google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada

sábado, 15 de agosto de 2020

O Mito do “Literalismo Consistente”

 


O literalismo é considerado por muitos como um teste de ortodoxia – a única hermenêutica pela qual alguém pode interpretar e entender corretamente a Bíblia. Os pré-milenistas dispensacionalistas, que rejeitam outras visões escatológicas na crença de que elas tendem à “espiritualização”2 e “alegorização”, reivindicam a distinção de serem literalistas consistentes. Um autor que sustenta que esse literalismo é um método superior de interpretação, escreve: “Sou um dispensacionalista porque o dispensacionalismo em geral entende e aplica a Escritura – particularmente a Escritura profética – de uma forma mais consistente com a abordagem normal e literal que creio ser o desígnio de Deus para a interpretação da Escritura”. 

O que se quer dizer por “literalismo” aqui? Tradicionalmente, uma hermenêutica literal refere-se ao método gramático-histórico, isto é, interpretar a Bíblia como ela se apresenta. Hoje em dia, o uso da palavra “literal” pelos dispensacionalistas tende a significar o oposto de “figurado”. Essa tendência de negar interpretações figuradas é perseguida tão agressivamente que alguns dizem que o literalismo dispensacionalista é mais apropriadamente descrito como hiper-literalismo.

A convicção de uma abordagem superior e literalista para a interpretação da Bíblia pode levar à arrogância espiritual, produzindo um sentimento de infalibilidade. Certa pessoa observou: “Sendo anteriormente um dispensacionalista, eu estava mesmerizado com a hermenêutica literal, a forma na qual interpretávamos a Bíblia. Estava satisfeito com a confiança que esse princípio de interpretação era a pedra angular de qualquer abordagem verdadeira da Escritura, e o exibia diante de todos como o fundamento do método dispensacionalista. Essa abordagem ‘literal’ produziu em mim uma letargia tranqüila a tudo o que homens do pacto poderiam me dizer. Qualquer argumento que pudessem apresentar era desarmado de antemão com argumentos tais como esse: ‘Eles não advogam uma hermenêutica literal’.” 

Esse testemunho ilustra o grave perigo que o literalismo pode ser inadvertidamente considerado como um padrão de verdade superior ao da própria Bíblia. Ao invés de permitir a Escritura interpretar a Escritura, a Palavra de Deus é coada por meio de um filtro literalista sobre a Esse testemunho ilustra o grave perigo que o literalismo pode ser inadvertidamente considerado como um padrão de verdade superior ao da própria Bíblia. Ao invés de permitir a Escritura interpretar a Escritura, a Palavra de Deus é coada por meio de um filtro literalista sobre a pressuposição teológica que Deus evitou completamente a linguagem profética figurada. 

O Novo Testamento está cheio de exemplos onde pessoas erram ao falhar em reconhecer o uso de linguagem figurada por Jesus. Quando Jesus falou do templo de seu corpo (João 2:21), os judeus erraram ao pensar no templo físico e exigiram sua morte sobre a base dessa interpretação literal equivocada (Mt. 26:61). A interpretação literal de Nicodemos levou-o a perguntar se “nascer de novo” significava “tornar a entrar no ventre de sua mãe” (João 3:4). Quando Jesus falou de “uma fonte de água que salte para a vida eterna”, a mulher samaritana errou ao desejar um gole de água literal (João 4:10-15). Esses exemplos são suficientes para demonstrar que uma interpretação literal (não figurada) pode levar a conclusões equivocadas.  

O problema para os literalistas é que ninguém é um literalista estrito quando diz respeito à interpretação da Bíblia. Além do mais, visto que ninguém é um literalista estrito, ninguém pode definir o que é realmente “literalismo consistente”. 

Aqueles que avaliam as alegações de literalistas ficam impressionados com as inconsistências gritantes desse sistema. O.T. Allis observa: “Embora os dispensacionalistas sejam literalistas extremos, eles são muito inconsistentes. Eles são literalistas na interpretação de profecias. Mas na interpretação da história, levam o princípio da interpretação tipológica [simbólica] a um extremo que raramente tem sido excedido, mesmo pelo mais ardente dos alegoristas.” Um dos antigos dispensacionalistas mais influentes, C. I. Scofield, registrou que a escritura profética deveria ser interpretada com “literalidade absoluta”, enquanto a “escritura histórica tem um significado alegórico ou espiritual.” LaRondelle identifica corretamente essa abordagem à interpretação bíblica como uma “hermenêutica dupla inconsistente e conflitante.” Tão radical é a abordagem dos literalistas que Hughes expressa “medo que o método dispensacionalista de interpretação faça violência à unidade da Escritura.” Gerstner e outros têm comentado que a hermenêutica literal não determina a teologia dispensacionalista, mas sim a teologia dispensacionalista determina sua hermenêutica e o faz de maneira inconsistente. 

Embora certos literalistas afirmem que as profecias do Antigo Testamento com respeito à primeira vinda de Cristo foram todas cumpridas literalmente, outros têm demonstrado que essa afirmação é falsa. Somente 35% de tais profecias foram cumpridas de forma literal, sendo que o restante teve cumprimentos simbólicos ou analógicos. Outras inconsistências são numerosas demais para mencionar, mas foram abundantemente documentadas por Allis, Berkhof, Bahnsen e Gentry, Cox, Crenshaw and Gunn, Fuller, Gentry, Gerstner, Grenz, Hoekema, Hughes, LaRondelle, e outros.

Essas inconsistências têm feito muitos distanciarem-se do literalismo dispensacionalistas. Vários “dispensacionalistas progressivos” têm rejeitado “como inadequada a hermenêutica literalista estrita de pensadores antigos [e] não mais aderem à distinção rígida entre Israel e a igreja, mas colocam ambos sob o único programa de Deus para o mundo…”. Outros têm rejeitado o literalismo de seus predecessores como “muito simplista”. Essa confusão sobre o literalismo tem feito os dispensacionalistas debaterem entre si, buscando uma definição, e questionando os princípios básicos do seu sistema. 

S. Lewis Johnson resumiu o problema do literalismo rígido da seguinte forma: “Falhando em examinar a metodologia dos escritores bíblicos cuidadosamente, e quase ignorando as regras e princípios limitados das pressuposições da razão humana, temos tropeçado e perdido nossos marcos ao longo do caminho em direção ao entendimento da Sagrada Escritura. Scriptura sui ipsius interpres [A Escritura é a sua própria intérprete] é o princípio fundamental da interpretação bíblica.” 


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Fonte: Credenda/Agenda, Volume 9, Nº 1.  

domingo, 9 de agosto de 2020

O Milênio (Ap. 20)



Quanto mais próximo João chega à sua conclusão, mais aparece o glorioso resultado. Em Apocalipse 20, ele olha o futuro distante (o milênio começa no século I, mas o período necessariamente requer sua extensão além do espaço de tempo do próximo/breve tempo da estrutura do livro). Na realidade, ele fornece a conseqüência do longo-duradouro, da destruição de Israel e da proteção do reino de Cristo. Mais uma vez, a limitação de espaço não permite uma análise completa desse texto interessante, assim destaquei somente algumas das características mais importantes para o ponto de vista preterista que está sujeito a debate: os “mil anos”, a prisão de Satanás, o reinado de Cristo, e as ressurreições.

Os mil anos 

Somente um lugar em toda a Escritura limita o reinado de Cristo a mil anos: Apocalipse 20.1-10, meio capítulo no livro mais figurativo na Bíblia. Como indiquei anteriormente em minha abordagem dos 144.000, o número 1.000 seguramente é uma soma simbólica que representa perfeição quantitativa. As Escrituras, com freqüência, empregam esse número de um modo não-literal: Por exemplo, Deus possui o gado apenas aos milhares nas colinas? (Sl. 50.10). O período do milênio poderia ser de fato milhares de anos, como a autoridade em hermenêutica Milton Terry discute com competência.

A prisão de Satanás 

Agora João aborda e inverte um tema anterior. Em 9.1, Satanás caiu do céu (gr. ouranos) e foi dada a chave do poço do abismo. Em 20.1, Cristo desce do céu (gr. ouranos) e trazia na mão a chave do abismo para prender Satanás e lançá-lo no abismo. 

As Escrituras informam explicitamente que Cristo prendeu Satanás durante seu ministério no século I. Em resposta às acusações que ele estava exorcizando demônios pelo poder de Satanás, o Senhor respondeu: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. Ou, como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele” (Mt. 12.28,29; NVI). A ascensão de Cristo ao Reino de Deus implicou exercer seu poder sobre o reino de Satanás (v. 26): Ele arrebatou os homens e as mulheres do controle de Satanás. Visto que ainda estamos no milênio, Cristo atualmente continua despojando a casa de Satanás, pregando o Evangelho que salva as pessoas da escuridão e as transporta para seu Reino (Cl. 1.13; v. At. 26.17,18).

Cristo prendeu Satanás para u m propósito bem definido: “para assim impedi-lo de enganar as nações” (Ap. 20.3; grifo do autor). No AT somente Israel conheceu o verdadeiro Deus (Sl. 147.19,20; Am. 3.2; Lc. 4.6; At. 14.16; 17.30). Mas a encarnação de Cristo mudou isso, conforme o Evangelho começou a fluir a todas as nações (e.g., Is. 2.2,3; 11.10; Mt. 28.19; Lc. 2.32; 24.47; At. 1.8; 13.47). Na realidade, Cristo julgou os judeus e abriu seu reino aos gentios (Mt. 8.11,12; 21.43; 23.36-38). (Observe, porém, que o NT promete em outras passagens a entrada final dos judeus no reino de Deus, encorajando-nos assim a evangelizá-los; v. At. 1.6,7; Rm. 11.11-25; 15.12).

Logo, como Cristo prendeu Satanás, o resultado é que seu poder enganoso sobre as nações está enfraquecendo, e o Evangelho avança em todo o mundo. Na realidade, a Grande Comissão necessita esse estado novo de acontecimentos. Apesar da autoridade de Satanás antes da vinda de Cristo (Lc. 4.6; Jo. 12.31; 14.30; 16.11; Ef. 2.1,2), Cristo agora declara: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações” (Mt. 28.18,19). Cristo comissionou a Paulo essa mesma tarefa: “Eu o livrarei do seu próprio povo e dos gentios, aos quais eu o envio para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At. 26.17,18). 

Por conseguinte, o NT, com freqüência e de forma veemente, fala da morte de Satanás sobre esse aspecto (v. Mt. 12.28,29; Lc. 10.18; Jo. 12.31; 16.11; 17.15; At. 26.18; Rm. 16.20; Cl. 2.15; Hb. 2.14; 1Jo. 3.8; 4.3,4; 5.18). As próprias palavras de Jesus se harmonizam bem com Apocalipse 20: “Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso [gr. ekballo] o príncipe deste mundo” (Jo. 12.31). Apocalipse 20.3 diz que Cristo “lançou” [gr. ballo] Satanás no abismo. Outros escritores do NT concordam. Paulo escreve: “... e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl. 2.15). O autor de Hebreus observou: “Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo” (Hb. 2.14). E João expressou isto desse modo: “Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (1Jo. 3.8). 

A prisão de Satanás, então, começou no século I. Cristo iniciou-a durante seu ministério (Mt. 12.24-29) e a assegurou legitimamente com sua morte e ressurreição (Lc. 10.17; Jo. 12.31,32; Cl. 2.15; Hb. 2.14,15), e “provou” isto dramaticamente no colapso do primeiro inimigo do cristianismo, o judaísmo (Mt. 23.36–24.3; 1Ts. 2.14-16; Ap. 3.9). O legado de Jerusalém é significante, visto que a resistência satânica ao reino de Cristo vem primeiramente com a perseguição dos judeus a Cristo e ao cristianismo. 

