google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada

domingo, 27 de dezembro de 2020

Ainda não é o Fim!


Não poucos cristãos ficam alarmados diante das tragédias dos nossos dias. Quer estejamos falando de catástrofes naturais, como o tsunami, ou de decadência moral, como a legalização do “casamento” homossexual, tais acontecimentos são vistos pelo povo de Deus como “sinais dos tempos”, como uma prova de que o fim do mundo está próximo. Tais cristãos, como diria o falecido Greg Bahnsen, fazem exegese de jornal, em vez de exegese das Escrituras, a única fonte segura acerca do futuro da humanidade.

Não sabemos quando Jesus voltará. Tragédias como essas e outras bem piores já aconteceram ao longo da história da humanidade, e foram superadas, com a graça a Deus. O nazismo é um dos mais claros exemplos. Muitos achavam que Hitler era o próprio anti-cristo e que Jesus voltaria naquela geração. Pessoas que vaticinaram isso trouxeram vergonha ao nome de Deus, e ao seu Evangelho. Anunciaram uma mentira, em vez da verdade revelada por Deus nas Escrituras do Antigo e Novo Testamento.

Ora, não somos chamados a prever a proximidade da vinda do Senhor. Aliás, tal empreendimento é um exercício em futilidade, pois é impossível saber tal coisa, visto que os anjos não o sabem, e nem mesmo o Filho (o maior profeta que já pisou nesta terra) segundo a sua humanidade (Mt 24.36). Somos chamados a viver fielmente, proclamando as boas novas do Evangelho a uma geração perversa, quer experimentemos perseguição ou tempos de refrigério e tranquilidade.

Provavelmente Jesus não voltará em sua geração, leitor. Essa é e será a realidade para a vasta maioria dos cristãos em toda a história da redenção. Durante quase 2000 anos, milhares e milhares de cristãos tem experimentado a morte (por perseguição, enfermidades ou velhice), sem que Jesus tenha voltado. Contudo, mesmo que Jesus não volte na sua geração (a menos que você esteja lendo esta postagem algumas décadas ou séculos após 2015), não há motivo para tristeza e muito menos desespero. Como disse Moisés, a nossa vida cedo se corta e voamos; chegamos com muita dificuldade aos oitenta anos, e o melhor então é canseira e enfado (Salmo 90). Mas quando chegar o nosso dia de deixar esta terra de sombras, partiremos e estaremos com o Senhor (Filipenses 1.21-23). Em outras palavras, embora a Segunda Vinda de Cristo possa demorar ainda séculos ou mesmo milênios, a maioria dos cristãos esperará no máximo 80 ou 100 anos para se encontrar pessoalmente com Cristo. Assim, em vez de alarmismo e previsões tolas acerca do fim do mundo, que só envergonham o Evangelho, precisamos ser confortados e encorajados com essa verdade.

Abandonemos a teologia “The Doors” em favor de uma postura bíblica diante dos acontecimentos ao nosso redor. Deus não nos deu uma sequência exata dos eventos que precederão o fim do mundo, mas nos deu a certeza de que ele está no controle de todas as coisas. Não fomos chamados a sermos videntes, mas a vivermos por fé, e não por vista (2 Coríntios 5.7).

“This is the End” é uma música boa, mas uma péssima teologia. Ainda não é o fim!



Fonte: www.monergismo.com

 

domingo, 13 de dezembro de 2020

A Data do Livro de Apocalipse Como Isso Afeta a Nossa Interpretação? (Parte 1)



Quando o livro de Apocalipse foi escrito? Que influência o tempo da escrita têm sobre a interpretação do livro? Essa e outras questões ao redor da data são o ponto focal deste artigo. 

Duas datas possíveis são geralmente sugeridas para a escrita do livro de Apocalipse. Uma, a mais antiga, é 95 ou 96 d.C. A outra é uma data mais primitiva e é normalmente sugerida ser algo por volta de 68 d.C. Por que essas datas são importantes? Não é porque saber a data precisa ou o ano exato seja necessariamente importante. Antes, é porque há um período tão grande entre essas datas que ele influencia diretamente a interpretação e aplicação dos símbolos encontrados dentro do livro.

