos  tempos”  quando  falando  do  período  em  que  viviam,  antes  da queda  de  Jerusalém.  Como  temos  visto,  o  apóstolo  João  disse  duas  coisas  sobre  esse  ponto: primeiro,  que  o  Anticristo  já  tinha  vindo;  e,  segundo,  que  a  presença  do  Anticristo  era  prova  de  que ele  e  seus  leitores  estavam  vivendo  na  “última  hora”.  Em  uma  de  suas  primeiras  cartas,  S.  Paulo teve  que  corrigir  uma  impressão  errônea  com  respeito  ao  juízo  vindouro  sobre  Israel.  Os falsos  mestres  assustavam  os  crentes  dizendo  que  o  dia  do  juízo  estava  por  vir  sobre  eles.  S. Paulo  lembrou  aos  cristãos  o  que  ele  tinha  explicando  antes: 

Ninguém,  de  nenhum  modo,  vos  engane,  porque  isto  não  acontecerá  sem que  primeiro  venha  a  apostasia..  (2  Tessalonicenses  2:3). 

No  fim  daquela  época,  contudo,  enquanto  João  estava  escrevendo  suas  cartas,  a Grande  Apostasia  –  o  espírito  do  Anticristo,  sobre  o  qual  o  Senhor  tinha  profetizado  –  era uma  realidade. 

S.  Judas,  que  escreveu  um  dos  últimos  livros  do  Novo  Testamento,  deixa-nos  sem dúvida  sobre  esse  assunto.  Fazendo  fortes  condenações  contra  os  hereges  que  tinham invadido  a  Igreja  e  estavam  tentando  afastar  os  cristãos  da  fé  ortodoxa  (Judas 1-16),  ele recorda  aos  seus  leitores  que  eles  já  haviam  sido  advertidos  sobre  essa  mesma  coisa: 

Vós,  porém,  amados,  lembrai-vos  das  palavras  anteriormente  proferidas pelos  apóstolos  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo,  os  quais  vos  diziam:  No  último tempo,  haverá  escarnecedores,  andando  segundo  as  suas  ímpias  paixões.  São  estes os  que  promovem  divisões,  sensuais,  que  não  têm  o  Espírito  (Judas  17-19). 

S.  Judas  claramente  considera  as  advertências  sobre  os  “encarnecedores”  como  se referindo  aos  hereges  dos  seus  dias  –  significando  que  seus  dias  era  o  período  do  “último tempo”.  Como  S.  João,  ele  sabia  que  a  multiplicação  rápida  dos  falsos  irmãos  era  um  sinal do  Fim.  O  Anticristo  tinha  chegado,  e  já  era  a  última  hora. 


Fonte:  Capítulo  3  do  excelente  livro  The  Great  Tribulation, de David Chilton. 

Tradução: Felipe  Sabino de Araújo Neto

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