A lei de Cristo 

Os comentários anteriores já indicaram o entendimento preterista da lei de Cristo. O “domínio e reinado” do Apocalipse com Cristo demanda duas realidades espirituais importantes, e presentes. 1) Cristo estabeleceu seu reino no século I.3 Mateus 12.28,29 compara o pensamento de Apocalipse 20.1-6 claramente, porque nos dois lugares vemos a relação do reino de Cristo e a prisão de Satanás (v. acima). Realmente, o reino esteve próximo no primeiro ministério de Cristo porque “o tempo é chegado” (Mc. 1.14,15). O poder de Cristo sobre os demônios mostra a presença do reino durante seu ministério na terra (Mt. 12.28; v. 8.29; Mc. 1.24; 5.10; Lc. 8.31). Seu reino não espera alguma vinda futura, visível (Lc. 17.20,21; Cl. 1.13).  

Por conseguinte, Cristo reivindicou ser Rei quando estava na terra (Jo. 12.12-15; 18.36,37), e Deus o entronizou como Rei após sua ressurreição e ascensão (At. 2.20-36). Desde sua ressurreição, Cristo tem “toda a autoridade nos céus e na terra” (Mt. 28.18), porque ele está à destra de Deus, dominando o seu reino. Como resultado, os cristãos do século I o proclamaram Rei (Mt. 2.2; At. 17.7; Ap. 1.5), e novos convertidos entraram em seu reino (Jo. 3.3; Cl. 1.12,13; 1Ts. 2.12). 

2) A outra realidade envolve nosso governo presente com ele, em seu reino. João diz às sete igrejas do século I que Cristo “nos constituiu reino e sacerdotes para servir a seu Deus e Pai” (Ap. 1.6). Esta realeza sacerdotal presente é exatamente o que Apocalipse 20 relata do reino milenar: “Serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos” (20.6). 

Paulo menciona nosso governo presente também: “Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef. 2.6; v. 13; Cl. 3.1-4). Quaisquer respostas surpreendentes que possam surgir contra esse ponto de vista, um fato permanece: a Bíblia nos ensina que estamos agora “assentados com ele”.

As ressurreições 

Apocalipse 20 associa duas ressurreições ao reino milenar de Cristo. Uma ressurreição é espiritual e presente; a outra é física e futura. 

Apocalipse 20.4-6 menciona dois grupos que governam com Cristo e que são “felizes e santos” e que participam “da primeira ressurreição” (v. 6).5 João vê primeiro “as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus”. Essas “almas” são os santos que morreram a serviço de Cristo. Ele também vê aqueles que “não tinham adorado a besta nem sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos”. Esses são os santos vivos que atualmente vivem para Cristo na terra.  

Essa primeira ressurreição é a salvação. Observe como João, o autor do Apocalipse, registrou anteriormente a instrução de Cristo, na qual ele compara a ressurreição espiritual à salvação presente e a ressurreição física ao destino eterno: 

Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão [...] 

Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados (Jo. 5.24-29; grifo do autor). 

Na realidade, por causa da ressurreição física de Cristo, somos ressuscitados espiritualmente (Rm. 6.4-14; Ef. 2.5,6; Cl. 3.1). 

João não menciona a segunda ressurreição expressamente em Apocalipse 20. Deduzimos isso de três fatores no texto: 1) referência à “primeira ressurreição” (uma linguagem que requer uma “segunda” ressurreição); 2) o “restante dos mortos [não voltam] à vida” até após os mil anos; e 3) a cena do julgamento nos versículos 12 e 13. A segunda ressurreição é mencionada em João 5.28,29: É a ressurreição do “túmulo” (v. Jó 19.25-27; Jo. 6.38-50,54; 11.24-25; At. 24.15; Rm. 8.11; 1Ts. 4.14-17). Em Apocalipse 20.7-15, testemunhamos a Segunda Vinda e o julgamento final. Mas desde que isto é tão distante dos dias de João, ele os menciona rapidamente.

A mistura feita por João das realidades espirituais e literais aqui, quando compara a ressurreição espiritual e a ressurreição física não é sem precedentes. Por exemplo, como observei anteriormente, João registra as palavras de Cristo com respeito a comer o pão (Jo. 6.49,50), onde ele compara o alimento espiritual do corpo de Cristo com o comer literal do maná no deserto – em seguida compara a morte espiritual e a morte física: “Os seus antepassados comeram o maná no deserto, mas morreram. Todavia, aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer”. As mesmas palavras “comer” e “morrer” ocorrem em ambas declarações, mas abrangem conotações diferentes. O mesmo é verdade de “voltou a viver” em Apocalipse 20.4,5. 


Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador), Editora Vida, p. 85-90.  

 

domingo, 2 de agosto de 2020

A igreja católica não é a prostituta do apocalipse




Segundo vários teólogos, o livro do apocalipse, se refere a época de João mesmo, e 90 por cento de suas profecias já teriam sido cumpridas. Como pesquisadores das escrituras não podemos deixar de analisar e levar em consideração estes argumentos. Ainda que a Igreja Católica tenha suas falhas e tenha se corrompido com a idolatria, não podemos atribuir-lhe um oráculo bíblico se este não se refere a mesma. Existem duas vertentes teológicas vigentes que divergem muito entre si. Uma alega que a Igreja católica é a prostituta mencionada em apocalipse 17 e outra que João estaria se referindo a Jerusalém apostata de sua época. Ambas possuem fortes indícios de que estejam certas e ambas apresentam falhas em suas teorias, que iremos analisar a seguir. 

"Veio, então, um dos sete Anjos que tinham as sete taças e falou comigo: Vem, e eu te mostrarei a condenação da grande meretriz, que se assenta à beira das muitas águas" Apocalipse 17:1 

Vejamos a semelhança em Apocalipse 21. 

"Então veio um dos sete Anjos que tinham as sete taças cheias dos sete últimos flagelos e disse-me: Vem, e mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro" Apocalipse 21:9 

Um dos sete anjos mostra a Prostituta em Apocalipse 17, em Apocalipse 21 um dos setes anjos mostra a Noiva. A Noiva é a Nova Jerusalém, se a Noiva é a Nova Jerusalém, portanto a Prostituta é outra coisa a não ser a Velha Jerusalém (Apóstata)? 

"Com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição" Apocalipse 17:2 

"Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora homicidas." Isaías 1 : 21 

Vejamos alguns relatos do Antigo Testamento sobre quem contaminou a Terra. 

"E sucedeu que pela fama da sua prostituição, contaminou a terra; porque adulterou com a pedra e com a madeira" Jeremias 3:9. 

"Portanto assim diz o SENHOR dos Exércitos acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel; porque dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra" Jeremias 23:15. 

"Disse mais o SENHOR nos dias do rei Josias: Viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi a todo o monte alto, e debaixo de toda a árvore verde, e ali andou prostituindo-se. E vi que, por causa de tudo isto, por ter cometido adultério a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei a sua carta de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu" Jeremias 3:6-8.

Jerusalém 

"filho do homem, mostra a Jerusalém os seus crimes abomináveis." Ez16,2 

Jerusalém em seus tempos de rebeldia se prostituía: Segundo Jeremias 25 cita muitas nações beberam do vinho, entra elas: 

Egito, Edom, Moabe, Uz, Tiro, Sidom etc.. (Jeremias 25:19-27) 

"E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres" Apocalipse 17:3

Aqui temos uma descrição incrível, no verso 18 de Apocalipse 17 diz que mulher significa a grande cidade, portanto podemos descartar a ICAR, ja que ela não é uma cidade. O versículo diz que a mulher se assenta sobre uma Besta. Essa Besta é a mesma Besta de Apocalipse 13 e de Daniel 7: É o Império Romano. O fato de estar assentada sobre uma Besta demanda sujeição sobre a Besta, sem a Besta a mulher não poderia fazer nada. Jerusalém de fato tinha acordos com Roma e precisou de Roma para crucificar e perseguir muitos, como podemos ver:

Josefo escreve: “Parece-me ser necessário relatar todas as honras que os romanos e seus imperadores retribuíram a nossa nação, e as alianças de ajuda mútua que fizeram” (Antiquities 14.10.1,2;). 

Exemplos dos Judeus acusando aos Romanos os seguidores de Yeshua:

"Os quais Jasom recolheu; e todos estes procedem contra os decretos de César, dizendo que há outro rei, Jesus" Atos 17:7 

"E, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios" Atos 21:11 

"Sempre e em todo o lugar, ó potentíssimo Félix, com todo o agradecimento o queremos reconhecer.Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos" Atos 24:1-9 

"E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição;" Apocalipse 17:4 

Alguém se lembra das roupas sacerdotais? 

"E tomarão o ouro, e o azul, e a púrpura, e o carmesim, e o linho fino, E farão o éfode de ouro, e de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido, de obra esmerada. E o cinto de obra esmerada do seu éfode, que estará sobre ele, será da sua mesma obra, igualmente, de ouro, de azul, e de púrpura, e de carmesim, e de linho fino torcido. E tomarás duas pedras de ônix, e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel, Farás também engastes de ouro, E duas cadeiazinhas de ouro puro; de igual medida. E o encherás de pedras de engaste" Êxodo 28:1-17

Vemos fontes de Josefo: 

Josefo descreve a tapeçaria do templo cuidadosamente como “tapeçaria babilônica na qual as cores azul, púrpura, escarlate e branco foram misturadas” (Wars 5.5.4). 

Josefo descrevendo o Templo: "Agora a face externa do templo em sua frente [...] estava por toda parte coberta com pratos de ouro de grande peso, e, ao primeiro nascer do sol, refletiu um esplendor ardente, e fez aqueles que se esforçavam para olhar atentamente se voltarem em direção oposta, da mesma maneira que teriam feito aos próprios raios do sol. Mas este templo, para os que não estavam familiarizados com ele, parecia, a uma certa distância, como uma montanha coberta com neve; devido àquelas partes não douradas, que eram excessivamente brancas (Wars 5.5.6)". 

E na sua testa estava escrito o nome: "Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra." Apocalipse 17:5 

A inscrição blasfema da prostituta em sua testa dá uma imagem inversa da inscrição santa no sacerdote judeu. Na testa do sumo sacerdote lemos: “Consagrado ao SENHOR” (Êx. 28.36-38); 

"E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração". Apocalipse 17:6 

Roma estava manchada com o sangue dos santos. Porém Roma tinha entrado recentemente na categoria dos perseguidores, dos inimigos de Deus; ao longo de Atos, Jerusalém e os judeus eram os principais perseguidores. Além disso, Roma não era culpada da matança de quaisquer dos “profetas” do AT, como o fora Jerusalém. 

Em relação às autoridades de Jerusalém, Estevão pergunta: 

"Qual dos profetas que seus antepassados não perseguiram? Eles mataram aqueles que prediziam a vinda do justo, de quem agora vocês se tornaram traidores e assassinos"Atos 7:52 

Jesus disse: 

"Pelo que, esta geração será considerada responsável pelo sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do mundo: desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu lhes digo, esta geração será considerada responsável por tudo isso" Lucas 11:50-51 

"Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno? Vede, eu vos envio profetas, sábios, doutores. Matareis e crucificareis uns e açoitareis outros nas vossas sinagogas. Persegui-soleis de cidade em cidade, para que caia sobre vós todos o sangue inocente derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o templo e o altar. Em verdade vos digo: todos esses crimes pesam sobre esta raça. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta" Mt 23,33-38 

"Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada." Apocalipse 17:9

A cultura oriental a que pertence João, Jerusalém era conhecida como "a cidade das sete colinas" (Pirke de-Rabbi Eliezer, Seção 10). Estas colinas são: 

(1ª) "Escopus". 
(2ª) "Nob". 
(3ª) "o Monte da Corrupção" ou "o Monte da Ofensa" ou "o Monte da Destruição" (2Reis 23,13). 
(4ª) O original "monte Sião". 
(5ª) A colina sudoeste também chamada "Monte Sião". 
(6ª) o "Monte Ofel". 
(7ª) "A Rocha", onde foi construída a fortaleza "Antonia". 

A visão agora muda de rumo, ela foca no Império Romano. 

"E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo". Apocalipse 17:10 

5 já caíram: 
1º Augusto 
2º Tibério 
3º Calígula 
4º Cláudio 
5º Nero 

Galba (68 - 69) (não obteve reinado) Oto (69) (não obteve reinado) Vitélio (69) (não obteve reinado) 

Um existe: 
6º Vespasiano (69 - 79) (o rei que inda estava no poder quando João escreve)  

Outro ainda não veio e quando vier deve durar pouco tempo: 7º Tito (79 - 81) (o rei que duraria pouco, governou só dois anos) 

A Besta: 8ºDominiciano (81 - 96) "E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas". Apocalipse 17:15 

De fato, em Jerusalém habitavam pessoas de todas as nações. Principalmente nas festas (Pentecostes). Além do Oriente Médio ser um grande centro comercial da época. E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. Atos 2:5 "E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo". Apocalipse 17:16

Ficaria complicado o Império Romano destruir sua capital Roma, porém foi o Império Romano que destruiu Jerusalém e seu Templo foi queimado. 

"E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra". Apocalipse 17:18 Vejamos as pistas sobre quem é a grande cidade: 

"E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado". Apocalipse 11:8 

Jesus foi crucificado em Roma? Não, em jerusalém 

"E ponham-se guardas dos moradores de Jerusalém, cada um na sua guarda, e cada um diante da sua casa. E era a cidade larga de espaço, e grande, porém pouco povo havia dentro dela; e ainda as casas não estavam edificadas" Neemias 7:3-4 

Mais um exemplo: 

"E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira". Apocalipse 16:19 

Interessante notar que durante a guerra Judaica três facções dividiram Jerusalém. "E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra". Apocalipse 17:5 

A inscrição blasfema da prostituta em sua testa dá uma imagem inversa da inscrição santa no sacerdote judeu. Na testa do sumo sacerdote lemos: “Consagrado ao SENHOR” (Êx. 28.36-38); 

"Por isso foram retiradas as chuvas, e não houve chuva serôdia; mas tu tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha". Jeremias 3:3 

Um versículo anterior também retrata: "Levanta os teus olhos aos altos, e vê: onde não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim poluíste a terra com as tuas fornicações e com a tua malícia". Jeremias 3:2 


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Estudo original do site preterismo:




domingo, 26 de julho de 2020

Os Erros do Dispensacionalismo




O dispensacionalismo – uma vez conhecido como Darbyismo devido a John Nelson Darby (1800-1882), o fundador tanto do dispensacionalismo como dos Irmãos [ou Irmãos de Plymouth] – é o mais sério dos erros com respeito ao milênio. Ele não é apenas certo ensino sobre o milênio e o futuro, mas é também um sistema teológico errôneo. 

O nome dispensacionalismo vem do fato que a teoria divide a história em diferentes “dispensações”, em cada uma das quais Deus tem uma relação pactual diferente com os homens, que termina com a falha deles em cumprir os requerimentos de Deus. Estamos agora, de acordo com o dispensacionalismo clássico de Darby, na “era da igreja”, ou dispensação da graça, com somente mais uma dispensação porvir, a saber, a dispensação do reino.

Alguns dos erros do dispensacionalismo que já tratamos são os seus ensinos com respeito ao arrebatamento secreto, pré-milenar e prétribulacional e as múltiplas vindas de Cristo. 

Outros ensinos do dispensacionalismo que explicaremos mais tarde são sua crença em múltiplas ressurreições e julgamentos e sua interpretação literalista da Escritura, especialmente Apocalipse 20.  

Mais alguns erros flagrantes do dispensacionalismo tem a ver com seu uso incorreto da Escritura: 

Primeiro, o dispensacionalismo é um método falho de interpretar a Escritura. O resultado deste método é que todo o Antigo Testamento e algumas partes do Novo Testamento são aplicados aos judeus e nos é dito não haver nenhuma aplicação aos cristãos do Novo Testamento, exceto talvez como um objeto de curiosidade. As notas da Bíblia de Estudo Scofield ensinam, por exemplo, que o Sermão do Monte não é cristão, mas judeu. Contra isto, a Escritura ensina que toda Escritura é proveitosa (e aplicável) aos cristãos do Novo Testamento (João 10:35; 2Timóteo 3:16,17). Porque o dispensacionalismo nega isto, ele tem sido acusado de dividir erroneamente a Palavra da verdade, embora alegue o oposto. 

Segundo, o dispensacionalismo segue um literalismo estrito, que, como um escritor aponta, é realmente o literalismo dos fariseus, que não viram e não podiam ver que Cristo era um Rei espiritual, e assim, o crucificaram. Este literalismo estrito (embora inconsistentemente aplicado) e a sua oposição ao que os dispensacionalistas chamam de “espiritualização” também são contrários à Escritura (1Coríntios 2:12-15). Em muitas passagens a própria Escritura “espiritualiza” as coisas do Antigo Testamento, de maneira notável 1Pedro 2:5-9 e todo o livro de Hebreus. Devemos dizer que, embora a Escritura deva ser interpretada cuidadosa e sobriamente, há coisas que não podem ser tomadas literalmente, tal como a pedrinha branca de Apocalipse 2:17. 

É a oposição do dispensacionalismo à espiritualização que leva à sua negação do reino celestial e espiritual de Cristo. É a visão errônea das Escrituras adotada pelo dispensacionalismo que é a raiz de todos os seus erros. 


Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 299-300.  

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto 

domingo, 19 de julho de 2020

Teoria do Duplo Cumprimento da Profecia




É óbvio que a maioria das profecias de Daniel já foram cumpridas. A maioria dos futuristas e historicistas prontamente admitem isso, mas não fazem as aplicações históricas a todos os reinos e governantes da história antiga como eu fiz.2 Em vez disso, o que eles fazem é tomar as passagens mais obscuras e aplicá-las a eventos na Idade Média ou do futuro. Isso é algumas vezes chamado de: “A Teoria do Duplo Cumprimento”. 

Será que profecias podem operar em diferentes níveis? Uma profecia pode falar num nível sobre coisas que estavam por acontecer no tempo de vida do profeta, mas em outro nível nos falar hoje sobre coisas que ainda hão de acontecer? Existe tal coisa como um “duplo cumprimento” para as profecias em Daniel, Mateus 24 e Apocalipse? 