Por exemplo, se a data mais antiga pode ser estabelecida, então uma aplicação a um período mais precoce deve ser ignorada, especialmente visto que o livro é profético e descreve coisas que “brevemente deveriam acontecer” (Apocalipse 1:1), isto é, coisas então iminentemente futuras. Eventos que já tivessem acontecido não poderiam ser considerados de forma alguma. A destruição de Jerusalém é um evento que aconteceu em 70 d.C. Aqueles que advogam a data mais antiga não veem nenhuma referência, seja qual for, à destruição de Jerusalém no livro. Eles devem encontrar eventos futuros ao ano 95 d.C., aos quais as profecias contidas no livro devem se aplicar. 

Por outro lado, se o livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém, em ou antes de 68 d.C., então é possível para o intérprete aplicar o conteúdo do livro a esse evento. Isso torna a datação deste livro um assunto deveras muito importante. Ele é um assunto sobre o qual todo cristão deveria estar razoavelmente ciente, por causa das consequências que têm sobre um entendimento apropriado deste belo livro.

Mas essa é uma questão muito difícil para uma pessoa “comum” decidir? Não, de forma alguma. Na verdade, é somente ocultando das multidões a evidência que tal ignorância ainda prevalece sobre a data. A evidência é impressionante e convincente. O estudante mediano da Bíblia pode muito bem se assegurar do tempo geral no qual este livro foi escrito e da melhor forma de entender a sua mensagem e conteúdo. Qual é a evidência para as duas datas? 

Primeiro, a data mais antiga (95 ou 96 d.C.) é baseada puramente numa evidência externa. Por evidência externa queremos dizer evidência que se origina fora da Bíblia, ou evidência não inspirada. Ela é baseada no testemunho de um homem, Ireneu, que viveu aproximadamente de 130 a 200 d.C. Sua declaração foi preservada por um historiador da igreja chamado Eusébio, que viveu aproximadamente de 264 a 340 d.C. Assim, na melhor das hipóteses, temos um testemunho não inspirado, de segunda mão, para a data mais antiga. 

A declaração de Ireneu é a seguinte: “Se fosse necessário ter seu nome distintamente anunciado no presente tempo, sem dúvida teria sido anunciado por aquele que viu o Apocalipse; pois não foi muito antes disto que ele foi visto, mas quase em sua própria geração, nos fins do reinado de Domiciano” (citado em The Book of Revelation, Foy E. Wallace Jr., p. 25).

Com respeito à declaração acima, estudiosos têm reconhecido que não é possível determinar se Ireneu queria dizer que João foi visto pelo tutor de Ireneu, Policarpo, ou se “o Apocalipse foi visto nos fins do reinado de Domiciano”. Tal ambiguidade destrói este argumento como evidência. Mesmo Eusébio, que registrou essa declaração, duvidava que João, o apóstolo, tinha escrito do livro de Apocalipse. O ponto aqui é o seguinte: se a declaração não foi forte o suficiente para convencer Eusébio que João tinha sequer escrito Apocalipse, por que muitos pensam hoje que ela é forte o suficiente para convencer a alguém que o apóstolo viu tal livro durante o reinado de Domiciano (95 d.C.)? O mínimo que se pode dizer é que esse argumento é fraco. 

Outros que comentam sobre a declaração dizem: “Sua citação (de Eusébio) nem sequer menciona ‘a escrita’ de Apocalipse, mas refere-se somente ao tempo quando certas pessoas anônimas alegavam ter visto o apóstolo ou a profecia, ninguém sabendo qual. Isso não prova nada. E mais: isso se ele quis dizer que o Apocalipse foi visto, e se o que estava originalmente contido na citação pudesse ter referência à tradução grega , se é que de fato referia-se ao Apocalipse. Aí vai se embora o caso todo para a data mais antiga (Commentary on Revelation, Burton Coffman, p 4). 

