google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-7873333098207459, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Escatologia Reformada : Teorias sobre a Volta de Cristo

sábado, 17 de agosto de 2019

Teorias sobre a Volta de Cristo



Entretanto, apesar destas profecias claras, o assunto da volta pessoal, gloriosa e visível de Cristo é um assunto de controvérsia, que se deve mais especialmente à influência da alta crítica. Em meu livro The Last Days according to Jesus (Os Últimos Dias segundo Jesus), ofereço um resumo das teorias críticas que surgiram juntamente com o ataque ímpar contra a confiabilidade dos documentos do Novo Testamento e o ensino de Jesus. 17 Por exemplo, Albert Schweitzer, em sua busca do Jesus histórico, afirmou que Jesus esperava que a consumação do reino ocorresse em seu tempo de vida, razão por que enviou os 70 discípulos em sua missão (Lc 10) e ficou desapontado quando a consumação não aconteceu. De acordo com Schweitzer, na mente de Jesus, o momento crucial para a vinda do reino seria provavelmente a sua entrada em Jerusalém, e quando o reino não chegou, Jesus se permitiu ser levado à cruz. Seu clamor subsequente: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46), indica a desilusão de Jesus.

Outros eruditos têm argumentado que os escritores do Novo Testamento e o próprio Jesus esperavam e ensinavam a volta pessoal de Jesus dentro do tempo de vida da primeira geração de cristãos. Porque isso não aconteceu, eles dizem, podemos descartar seguramente os documentos do Novo Testamento como confiáveis e entender Jesus apenas como um modelo de amor. Em resposta a esta teoria crítica, C. H. Dodd falou de “escatologia realizada”, significando que todas as profecias do Novo Testamento sobre o futuro e sobre a volta de Cristo se cumpriram de fato no século I. No que diz respeito a certas declarações feitas por Jesus, como “alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino” (Mt 16.28), Dodd afirmou que Jesus estava se referindo não à sua volta futura, e sim a manifestações visíveis de sua glória que aconteceram na transfiguração, na ressurreição e na ascensão.

O texto mais contestado está no discurso do monte da Oliveiras, especialmente a versão escrita no evangelho de Mateus, em que Jesus descreveu eventos futuros, incluindo a destruição do templo e de Jerusalém, bem como a sua volta. Os discípulos de Jesus lhe pediram: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século” (Mt 24.3). Em resposta direta à indagação dos discípulos, Jesus disse: “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça” (v. 34). Parece que Jesus estava dizendo claramente que estas coisas aconteceriam no período de tempo de uma única geração humana, que, em termos judaicos, era aproximadamente 40 anos. Se a crucificação de Cristo aconteceu por volta de 30 AD, poder-se-ia esperar o cumprimento da profecia por volta de 70 AD, que é a data da destruição do templo e a queda de Jerusalém para os romanos.

Os críticos argumentam que, embora o templo tenha sido destruído e a cidade, capturada, Jesus não voltou, o que o torna um falso profeta. Entretanto, nada prova mais claramente a identidade e a integridade de Jesus Cristo do que estas profecias específicas. Os eventos que ele predisse eram totalmente inconcebíveis para os judeus, os quais imaginavam que o templo e a cidade santa eram indestrutíveis. Mas Jesus predisse especificamente estes eventos antes de acontecerem. É irônico que o próprio texto que parece funcionar como prova irrefutável da confiabilidade de Cristo e dos documentos bíblicos tenha se tornado o texto que os críticos usaram para rejeitar a confiabilidade do Novo Testamento e da integridade de Jesus.

No que diz respeito a este texto, os evangélicos dizem que geração no discurso do monte das Oliveiras não se refere a um período de vida ou a um tempo específico, mas a um tipo de pessoa. Em outras palavras, geração neste contexto significa que o mesmo tipo de pessoa que vivia em Jerusalém no tempo de Jesus viverá lá no tempo de todos estes eventos futuros. Essa é uma interpretação possível do texto, mas uma interpretação improvável, porque a palavra geração é usada consistentemente nos evangelhos com referência especial a um grupo específico de pessoas.

Outros argumentam que “tudo isto” incluía apenas os primeiros dois elementos, a destruição do templo e de Jerusalém. O preterismo pleno ensina que Jesus retornou realmente em 70 AD, e todas as profecias futuras sobre a vinda de Cristo aconteceram invisivelmente quando ele executou seu julgamento em Jerusalém. Preteristas plenos argumentam que a linguagem bíblica de profecia faz uso frequente da figura de catástrofe. No Antigo Testamento, por exemplo, os profetas descreveram o derramamento da justiça de Deus sobre cidades ímpias usando a figura da lua se tornando em sangue (Jl 2.31). E o mesmo tipo de linguagem é usado a respeito da volta de Jesus (Mt 24.2). Preteristas plenos creem que Jesus veio em julgamento sobre a nação judaica em 70 AD e que isso foi o fim do judaísmo. Isso foi o último julgamento. Foi o fim não da história e sim da era judaica, mas foi o começo da era dos gentios.

O problema do preterismo pleno é que há no Novo Testamento outros textos que indicam que temos toda razão para esperarmos um retorno visível, pessoal e futuro de Jesus. Contudo, acho que o preterismo parcial tem de ser encarado com seriedade – que um evento significativo aconteceu realmente em 70 AD. Estou convencido de que no discurso do monte das Oliveiras, Jesus estava realmente falando de seu julgamento vindouro sobre Israel, mas não acho que ele se referia à consumação final de seu reino.

Em última análise, não se sabe com certeza quando Jesus voltará. No entanto, nós, como o povo de Deus, temos uma bendita esperança e toda a razão para crermos na integridade das palavras de Jesus. Suas promessas são infalíveis, e aguardamos seu retorno pessoal, visível e glorioso.


Somos todos teólogos: uma introdução à teologia sistemática / R. C. Sproul ; [tradução: Francisco Wellington Ferreira]. – São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. p 347-349


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