Devemos crer que todos os detalhes de Daniel, do sermão no Monte das Oliveiras e de Apocalipse ocorrem duas vezes? Dois rolos com seis selos? Duas bestas? Dois grupos de 144.000? Dois Armagedons? Dois Milênios? Poderíamos continuar citando mais e mais. 

Se você adota uma visão de duplo cumprimento, você está fazendo isso sobre a base de influência teológica, e não mediante métodos sadios de interpretação.


Fonte: In the Days of these Kings.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
 

domingo, 12 de julho de 2020

2 Tessalonicenses 2.3-10




Em 40 d.C., o Imperador Calígula ordenou que sua estátua fosse instalada no templo de Jerusalém. Todo o mundo judeu reagiu a isto com horror. Todavia, antes de sua ordem ter sido colocada em prática, Calígula foi assassinado. Em 52-53 d.C., Paulo escreveu suas cartas aos Tessalonicenses. Ora, em 2 Tessalonicenses 2.3-10, o apóstolo afirma:

Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas? E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.

De acordo com Caird, Paulo tinham em mente o episódio de Calígula ao escrever tais palavras. O apóstolo viu na loucura de Calígula a insanidade e malignidade de um Estado ímpio. O pecado essencial e original do homem é ser um deus, conhecendo ou determinando para si mesmo o bem e o mal (Gênesis 3.5). Esse pecado primordial, que é o pecado em sua essência, se manifesta não apenas no homem, mas nas instituições humanas. Durante a maior parte da história, o Estado tem sido a principal instituição e, portanto, também a principal manifestação em forma coletiva do pecado original do homem. Por conseguinte, o Estado se apresentou diversas vezes como o salvador e deus do homem.

Warfield, comentando o texto paulino, chama atenção para a falácia das visões escatológicas populares. O grande fato acerca de toda profecia — e 2 Tessalonicenses 2.3-10 é uma profecia — é que seu propósito é ético ou moral. A profecia não busca satisfazer nossa curiosidade, mas nos fortalecer moralmente. A “vinda” do Senhor a fim de destruir o homem da iniquidade não é necessariamente, e muito menos neste caso específico, sua vinda em pessoa (a vinda no fim dos tempos), mas sua vinda em julgamento (vinda do fim de um período). De semelhante modo, nem a revelação nem a destruição do homem do pecado devem ser vistas como um evento do fim dos tempos. O homem da iniquidade se refere a alguém num futuro próximo ao de Paulo e dos tessalonicenses. Warfield considerava o homem da iniquidade como “a linha de imperadores, tomada como a encarnação do poder persecutório”. Por sua vez, o poder restringente (“aquilo que o detém”) era o estado judeu, cuja existência forneceu certa proteção aos cristãos, na medida em que Roma lhes concedeu, como uma “seita judaica”, a mesma imunidade com relação à jurisdição romana que a fé judaica possuía. Finalmente, nessa linha de interpretação, a apostasia é evidentemente a grande apostasia dos judeus, acumulando progressivamente ao longo dos anos e apressando, assim, sua destruição.

O apóstolo Paulo viu, portanto, uma íntima ligação entre o tentador e seu plano primitivo — o pecado original — e o estadismo fora de Cristo. Em Cristo, o Estado é o instrumento de Deus para o cumprimento da justiça. O Estado fora de Cristo é o instrumento de Satanás para a consecução de seu plano de substituir a vontade do Criador pela vontade da criatura. Por essa razão, é impossível para nós, cristãos, sermos indiferentes à teologia do Estado.



Rousas John Rushdoony Publicado originalmente em inglês sob o título Christianity and the State pela Chalcedon/Ross House Books, Vallecito, CA, 95251, EUA. Todos os direitos em língua portuguesa reservados por EDITORA MONERGISMO
Caixa Postal 2416
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Telefone: (61) 8116-7481 — Site: www.editoramonergismo.com.br
edição, 2016
Tradução: Fabrício Tavares de Moraes
Revisão: Felipe Sabino de Araújo Neto 
pg. 123-127

domingo, 5 de julho de 2020

Vindo Sobre as Nuvens



Vimos que o discurso de Cristo sobre o Monte das Oliveiras, registrado em Mateus 24, Marcos 14 e Lucas 21, trata com o “o fim” – não do mundo, mas de Jerusalém e do templo; ele tem referência exclusiva aos “últimos dias” da era do Antigo Pacto. Jesus falou claramente dos seus próprios contemporâneos quando disse que “esta geração” veria “todas estas coisas”. A “Grande Tribulação” ocorreu durante o terrível tempo de sofrimento, guerra, fome e assassinato em massa que culminou na destruição do Templo no ano 70 d.C. O que parece ser um problema para esta interpretação, contudo, é o que Jesus diz a seguir: 

Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus (Mateus 24:29-31). 
Jesus parecia estar dizendo que a segunda vinda ocorreria imediatamente após a tribulação. Por acaso a segunda vinda ocorreu em 70 d.C.? Nós a perdemos? Primeiro, vamos esclarecer uma coisa desde o princípio: é impossível evitar a palavra imediatamente. 2 Ela significa imediatamente. Reconhecendo que a tribulação ocorreu durante a geração que então vivia, devemos encarar também o claro ensino da Escritura que, não importa sobre o que Jesus esteja falando nestes versículos, isso ocorreu imediatamente depois. Em outras palavras, estes versículos descrevem o que aconteceu no final da tribulação – que forma o seu clímax. 

Para entender o significado das expressões de Jesus nesta passagem, precisamos entender o Antigo Testamento muito mais que a maioria das pessoas de hoje entendem. Jesus estava falando a uma audiência que era intimamente familiar com os detalhes mais obscuros da literatura do Antigo Testamento. Eles tinham ouvido o Antigo Testamento lido e exposto inúmeras vezes em suas vidas, e tinham memorizado longas passagens. O conjunto de figuras bíblicas e formas de expressão tinham formado sua cultura, ambiente e vocabulário desde a tenra infância, e isto por várias gerações. 

