google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : 1 Tessalonicenses 4 e Dispensacionalismo

quinta-feira, 18 de julho de 2019

1 Tessalonicenses 4 e Dispensacionalismo



Lemos Um  leitor  nos  envia  o  seguinte  questionamento:  “Em  I  Tess.  4,  está  escrito  que  os salvos  encontrarão  com  o  Senhor  nos  ares  (mortos  e  vivos),  isto  é  Pré-milenismo  e pré-tribulacionismo;  mas  há  muita  contestação,  pois  se  alega  que  Cristo  não  poderia voltar  várias  vezes  – onde  está  escrito na  Bíblia  que  Jesus  só  vai  voltar  uma  vez?”. 

A  pergunta  certamente  tem  haver  com  os  versículos  13  a  18,  onde  se  lê:  “Não  quero, porém,  irmãos,  que  sejais  ignorantes  acerca  dos  que  já  dormem,  para  que  não  vos entristeçais,  como  os  demais,  que  não  têm  esperança.  Porque,  se  cremos  que  Jesus morreu  e  ressuscitou,  assim  também  aos  que  em  Jesus  dormem,  Deus  os  tornará  a  trazer com  ele.  Dizemos-vos,  pois,  isto,  pela  palavra  do  Senhor:  que  nós,  os  que  ficarmos  vivos para  a  vinda  do  Senhor,  não  precederemos  os  que  dormem.  Porque  o  mesmo  Senhor descerá  do  céu  com  alarido,  e  com  voz  de  arcanjo,  e  com  a  trombeta  de  Deus;  e  os  que morreram  em  Cristo  ressuscitarão  primeiro.  Depois  nós,  os  que  ficarmos  vivos,  seremos arrebatados  juntamente  com  eles  nas  nuvens,  a  encontrar  o  Senhor  nos  ares,  e  assim estaremos  sempre  com  o  Senhor.  Portanto,  consolai-vos  uns  aos  outros  com  estas palavras”. 

Este  texto  nos  fala  de  dois  eventos  finais  que  aconteceriam  a  Igreja:  a)  a  ressurreição dos  cristãos  mortos;  e  b)  o  arrebatamento  dos  cristãos  vivos.  Este  texto,  a  princípio,  não nos  diz  nada  sobre  as  posições  Pré-Milenista  e  Pré-Tribulacionista.  A  intenção  de  S. Paulo  é  confortar  o  coração  dos  cristãos  para  os  quais  escrevem,  ao  que  parece,  aquela Igreja  estava  sendo  assediada  por  uma  heresia  que  negava  a  ressurreição  dos  mortos. Então,  Paulo  responde:  não  deem  ouvidos  a  este  ensino,  pois  nossa  fé  baseia-se  na ressurreição  do  Cristo,  e  se  Cristo  Ressuscitou,  os  mortos  em  Cristo  ressuscitarão também.  

Certamente,  eles  estavam  apavorados  com  a  ideia  de  que  os  seus  mortos  jamais veriam  a  vitória  final  da  Igreja,  que  eles  haviam  morrido  sem  receber  a  recompensa  que tanto  esperavam.  Por  isso  Paulo  diz  que  eles  seriam  recompensados  antes  dos  vivos: “Dizemos-vos,  pois,  isto,  pela  palavra  do  Senhor:  que  nós,  os  que  ficarmos  vivos  para  a vinda  do  Senhor,  não  precederemos  os  que  dormem.  Porque  o  mesmo  Senhor  descerá do  céu  com  alarido,  e  com  voz  de  arcanjo,  e  com  a  trombeta  de  Deus;  e  os  que morreram  em  Cristo  ressuscitarão  primeiro”.  Estavam  sendo  ensinados  –  por  algum herege  daqueles  dias  -  que  seus  mortos  haviam  perdido  a  recompensa,  pois  quando Cristo  voltasse,  estariam  mortos;  Paulo,  porém,  diz  que  justamente  o  oposto:  já  que morreram, se  encontrarão primeiro com  Jesus,  pois  o mortos ressuscitarão  primeiro.

Então,  este  é  o  telos  da  perícope  em  questão,  ou  seja,  sua  intenção  central.  Nada  no texto  sugere  que  Paulo  escreveu  para  ensinar  que  Jesus  voltaria  antes  do  Reino  ser inaugurado  (Pré-Milenismo),  ou  antes  de  haver  uma  Grande  Tribulação  (Pré-tribulacionismo).  Tais  temas  sequer  são  mencionados  no  texto,  como  podem  conferir por  si  mesmos.  Tudo  o  que  Paulo  está  dizendo  é  que  os  mortos  se  encontrariam  com Cristo  primeiro,  e  que  os  vivos,  se  encontrariam  com  ele  depois,  por  meio  do arrebatamento.

 Agora,  sobre  a  questão  de  Cristo  poder,  ou  não,  voltar  mais  de  uma  vez,  vale  dizer  o seguinte:  para  nós,  preteristas,  há,  sim,  duas  “vindas”  escatológicas  de  Cristo.  A primeira  vinda  foi  simbólica,  em  Juízo  contra  Jerusalém,  em  70  d.C,;  a  outra,  ainda futura,  se  dará  de  modo  corporal,  quando  ele  viver  ressuscitar  os  mortos  e  transformar os  vivos, na  inauguração  do Estado Eterno. 

O problema  com  a  posição  Dispensacionalista  é  que  ela  se  vê  obrigada  a  aceitar  várias ressurreições  finais,  e  não  apenas  esta  descrita  nas  Escrituras.  Para  sustentar  o Dispensacionalismo, se  precisa  de  várias  ressurreições  finais: 

1)  Os  dispensacionalistas  precisam  de  uma  ressurreição  de  salvos  antes  da  Grande Tribulação  começar  (aqui  ressuscitam  os  salvos  da  'Era  da  Igreja'); 

2)  Os  dispensacionalistas  precisam  de  uma  ressurreição  de  salvos  no  fim  da  Grande Tribulação (aqui  ressuscitam  os  salvos que  morreram  na  'Grande  Tribulação”); 

3)  Os  dispensacionalistas  precisam  de  uma  ressurreição  de  salvos  quando  o  Milênio acabar  (aqui  ressuscitam  os  salvos  que  morreram  durante  o  'Milênio'). 

Em  quarto  lugar,  eles  ainda  precisam  de  uma  Ressurreição  Final  para  os  condenados; ou  seja,  o  dispensacionalismo  acredita  em  4  ressurreições  finais.  No  entanto,  isso contraria  seu  pressuposto  hermenêutico  principal,  pois  alegam  a  obrigatoriedade  de interpretar  as  Escrituras  literalmente.  E  é  com  base  em  seu  apego  a  literalidade,  que  os dispensacionalistas  ensinam  que  haverá  duas  ressurreições  finais,  a  “primeira ressurreição”,  para  os  salvos,  na  Vinda  de  Cristo,  e  a  “segunda  ressurreição”,  para  a Morte,  na  época  do  Julgamento  Final.  Entretanto,  como  acabamos  de  ver,  aquilo  que eles chamam  de  “primeira  ressurreição”  é, na  verdade, três  ressurreições,  não uma.
   
De  modo  que,  apesar  de  Paulo,  no  texto  que  comentamos  na  primeira  parte  deste artigo,  não  falar  especificamente  sobre  estes  temas,  o  fato  de  ele  dizer  que  os  mortos  em Cristo  ressuscitaram  uma  vez,  e  que  os  vivos  serão  transformados,  e  depois  disso, “estaremos  para  sempre  com  o  Senhor”  (v.17),  destrói  completamente  as  teorias dispensacionalistas. 


2 comentários: