O significado da esperança para uma pessoa, a função da visão para o
seu estilo de vida, a necessidade crítica de cálculo exato e planejamento sábio,
e as ramificações éticas das expectativas históricas de alguém têm sido
repetidamente enfatizadas e ilustradas na futurologia (o estudo do futuro) que
se tornou firmemente arraigada no pensamento moderno, da psicologia e
moralidade à economia e sociologia. O espírito da nossa época tomou um
rumo escatológico. Contrapartes seculares ao apocalipticismo e várias
perspectivas milenaristas podem ser descobertas, e reproduções teológicas ao
utopianismo humanista e engenharia política são da mesma forma
encontradas. Sua visão do futuro, quer origine-se da revelação ou
extrapolação, não é uma questão indiferente ou irrelevante; sua atitude para
com a história não é simplesmente especulação fútil. Idéias têm
conseqüências!
Num artigo anterior (“Future and Folly”)2
discuti o que certos teólogos
radicais têm dito sobre o futuro, como eles o divinizaram e politizaram. Para
eles a escatologia se tornou uma esperança humanista – uma esperança
possível somente negando-se a transcendência de Deus sobre o tempo e
removendo o conteúdo de Sua palavra com suposições alienadas e
antagônicas. Uma visão afirmativa da história para eles procede de uma visão
negativa da Escritura.
Por outro lado, existem teólogos que tomam uma visão negativa da
história e alegam que isso procede de uma visão positiva da Escritura. De
acordo com essa perspectiva, a esperança cristã reside não nos ganhos
positivos a serem desenvolvidos na história, mas antes em seu escape do
clímax de uma tendência firmemente degeneradora na história. Isto é, à
medida que as coisas ficam piores e piores em termos de condições mundiais
e respostas ao evangelho, o crente pode aguardar o seu “arrebatamento
secreto” do mundo antes da grande tribulação, para a qual a história está se
movendo. Supõe-se que todos os crentes genuínos, juntamente com os
mortos em Cristo, serão tomados da Terra para estarem com o Salvador
durante os poucos anos restantes da presente época histórica. O período de
tribulação sobre a Terra terminará com o retorno de Cristo; seguindo Sua segunda vinda haverá um longo período de tempo (o milênio) que terminará
com a ressurreição dos ímpios no julgamento final deles.
Obviamente, qualquer cristão que ame ao Senhor não desprezará Sua
palavra revelada como fazem os teólogos radicais. O crente deseja ver a
história (incluindo o futuro) através das lentes da verdade bíblica. Qual deveria
ser sua perspectiva então? Ele não pode ser indiferente para com o futuro;
assim, o que ele deverá pensar e fazer com respeito a isso? A escolha é entre
uma esperança secularizada na política humana e uma esperança retrocessiva no
arrebatamento? Repudiando a teologia radical, o cristão é forçado pela palavra
a Deus a antecipar o arrebatamento secreto um pouco antes do fim dessa era?
Não penso assim, e pela simples razão que a Escritura não ensina que o
arrebatamento dos crentes será secreto ou separado por um período de tempo
significativo a partir do término da presente época.
Quando os santos serão arrebatados da Terra para encontrar ao seu
Senhor? Quando os crentes serão “arrebatados… nas nuvens, a encontrar o
Senhor nos ares”, para estar com ele para sempre (1Ts. 4:17)? A passagem
citada deixa claro que o arrebatamento coincide com (1) a ressurreição dos
santos (vv. 13-16, e “juntamente com eles” no v. 17), e (2) a vinda do Senhor
do céu (v. 16). A Escritura em outro lugar esclarece quando esses dois eventos
ocorrerão.
Primeiro, a ressurreição dos santos ocorrerá na vinda de Cristo, a qual
trará o fim (1Co. 15:23-24). Cristo declara que ele nos ressuscitará no último dia
(João 6:39-40, 44, 54). Além do mais, os santos e os ímpios existirão na Terra
até o dia “da colheita” do julgamento de Deus sobre o “joio” (Mt. 13:24-30);
os redimidos e os ímpios não serão separados até a consumação dos séculos (Mt.
13:47-50).3 Portanto, a ressurreição dos santos deve coincidir com a
ressurreição dos ímpios (uma seguindo logo após a outra); quando os crentes
saírem para a ressurreição da vida, naquele tempo todos nos túmulos também
sairão, incluindo os ímpios que forem ressuscitados para o julgamento (João
5:26-29). Vemos, então, que não existe nenhum intervalo significante entre o
arrebatamento dos santos, a ressurreição dos mortos em Cristo, a ressurreição
e julgamento dos ímpios, e o fim desta era.
Em segundo lugar, a vinda do Senhor mencionada em 1Ts. 4:16 é
também chamada de o “dia do nosso Senhor Jesus Cristo”, quando os santos
serão encontrados irreprensíveis; esse dia coincide com o fim (1Co. 1:7-8).
Além do mais, a vinda do Senhor mencionada em 1Ts. 4:15 trará a
glorificação dos santos (cf. Rm. 8:17, 23; 1Co. 15:43; Fp. 3:21; 1Jo. 3:2). Paulo
une o retorno de Cristo e a glorificação dos santos em 2Ts. 1:7-10; ele deixa
bem claro ali que esses dois eventos serão acompanhados pelo julgamento dos
ímpios. Isso confirma o que lemos em outro lugar, a saber, que quando Cristo
estabelecer seu tribunal de julgamento eterno, toda a humanidade, incluindo as ovelhas e os bodes (isto é, os redimidos e os réprobos), será julgada (Mt.
25:31-34, 41, 46). Vemos, então, que não existe nenhum intervalo significante
entre o arrebatamento dos santos, a vinda do Senhor, a glorificação dos
santos, o julgamento geral da humanidade (incluindo os ímpios), e o fim desta
era.
Devemos concluir a partir da palavra de Deus que o arrebatamento não
ocorrerá antes do último dia da história, que ele não deixará para trás o
mundo dos ímpios, e que não será separado da ressurreição e julgamento dos
ímpios. O arrebatamento pré-tribulacional sete (ou três e meio) anos antes do
retorno do Senhor é contrário ao ensino da Bíblia. Além disso, deve ser
notado que o arrebatamento dos santos será tudo menos um evento secreto; será
acompahado com o alarido de Cristo, a voz de arcanjo, e a trombeta de Deus
(1Ts. 4:16-17). Ninguém perderá isso.
Consequentemente, o cristão não é forçado a escolher entre uma
afirmação humanista da história e um recuo bíblico da história. Sua
perspectiva sobre a história e sua esperança nela não deve ser encontrada na
divinização da política nem no arrebatamento. Uma visão positiva da
Escritura e da história andam de mão dadas. Antes da ressurreição dos santos
(isto é, a derrota do último inimigo, a morte) Cristo deve reinar até que
coloque cada um dos inimigos sob os seus pés (1Co. 15:25-26). Teólogos
radicais, bem como dispensacionalistas falham em ver que na história antes da
parousia, os reinos do mundo se tornarão o reino do nosso Senhor e do Seu
Cristo (Ap. 11:15). Essa visão e esperança de fato têm consequências!
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte: http://www.cmfnow.com/
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