O fato é que, quando Jesus falou aos seus discípulos sobre a queda de Jerusalém, ele usou vocabulário profético. Havia uma “linguagem” de profecia, instantaneamente reconhecível àqueles familiarizados com o Antigo Testamento. À medida que Jesus predizia o fim completo do sistema do Antigo Pacto – que foi, num sentido, o fim de um mundo todo – ele falou dele como qualquer outro profeta teria feito, com a linguagem comovente do juízo pactual. Consideraremos cada elemento nesta profecia, vendo como seu uso nos profetas do Antigo Testamento determinou seu significado no contexto do discurso de Jesus sobre a queda de Jerusalém. Lembremos que nosso padrão último de verdade é a Bíblia, e a Bíblia somente.  

O Sol, a Lua e as Estrelas 

No final da tribulação, disse Jesus, o universo entraria em colapso: a luz do sol e da lua seriam extintas, as estrelas cairiam, os poderes do céu seriam abalados. A base para este simbolismo está em Gênesis 1:14-16, onde é dito que o sol, a luz e as estrelas (“os poderes dos céus”) são os “sinais” que “governam” o mundo. Mais tarde na Escritura, essas luzes celestiais são usadas para falar das autoridades e governos terrenos; e quando Deus ameaça vir contra eles em julgamento, a mesma terminologia do universo em colapso é usada para descrever isso. Profetizando a queda de Babilônia diante dos medos em 539 a.C., Isaías escreveu: 

Eis que vem o Dia do SENHOR, dia cruel, com ira e ardente furor, para converter a terra em assolação e dela destruir os pecadores. Porque as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará resplandecer a sua luz. (Isaías 13:9-10).
Significantemente, Isaías mais tarde profetizou a queda de Edom em termos de des-criação: 

Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e a folha da figueira. (Isaías 34:4). 

O profeta Amós, contemporâneo de Isaías, profetizou a ruína de Samaria (722 a.C.) duma maneira muito similar: 

Sucederá que, naquele dia, diz o SENHOR Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia e entenebrecerei a terra em dia claro. (Amós 8:9). 

Outro exemplo é do profeta Ezequiel, que predisse a destruição do Egito. Deus disse através de Ezequiel: 

Quando eu te extinguir, cobrirei os céus e farei enegrecer as suas estrelas; encobrirei o sol com uma nuvem, e a lua não resplandecerá a sua luz. Por tua causa, vestirei de preto todos os brilhantes luminares do céu e trarei trevas sobre o teu país, diz o SENHOR Deus. (Ezequiel 32:7-8).
Deve ser enfatizado que nenhum desses eventos ocorreu literalmente. Deus não pretendia que alguém interpretasse estas declarações literalmente. Poeticamente, contudo, todas estas coisas aconteceram: com respeito às nações ímpias, “as luzes de apagaram”. Isso é simplesmente linguagem figurada, que não nos surpreenderia se fôssemos mais familiarizados com a Bíblia e seu caráter literário. 

O que Jesus está dizendo em Mateus 24, portanto, em terminologia profética imediatamente reconhecida pelos seus discípulos, é que a luz de Israel seria extinta; a nação do pacto cessaria de existir. Quando a tribulação terminar, o antigo Israel terá desaparecido.

O Sinal do Filho do Homem 

As traduções mais modernas de Mateus 24:30 são mais ou menos assim: “E então o sinal do Filho do Homem aparecerá no firmamento...”. Esta é uma tradução incorreta, baseada não no texto grego, mas nas suposições equivocadas dos tradutores sobre o assunto desta passagem (pensando que ela está falando sobre a segunda vinda). Uma tradução palavra por palavra do texto grego seria assim: 

E então aparecerá o sinal do Filho do Homem no céu... 

Como podemos ver, duas diferenças importantes aparecem na tradução correta: primeiro, a localização indicada é o céu, e não apenas o firmamento; segundo, não é o sinal que está no céu, mas o Filho do Homem. O ponto é simplesmente que este grande julgamento sobre Israel, a destruição de Jerusalém e do Templo, seria o sinal que Jesus Cristo está entronizado no céu à destra de Deus, governando as nações e vingando-se dos seus inimigos. O cataclismo divinamente ordenado do ano 70 d.C. revelou que Cristo tinha tirado o Reino de Israel e dado à Igreja; a desolação do antigo Templo foi o sinal final de que Deus o havia abandonado e estava agora habitando num novo Templo, a Igreja. Estes são todos aspectos do primeiro advento de Cristo, partes cruciais da obra que ele veio realizar por sua morte, ressurreição e ascensão ao trono. Este é o porquê a Bíblia fala do derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja e a destruição de Israel como sendo o mesmo evento, pois estavam intimamente unidos teologicamente. O profeta Joel predisse tanto o Dia de Pentecoste como a destruição de Jerusalém duma só vez: 

E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar. (Joel 2:28-32).

Como veremos num capítulo posterior, a interpretação inspirada de São Pedro deste texto em Atos 2 determina o fato que Joel está falando do período desde o derramamento inicial do Espírito até a destruição de Jerusalém, desde o Pentecoste até o Holocausto. É suficiente para nós observarmos aqui que a mesma linguagem de julgamento é usada nesta passagem. A interpretação sensacionalista comum de que “colunas de fumaça” são os cogumelos das explosões nucleares é uma distorção radical do texto, e um mau entendimento completo da linguagem profética da Bíblia. Isso faria tanto sentido quanto dizer que a coluna de fogo e fumaça durante o Êxodo foi resultado de uma explosão atômica. 

As Nuvens do Céu 

Isso, apropriadamente, nos leva ao próximo elemento na profecia de Jesus sobre a destruição de Jerusalém: “e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (RC). A palavra tribos aqui tem referência primária às tribos da terra de Israel; e é provável que a “lamentação” tenha dois sentidos. Primeiro, eles lamentariam com dor o sofrimento e a perda da sua terra; segundo, num dia no futuro, eles lamentariam em arrependimento por seus pecados, quando fossem convertidos da sua apostasia (veja Romanos 11).  