Finalmente, Ireneu disse da idade de Jesus, “mas a idade de 30 anos é a primeira da mente de um jovem, e que essa alcança até mesmo os quarenta anos, todo o mundo concordará: mas após os quarenta e cinqüenta anos, começa a se aproximar da idade velha: na qual o nosso Senhor estava quando ensinou, como o Evangelho e todos os Anciãos testemunham…” (Citado em Before Jerusalem Fell, Kenneth L. Gentry, p. 63). Podemos confiar no testemunho de um homem que diz que Jesus ensinou por 15 anos e que tinha cinqüenta anos de idade quando morreu? Todavia, basicamente existe apenas o seu testemunho para a data mais antiga! 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Fonte: http://www.allthingsfulfilled.com/


 

domingo, 22 de novembro de 2020

Pré-Milenismo e Dispensacionalismo comparados




Estritamente falando, pré-milenismo e dispensacionalismo pertencem à mesma escola na qual se ensina que a vinda pessoal e visível de Cristo acontecerá antes de um reino futuro de mil anos de Cristo. Há várias similaridades em suas visões. Ambas ensinam um reino de mil anos (milenar) literal. Ambas ensinam que este milênio e reino são futuros. Ambas ensinam que o reino milenar de Cristo é terreno, centrado na cidade de Jerusalém, e que ali Cristo reinará sobre a terra pessoal e visivelmente. Ambas ensinam que as promessas de Deus a Abraão e à nação judaica, com respeito à terra, têm um cumprimento futuro, literal e terreno para esta nação. Ambas creem que “Israel” na Escritura refere-se sempre e somente aos descendentes físicos de Abraão: os judeus. E ambas as visões ensinam mais de uma ressurreição e mais de um julgamento.

Há, todavia, diferenças importantes entre o pré-milenismo e o dispensacionalismo. O dispensacionalismo ensina duas vindas de Cristo antes do milênio (mil anos antes do fim da história), a saber, o arrebatamento e a revelação (a vinda de Cristo para os seus santos e a vinda de Cristo com eles). O dispensacionalismo também ensina um arrebatamento secreto e iminente que ocorrerá antes da grande tribulação, o que significa que a igreja não passará pela tribulação, mas estará com Cristo.

O dispensacionalismo ensina que a igreja do Novo Testamento é um “parênteses” na história; e que somente a nação judaica constitui o povo e reino de Deus. Similarmente, a visão dos dispensacionalistas é que o reino milenar de Cristo será um reino exclusivamente judaico; isto é, os judeus e somente eles são o povo do reino. Juntamente com tudo isto, o dispensacionalismo ensina que o Espírito Santo estará ausente da terra durante o tempo entre o arrebatamento e a revelação, às duas vindas pré-milenares de Cristo.

Para aumentar ainda mais a confusão, o dispensacionalismo antigo das notas da Bíblia de Estudo Scofield ensina diferentes formas de salvação para judeus e gentios, negando que a salvação no Antigo Testamento era unicamente pelo sangue e sacrifício de Jesus Cristo e através da fé nele. Em contraste, o pré-milenismo histórico ensina corretamente que o arrebatamento e a revelação são um evento, e não dois. O pré-milenismo histórico nega também um arrebatamento secreto e iminente, e insiste que a igreja passará pela grande tribulação dos últimos dias. Contra o dispensacionalismo, o pré-milenismo histórico também ensina que a igreja tem uma parte e lugar no reino de Cristo e não é um “parênteses” na história entre os tratamentos passados e futuros de Deus com os judeus. Finalmente, o pré-milenismo histórico não conhece nada do ensino herético das notas dispensacionalistas da Bíblia de Estudo Scofield, que dizem que há diferentes formes de salvação nas diferentes dispensações, e que ensinam a noção estranha e anti-bíblica que o onipresente Espírito Santo será retirado da terra durante um período de tempo.

Cremos que embora o pré-milenismo histórico seja livre de muitos dos falsos ensinos do dispensacionalismo, ele não vai muito longe. Como esperamos explicar, tanto a variedade antiga como a nova do pré-milenismo também são anti-bíblicas.



 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A "grande tribulação" de Mateus 24 é Diferente da "grande aflição" de Lucas 21?



"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais". (Mateus 24.21)

"Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo". (Lucas 21.23)

A "grande tribulação" descrita no evangelho de Mateus é a mesma "grande aflição" do evangelho de Lucas? Os evangelhos estão falando do mesmo assunto? Segundo alguns pregadores de escatologia, não.

Veja isto no comentário de Norbert Lieth:

"Em Lucas 21.20 e 24 o Senhor diz: "Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Cairão ao fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles." Isso cumpriu-se em 70 d.C.

Mas Mateus 24 menciona algo que não aparece no Evangelho de Lucas, pois cumprir-se-á apenas nos tempos do fim: "o abominável da desolação" (v. 15).

No Evangelho de Lucas, que trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C., está escrito: "...haverá grande aflição na terra" (Lc 21.23) (não está escrito: "grande tribulação"). Mas em Mateus 24, que em primeira linha fala dos tempos do fim, lemos sobre uma "grande tribulação" "como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais" (v. 21). A expressão "grande tribulação" diferencia nitidamente a angústia de 70 d.C. da "grande tribulação" no final dos tempos".[1]

Em que Norbert Lieth se baseia para dizer que a "grande tribulação" de Mateus 24 seja diferente da "grande aflição" de Lucas 21?

No mesmo artigo ele explica:

"Como já foi mencionado, não creio que em Mateus 24.15 o Senhor Jesus esteja referindo-se à destruição do templo em 70 d.C., mas penso que Ele está falando do tempo do fim. Ele menciona a destruição do templo e de Jerusalém em Lucas 21, fazendo então a ligação com os tempos finais. Aliás, este é o sentido dos quatro Evangelhos: apresentar ênfases diferenciadas dos relatos. Os Evangelhos tratam da profecia como também nós devemos fazê-lo, manejando bem a palavra da verdade (2 Tm 2.15)".[2] (o grifo é meu)

Porque há ênfases diferenciadas nos evangelhos? Isto depende do público alvo para quem o evangelho foi escrito. Por exemplo, o público alvo de Lucas é a população dos gentios de língua grega e no evangelho de Mateus existe "a intenção de provar aos judeus que Jesus Cristo é o Messias prometido".[3]

Portanto, é de se esperar que Mateus diga "grande tribulação" ao invés de "grande aflição" e também que fale sobre coisas das quais Lucas omite, tal como o Abominável da Desolação de Daniel cuja linguagem escriturística o povo judeu estava mais familiarizado.

A "grande tribulação" do evangelho de Mateus e a "grande aflição" descrita em Lucas, trata-se do mesmo assunto. Em ambos os evangelhos, as recomendações de Jesus para o tempo da tribulação são exatamente as mesmas. Veja:

1. A tribulação é de nível local sendo possível fugir dela (Mateus 24.16, 17; Lucas 21.21);

2. Advertência para as gravidas (Mateus 24.19, 20; Lucas 21.23).

O principal ponto é que tanto em Mateus como em Lucas, Jesus encerra a questão com a seguinte frase: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça". (Mateus 24.34; Lucas 21.32)

Ninguém pode fugir do fato de que aquela geração dos dias de Jesus experimentou todos aqueles acontecimentos descritos em ambos os evangelhos de Mateus 24, Lucas 21 e também Marcos 13.

Uma vez que Norbert Lieth disse que Lucas "trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C", então, quem é a geração que veria aqueles acontecimentos (Lucas 21.32)? Se afirmar que Lucas estava referindo-se aquela geração, porque então Mateus 24.34 refere-se a qualquer outra geração futura?

Seja a "grande tribulação" ou "grande aflição", o fato é, que tanto Mateus como Lucas, falam do mesmo evento ocorrido em Jerusalém no ano 70 d.C. Aquela geração que viu Jesus não passou sem ver a chegada do Reino de Deus e a destruição de Jerusalém e seu Templo.

O "abominável da desolação" descrito em Mateus 24.15 é "Jerusalém sitiada de exércitos" de acordo com Lucas 21.20, e não o Anticristo.

Portanto, nós cristãos, não esperamos mais por uma grande tribulação futura, mas o cumprimento do Reino de Deus conquistando definitivamente todas as nações da terra, trazendo assim bençãos sobre o mundo e por fim a volta de Jesus.

"A fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade". (Atos 3.20, 21 - o grifo é meu)




Fonte: www.revistacrista.org


________________________
Notas:


1. Artigo: 3 Perguntas Sobre o Fim dos Tempos. Autor: Norbert Lieth.
...Site: http://www.chamada.com.br/mensagens/fim_dos_tempos.html
...Acessado dia 16 de Junho de 2013

2. Idem nº 1.

3. Artigo: Evangelho de Mateus.
...Site: www.gotquestions.org/Portugues/Evangelho-de-Mateus.html
...Acessado dia 18 de Junho de 2013


 

domingo, 18 de outubro de 2020

Interpretação Preterista das Profecias



Neste artigo trataremos do assunto preterismo quanto as profecias bíblicas. Em termos teológicos o preterismo é o método de interpretação das profecias considerando-as cumpridas na geração que estava viva quando Jesus pregou. Exceto as profecias da sua segunda vinda, obviamente mais claras no Novo Testamento são futuristas, o que indicam que as Escrituras são em um percentual de preterismo bem maior e mais abrangente.

Isto significa que a observação preterista não trata alegoricamente as profecias apesar de considerar as aplicações dos textos para a vida cristã. O valor da profecia é de caráter comprobatório dos feitos de Deus, dos seus Atributos, Decretos e Vontade. Em última análise o preterista se assegura de que se é fato que se iniciou uma obra, ainda que na expressão das tipologias até que Cristo as cumprisse plenamente e eternamente - "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção." (Hb.9:11-12)


Para este artigo faremos uma análise de Gn.12:1-3, numa das passagens que mais tende a ser interpretada de modo futurista. A figura de Abrão nesta passagem é tão alegorisada que parece ser quase inexistente historicamente e contextualizadamente.

O caso entre Abrão, a bênção e a descendência


A exposição de Gênesis 12 talvez tenha uma única profecia que esteja além de Abrão. Justamente o fim do versículo 3 (e em ti serão benditas todas as famílias da terra) sugere que está seja uma profecia que se estenda a outros, exclusivamente aos que creem seguindo as linhas de interpretação de Paulo e o autor de Hebreus (Rm.9-11, Gl.3, Hb.12).

Então, do que se trata o abençoarei os que te abençoarem? O que o texto em seu contexto expõe é que (1) do versículo 1 ao 3 uma palavra é direcionada a Abrão especificamente; (2) A prova disso é que o fim do verso 2 mostra que Abrão "será uma benção."

Seria subjetivo pensar que o texto diga que a bênção é externa, porque o texto aponta para Abrão e a única benção claramente externa é para os descendentes (e em ti serão benditas todas as famílias da terra), isto é indicado quando observamos que Deus, a partir de Abraão fará uma grande nação (v.2) e que as famílias da terra serão benditas (v.3).

Se a sua descendência estará nas famílias da terra isto com certeza não tem a ver com bênçãos materiais ou nacionais porque João ao batizar adverte os hipócritas de que ser israelita não é pressuposto de ser filho de Abraão (Mt 3).

Alegorismo meritório


O historicismo é outro método de interpretação das profecias. Os eventos podem ser vistos com certo preterismo, mas fundamentalmente as profecias produzem marcas históricas que entram o pensamento, atitudes e a espiritualidade. Os riscos desse método recaem no que ocorreu no segundo século, quando Montano alegava que a inspiração Bíblica não estava encerrada. Isto significa que o historicismo tende a ter certo grau alegorizar as profecias, entendendo que um feito passado acarretará num efeito colateral espiritual generalizado. O dispensacionalismo analisa que todo Israel nacional vai ser separado para correção, é a alegorização das 70 semanas de Daniel. Parece que perigosamente o pecado de Israel em rejeitar a Cristo dará a eles o mérito de serem corrigidos de modo especial num futuro ou então pretendem alegar que ter nascido hebreu dá alguma condição de prioridade quanto as coisas eternas e insondáveis.

No Brasil tende-se a pensar que o Voto de Minerva dado por Oswaldo Aranha, na Convenção das Nações Unidas de 1947, para confirmação de um Estado de Israel trouxe benefícios espirituais porque os futuristas ou historicistas põe a profecia num patamar alegórico e aberto. Já que Abrão é figura representativa da nação e quem o abençoar será abençoado, logo o Brasil está sendo abençoado pelo voto de Minerva. Fatalmente uma interpretação alegórica das profecias, uma vez que elas são muito abrangentes ou gerais com relação aos hebreus estão correndo o risco de serem manipuladas como Montano fazia com o caso da inspiração Bíblica.

Vale a pena fazer uma correção aqui quanto a este caso do Brasil porque como apresentado bem no início, na análise de Gn.12:1-3, existem coisas muito específicas a Abrão e não necessariamente a outros. Então, porque o Brasil é abençoado? Porque Deus tem misericórdia de nós não porque fizemos isso ou aquilo, mas pela sua soberana vontade, escondida, insondável e impenetrável (Rm.16:33). O Risco da teologia do mérito recai em muitos pontos místicos na interpretação das profecias.



Fonte: www.novosreformadorescristaos.blogspot.com.br



 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Erros Adicionais do Dispensacionalismo



Mencionamos anteriormente o que cremos ser os erros principais do dispensacionalismo. Outros erros são os seguintes: 

A separação de Israel e a Igreja feita pelo dispensacionalismo. Um dos fundamentos do dispensacionalismo é que Israel é Israel, e a Igreja é a Igreja, e nunca os dois podem ser confundidos. Isto é contrário ao ensino da Escritura de que o “Israel” do Antigo Testamento, tanto natural como espiritualmente, é a Igreja (Rm. 2:28,29). Em Atos 7:38 Israel é chamado de “a igreja no deserto”. Em Hebreus 12:22-24, Jerusalém e Sião são identificados com a Igreja (veja também Gl. 3:29 e Fp. 3:3). Em Apocalipse 2:9,10, a noiva, a esposa do Cordeiro, é identificada com a santa Jerusalém. 

A separação no dispensacionalismo entre a obra de Cristo em favor dos judeus e sua obra em favor da Igreja. O dispensacionalismo ensina que Cristo é o Rei de Israel, mas o Cabeça da Igreja. As notas da Bíblia de Estudo Scofield ensinam até mesmo que o povo do Antigo Testamento foi salvo de outra forma que não pela fé na obra expiatória de Cristo e que Deus tem mais de um plano de salvação. Isto é contrário ao claro ensino da Escritura que Cristo é o mesmo Salvador, tanto no Antigo como no Novo Testamento (Gl. 3:28,29; 1Tm. 2:5,6; Hb. 11:6). 

A exclusão dos santos do Antigo Testamento do “corpo” e da “noiva” de Cristo feita pelo dispensacionalismo. Isso procede, certamente, da separação que ele faz entre Israel e a Igreja, e entre a relação de Cristo para com Israel como Rei, e para com a Igreja como Cabeça. Mas tal ensino também é contrário à Escritura, que inclui os santos do Antigo Testamento “na família da fé” e numera-os no corpo e noiva de Cristo (Ef. 2:11-18, especialmente v. 16, que fala do fato que judeus e gentios foram reconciliados “em um corpo”; Ap. 21:9,10, onde “a noiva, a esposa do Cordeiro” é identificada com a santa Jerusalém). 

O ensino do dispensacionalismo que o Espírito Santo será retirado da terra durante o período de sete anos entre o rapto e a revelação. Durante este período os judeus supostamente serão salvos e trazidos à fé em Cristo sem as operações soberanas e graciosas do Espírito Santo. Isto, também, é contrário ao ensino da Escritura de que a fé é o dom de Deus através do Espírito Santo, e é contrário também ao ensino bíblico de que a regeneração, ou o novo nascimento, que é essencial para a salvação, é obra exclusiva do Espírito (Jo. 3:3-8; Ef. 2:8). 

O ensino do dispensacionalismo com respeito ao assim chamado “mistério” da Igreja. O dispensacionalismo clássico ensina que a história da Igreja no Novo Testamento é um “parêntese” e que a própria Igreja é um mistério nunca mencionado no Antigo Testamento. Isto contradiz o ensino da Escritura, que não somente profetiza a Igreja, mas realmente vê o Israel verdadeiro como a Igreja e a Igreja como Israel. Em Atos 15:13ss, Tiago aplica uma profecia do Antigo Testamento com respeito à Israel para o estabelecimento das igrejas gentílicas do Novo Testamento (compare isto com Atos 7:38). Da mesma forma, a Igreja não é vista na Escritura como um “parêntese”, mas como o objetivo e propósito de toda a obra de Deus na história. Ela é “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Ef. 1:22, 23), a “igreja gloriosa” que ele apresenta a si mesmo por toda a sua obra salvadora (Ef. 5:25-27). 

Por todas estas razões, o dispensacionalismo deve ser rejeitado. 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 301-302.  

 

domingo, 20 de setembro de 2020

Os 144 Mil Selados


 

Como a ira do Cordeiro contra os judeus registrada em Apocalipse, testemunhamos uma pausa surpreendente no drama terrível. Quatro anjos estão retendo o vento “da terra”, quer dizer, de Israel (7.1-3). Esse ato é uma imagem simbólica, que relata o que Robert Thomas chama (em outro lugar) de “apocalíptico pitoresco”.1 Os anjos não estão literalmente segurando os ventos, mas os ventos de destruição (v. Jr. 49.36,37; 51.1,2). Os primeiros seis selos representam a fase inicial da guerra dos judeus, em que Vespasiano lutou a seu modo pela Galiléia em direção a Jerusalém. Mas antes de ele ter uma oportunidade para sitiar Jerusalém, a ação é interrompida enquanto esses anjos selam os 144.000 das doze tribos de Israel (Ap. 7.3).

O número 144.000, como a maioria dos estudiosos concorda, é certamente simbólico. Na realidade, em Apocalipse todos os milhares perfeitamente arredondados parecem ser simbólicos. Dez é o número quantitativo de perfeição, e mil o cubo de dez. Com freqüência as Escrituras usam o número 1.000 como valor simbólico, e não expressa uma enumeração literal (e.g., Êx. 20.6; Dt. 1.11; 7.9; 32.30; Js. 23.10; Jó 9.3; Sl. 50.10; 84.10; 90.4; 105.8; Ec. 7.28; Is. 7.23; 30.17; 60.22; 2Pe. 3.8). Além disso, nesse livro altamente simbólico, deveríamos notar que exatamente 12.000 pessoas vêm de cada uma das doze tribos. Mas o que simboliza o número? E quem são essas pessoas? Qual é o significado desse episódio?

Para avaliar essas perguntas corretamente, temos de lembrar os seguintes fatos: 1) Os acontecimentos estão ocorrendo no século I, conforme João tão claramente afirma (1.1,3; 22.6,10); 2) Os julgamentos estão caindo sobre Israel e se direcionando para Jerusalém (v. discussão anterior em 1.7 e caps. 5 e 6); 3) O cristianismo apostólico tendeu a se focalizar em Jerusalém (v. At. 1.4,8; 18.21; 20.16; 24.11);2 4) João considera os judeus não-cristãos como os que “se dizem judeus mas não são”, pois são membros da “sinagoga de Satanás” (Ap. 2.9; 3.9; v. Jo. 8.31-47). 

Por conseguinte, esses “servos de Deus” das “doze tribos de Israel” (7.4-8) são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação aparecem posteriormente com ele no Monte Sião, 14.1-5).3 Quando comparamos seu número especificamente definido (144.000) com “a grande multidão que ninguém podia contar” (7.9), esse número é relativamente pequeno. Mas eles representam um número perfeito, especialmente amado por Deus e que pertencem a ele (são verdadeiros judeus, o remanescente, v. Rm. 2.28,29; 9.6,27; 11.5). Assim, o Senhor coloca seu selo (espiritual) neles (Ap. 7.3; v. 2Co. 1.22; Ef. 1.13; 4.30; 2Tm. 2.19). De certo modo, o selar deles é a resposta à pergunta: “Quem poderá suportar?” (Ap. 6.17). A resposta: Somente aqueles que Deus protege – precisamente como o pano de fundo do AT (Ez. 9.4-9). 

Em outras palavras, antes que a guerra dos judeus alcance e subjugue Jerusalém, Deus, providencialmente, proporciona rápida cessação de hostilidades, permitindo aos judeus cristãos na Judéia escapar (como Jesus deseja em Mt. 24.16-22). Isso aconteceu quando o imperador Nero se matou (68 d.C.), fazendo os generais romanos Vespasiano e Tito cessar as operações e bater em retirada por um ano devido ao tumulto em Roma.4 Sabemos mediante os pais da igreja Eusébio e Epifânio que os cristãos fugiram para Pella antes da guerra subjugar Jerusalém (Eusébio, História eclesiástica 3.5.3; Epifânio, Heresies 29.7). 


Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador), Editora Vida, p. 58-60.