Mas como eles veriam a Cristo vindo sobre as nuvens? Este é um símbolo importante do poder e da glória de Deus, usado por toda a Bíblia. Por exemplo, pense na “coluna de fogo e nuvem” por meio da qual Deus salvou os israelitas e destruiu seus inimigos na libertação do Egito (veja Êxodo 13:21-22; 14:19-31; 19:16-19). De fato, por todo o Novo Testamento Deus estava vindo “nas nuvens”, salvando o seu povo e destruindo os seus inimigos: “Pões nas águas o vigamento da tua morada, tomas as nuvens por teu carro e voas nas asas do vento” (Salmos 104:3). Quando Isaías profetizou do julgamento de Deus sobre o Egito, ele escreveu: “Sentença contra o Egito. Eis que o SENHOR, cavalgando uma nuvem ligeira, vem ao Egito; os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá dentro deles” (Isaías 19:1). O profeta Naum falou similarmente da destruição de Nínive por Deus: “O SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:3). A vinda de Deus “sobre as nuvens do céu” é um símbolo bíblico muito comum para sua presença, julgamento e salvação.

Mais significativo, contudo, é o fato que Jesus está se referindo a um evento específico associado com a destruição de Jerusalém e o fim do Antigo Pacto. Ele falou dele novamente no seu julgamento, quando o sumo sacerdote lhe perguntou se ele era o Cristo, ao que Jesus respondeu: 

Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo Poderoso e vindo com as nuvens do céu (Marcos 14:62; cf. Mateus 26:64).  

Obviamente, Jesus não estava se referindo a um evento milhares de anos no futuro. Ele estava falando de algo que seus contemporâneos – “esta geração” – veriam em seu tempo de vida. A Bíblia nos diz exatamente quando Jesus veio com as nuvens do céu: 

Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos (Atos 1:9). 

De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus (Marcos 16:19). 

Foi esse evento, a Ascensão à destra de Deus, que Daniel previu: 

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído. (Daniel 7:13-14). 

A destruição de Jerusalém foi o sinal que o Filho do Homem, o Segundo Adão, estava no céu, governando o mundo e dispondo-o aos seus próprios propósitos. Em sua ascensão, ele tinha vindo sobre as nuvens do céu para receber o Reino do seu Pai; a destruição de Jerusalém foi a revelação desse fato. Em Mateus 24, portanto, Jesus não estava profetizando que ele viria literalmente sobre as nuvens no ano 70 d.C. (embora isso fosse figurativamente verdade). Sua literal “vinda sobre as nuvens”, em cumprimento de Daniel 7, aconteceu em 30 d.C., no começo da “última geração”. Mas em 70 d.C. as tribos de Israel veriam a destruição da nação como o resultado de ele ter ascendido ao trono do céu, para receber seu Reino.

A Reunião dos Eleitos 

Finalmente, Jesus anunciou que o resultado da destruição de Jerusalém seria o envio dos seus “anjos” para ajuntar os eleitos. Não é isto o arrebatamento? Não. A palavra anjos significa simplesmente mensageiros (cf. Tiago 2:25), a despeito da sua origem ser celestial ou terrena; é o contexto que determina se estes mencionados são criaturas celestiais ou não. A palavra frequentemente significa pregadores do Evangelho (veja Mateus 11:10; Lucas 7:24; 9:52; Apocalipse 1-3). No contexto, há toda razão para assumir que Jesus está falando do evangelismo mundial e da conversão das nações que ocorreriam após a destruição de Israel. 

O uso que Cristo faz da palavra ajuntar é significante neste sentido. A palavra, literalmente, é um verbo que significa sinagogar; o significado é que, com a destruição do Templo e do sistema do Antigo Pacto, o Senhor envia seus mensageiros para reunir seu povo eleito em sua Nova Sinagoga. Jesus está na verdade citando Moisés, que tinha prometido: “Ainda que os teus desterrados estejam para a extremidade dos céus, desde aí te sinagorará o SENHOR, teu Deus, e te tomará de lá” (Deuteronômio 30:4, Septuaginta). Nem um dos textos tem algo a ver com o arrebatamento; ambos estão preocupados com a restauração e estabelecimento da Casa de Deus, a congregação organizada do seu povo pactual. Isto se torna ainda mais enfático quando lembramos o que Jesus disse antes deste discurso: 

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu sinagogar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. (Mateus 23:37-38). 

Porque Jerusalém tinha apostado e recusado ser “sinagogada” por Cristo, seu Templo seria destruído, e uma Nova Sinagoga e Templo seriam formados: a Igreja. O Novo Templo foi criado, certamente, no Dia de Pentecoste, quando o Espírito veio habitar a Igreja. Mas o fato da existência do novo Templo seria evidente somente quando o Antigo Templo e o sistema do Antigo Pacto fossem tirados. As congregações cristãs começaram imediatamente a se chamarem de “sinagogas” (que é a palavra usada em Tiago 2:2), enquanto chamavam as reuniões dos judeus de “sinagogas de Satanás” (Apocalipse 2:9; 3:9). Todavia, eles anelavam o Dia do Juízo sobre Jerusalém e o Antigo Templo, quando a Igreja seria revelada como o verdadeiro Templo e Sinagoga de Deus. Porque o sistema do Antigo Pacto era “antiquado” e estava “prestes a desaparecer” (Hebreus 8:13), o escritor aos Hebreus instou-os a que tivessem esperança, “não deixemos de sinagogar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10:25; cf. 2 Tessalonicenses 2:1-2). 

A promessa do Antigo Testamento de que Deus “sinagogaria” seu povo experimentou uma mudança importante no Novo Testamento. Em vez da forma simples da palavra, o termo usado por Jesus tem uma preposição grega epi como prefixo. Esta é uma expressão predileta do Novo Pacto, que intensifica a palavra original. O que Jesus está dizendo, portanto, é que a destruição do Templo no ano 70 d.C. o revelaria como tendo vindo com as nuvens para receber seu Reino; e demonstraria sua Igreja diante do mundo como a super-Sinagoga, completa e verdadeira.


Fonte: Capítulo 2 do excelente livro The Great Tribulation, de David Chilton. 
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto